“Pelé Eterno” é o fim das discussões sobre o craque

São Paulo – Cessa tudo quanto é discussão. Talvez o objetivo central de Pelé Eterno, que estréia sexta-feira em todo o Brasil, não seja esse de provar mais uma vez que ele é maior que Maradona ou qualquer outro que se queira, mas de qualquer modo ele foi atingido. Foi atingido por uma saraivada de chutes, dribles, cabeceios, passes, chapéus e, claro, gols, quase quatro centenas de gols feitos de todas as formas, com exceção das formas feias.

Na pré-estréia do filme de Anibal Massaini, domingo à noite, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, a união de vigor e arte que Pelé deu ao esporte mais popular do mundo empolgou todos os espectadores, desde antigos companheiros do craque (Gilmar, Clodoaldo, Lima, Paulo César Caju) até jogadores atuais (Edu, do Arsenal e da seleção), passando por políticos (como José Serra e Aloizio Mercadante) e jornalistas. E reforçou o que na verdade todo o mundo já sabe: se Pelé não existisse, o futebol o teria inventado.

Pelé, vulgo Edson Arantes do Nascimento, estava lá e, no breve discurso de abertura, se referiu ao filme como um “compacto”, pois ele ganhará versões mais longas em DVD e exibições na TV. E de fato Pelé Eterno teve de enfrentar esse desafio: como resumir uma carreira de números tão astronômicos e jogadas tão (estas sim) galáticas?

Com 2h05 de duração, o documentário cumpre a promessa e serve tanto ao jovem que nunca viu Pelé jogar como ao coroa saudoso daqueles anos dourados do futebol local. Provavelmente um quinto dos lances exibidos no filme é inédito para a ampla maioria dos espectadores.

Massaini, ciente de que seu trunfo não seria outro, fez a coisa certa: deu aos registros históricos o primeiro plano do filme. Não pense que são apenas gols. A grande qualidade de Pelé Eterno é mostrar o quanto o atleta do século era completo em termos técnicos, táticos e físicos e, ao mesmo tempo, um gênio da improvisação, da imprevisibilidade tão mais possível por causa daquela completude. Massaini serve o banquete de modo direto.

O ponto alto é um conjunto de seqüências por assim dizer “temáticas”: uma seqüência de gols de cabeça, outra de dribles pelo meio das pernas, outra de arranques, outra de matadas no peito, etc., etc. Não havia recurso do futebol que Pelé não dominasse. Ele fazia à perfeição tudo que o passado inventara – bicicletas, vaselinas, chaleiras – e ainda fazia o novo. Lances posteriores, de Zico a Ronaldo, de Cruyff a Zidane, são antecipados ali.

Outro ponto alto são os lances em que Pelé não fez o gol, acertando a trave ou errando o alvo, ou então passou a bola para o companheiro (Coutinho, Jairzinho, etc.) concluir.

O filme atinge seu objetivo maior: divulgar de forma definitiva a obra do maior artista da bola.

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