Pilotos tentam manter tradição de títulos

São Paulo – Ter um piloto campeão na Fórmula 1 passou a ser apenas um sonho para os brasileiros depois da morte de Ayrton Senna. Em outras categorias do automobilismo mundial, porém, há mais de duas décadas que todo ano tem título para o Brasil. E nesta temporada, a tradição certamente será honrada.

Quatro representantes do País estão perto do título, com amplas chances de fazerem a festa: Tony Kanaan, na Indy Racing League (IRL); Nelsinho Piquet, na F-3 Inglesa; Thiago Medeiros, na Infiniti Pro Series; e João Paulo de Oliveira, na F-3 Japonesa. Deles, o mais rodado é Kanaan, de 29 anos, que já está em uma das principais categorias do automobilismo. Os outros são jovens pilotos que tentam fazer das categorias de acesso um trampolim para o sucesso. Mas os quatro têm algo em comum: são pouco reconhecidos no Brasil.

Tony Kanaan, o mais conhecido deles, está muito próximo de se tornar o primeiro brasileiro campeão da IRL. E por antecipação. A duas corridas do fim da temporada, tem 75 pontos de vantagem sobre o inglês Dan Wheldon, seu companheiro na Andretti-Green. Com um quarto lugar no domingo, dia 3 de outubro, no oval de Fontana, liquida a fatura, evitando levar a decisão para o Texas, última etapa – abrirá no mínimo 54 pontos para Wheldon e não poderá mais ser alcançado. Algo fácil para um piloto que normalmente chega entre os cinco primeiros de um GP.

Campeão da Indy Light em 1997 – coincidentemente em Fontana -, Tony, uma pessoa sempre otimista e de alto-astral, só fica triste ao ter de admitir que seu título não terá muita repercussão no Brasil.

A chateação de Tony passa longe de Nelsinho Piquet. Por conta do sobrenome famoso, ele não terá problema para ser reconhecido no Brasil – e no mundo. No entanto, isso não é algo que o preocupa, principalmente num momento em que tem de se concentrar na conquista do título da F-3 Inglesa.

Nelsinho tem 36 pontos a mais que Adam Carroll. Assim, basta chegar à frente do irlandês nas duas rodadas finais do campeonato, dias 2 e 3 de outubro, para ser campeão, passo importante para quem quer chegar à F1. “Quero ganhar não porque meu pai foi campeão ou porque há grande expectativa sobre mim, e sim para ser o melhor e provar que tenho capacidade de guiar um carro de Fórmula 1 e ser campeão também lá??, decidiu o piloto, de 18 anos.

Situações opostas

Nelsinho ainda tem de brigar pelo título, algo que o paulista Thiago Medeiros, na prática, não precisa na Infiniti Pro Series, categoria de acesso à IRL. Com cinco vitórias no ano em dez etapas e resultados consistentes, ele chega à última corrida, sábado em Fontana, com 95 pontos de vantagem sobre o americano Paul Dana. Precisa aumentar a diferença para 101. Como o 22.º colocado de uma corrida ganha seis pontos e só largam 20… “Eu só preciso alinhar o carro no grid, mas por uma questão de ética não posso dizer que sou campeão??, afirma.

Mas Thiago já é campeão e espera que o título lhe abra as portas para a IRL em 2005 -o piloto não admite, mas já fez um teste com a Patrick Racing. “Eu não penso na F1. Aqui (nos EUA) dá para fazer uma carreira consistente e de sucesso.??

Tão desconhecido quanto Thiago em nível nacional, apesar do bom desempenho fora do País – no ano passado, por exemplo, foi campeão da F-3 Alemã, ganhando 13 das 16 corridas -, João Paulo de Oliveira também pode terminar o ano campeão.

Só que sua missão da F-3 Japonesa não é das mais fáceis: há quatro rodadas do encerramento do campeonato, tem 10 pontos a menos que o italiano Ronnie Quintarelli.

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