São Paulo – Pelé condenou ontem o favoritismo da seleção brasileira na Copa de 2006. Recomendou pés no chão, lembrando que toda vez que o Brasil partiu para o Mundial como favorito não conquistou a taça. ?Cada vez que uma seleção chega como favorita para ganhar a Copa, sempre termina em desastre?, disse o ex-jogador, em São Paulo, no lançamento do Museu do Futebol Brasileiro.
Pelé ressaltou que todo mundo sabe do poder da seleção brasileira, mas insistiu que isso pode ser extremamente perigoso. ?Que o Brasil tem o melhor time, ninguém pode contestar. Mas ninguém também pode achar que será fácil ser campeão na Alemanha?, avisou.
Pelé recorreu à Copa de 1966 para reforçar sua tese. Naquele Mundial disputado na Inglaterra, a seleção brasileira desembarcou como a grande favorita. Vinha do bicampeonato com o primeiro título na Suécia, em 1958, e o segundo no Chile, em 1962 e foi eliminada na primeira fase.
Outro exemplo que Pelé usou foi a Copa de 1982, na Espanha. ?Tínhamos uma grande seleção. Jogava o futebol-arte, mas caiu nas quartas-de-final, eliminada pela Itália.?
Para reforçar sua opinião, Pelé ainda lembrou do último Mundial, em 2002, na Coréia do Sul e no Japão, em que o Brasil saiu desacreditado e voltou com a taça. ?Agora, somos pentacampeões, conquistamos a Copa América e a Copa das Confederações. Temos os melhores jogadores, mas é preciso ter os pés no chão.?
O Museu do Futebol, que terá o Estádio do Pacaembu como sede, contará com um acervo de imagens, documentos, peças e troféus, que contam toda a história do futebol no Brasil de Charles Miller a Robinho.
O museu deve ser concluído em dois anos.
Ontem foi assinado o termo de cooperação entre a Prefeitura de SP e a Fundação Roberto Marinho, com apoio da CBF e TV Globo. Está previsto investimento de R$ 25 milhões no museu.
Peixe
Pelé também criticou as decisões da diretoria do Santos, que, segundo ele, anda tendo várias atitudes erradas. Domingo no Pacaembu, o Peixe foi goleado pelo Corinthians por 7 a 1.
?O Gallo tinha o conhecimento do elenco e acho que foi precipitado trocar de técnico. O Nelsinho (Baptista) chegou sem conhecer ninguém. Muitas mudanças foram erradas e eu cheguei a dizer isso pro Marcelo (Teixeira, presidente do clube)?.
A dispensa de quatro jogadores (Bóvio, Flávio, Léo Lima e Diego) na semana passada também gerou desconforto. ?Foi um erro.
Mas não foi por isso que o time perdeu ontem?, completou Pelé.