Análise

Paraná tem muito a aprender com o Londrina na Série B

No confronto direto, o Tricolor levou a melhor. Mas, no geral, Londrina vem atropelando o Paraná, dentro e fora de campo. Foto: Albari Rosa

De um lado, o Paraná, que está disputando pelo nono ano consecutivo a Série B e nesta temporada luta para não ser rebaixado. Do outro, o Londrina, que em 2014 estava na Série D e dois anos depois se torna um sério candidato ao acesso. Na semana em que o Tricolor derrotou o Tubarão por 2×1 na Vila Capanema, surgiu a discussão de quem seria a terceira força do Estado. O resultado no confronto direto fez os paranistas enlouquecerem com a hipótese de ficar atrás do Alviceleste. Mas as campanhas mostram uma diferença de realidade enorme.

Quando a Série B começou, o Londrina colocava como objetivo se manter na segunda divisão. Para isto, precisava ganhar dos concorrentes diretos. Não só fez isso, como foi beliscando um ou outro ponto contra clubes cotados a subir e também somando vitórias importantes fora de casa. Quando viu, estava na porta do G4 e, agora que entrou, não quer mais sair.

Já o Paraná fez justamente o contrário. Sempre que se inicia uma temporada nova, os problemas financeiros são usados como justificativa para o fiasco no ano anterior, mas sempre com o discurso de que desta vez o acesso pode ser realidade. Em 2016, o Tricolor ‘abriu mão’ do Campeonato Paranaense, para se preparar para a Série B. À medida que os tropeços foram acontecendo, a cobrança foi aumentando.

Sabendo da sua realidade, o Tubarão não fez loucuras. Teve seus momentos ruins ao longo das 29 rodadas, mas continuou com o planejamento, que já vem de anos, e manteve, por exemplo, o técnico Cláudio Tencati. O clube paranista logo na oitava rodada já jogou fora tudo que fez no primeiro semestre e demitiu Claudinei Oliveira, que foi quem praticamente montou o elenco.

Estruturado como clube, o LEC não deu um passo maior que a perna. Ganhou o Campeonato Paranaense em 2014 e ano após ano foi conseguindo os acessos sempre dentro do esperado. O Paraná, na ânsia e no desespero de voltar à Série A acaba sempre se atropelando e não admite entrar na Série B apenas para ‘cumprir tabela’. Sente vergonha por não ter condições de brigar fortemente pelo acesso e acaba iludindo o torcedor, fazendo com que essa necessidade de voltar logo para a elite se volte contra ele.

A pressão no Paraná é maior que no Londrina? Pelo passado dos dois clubes, sim. Mas se fizesse como o rival, e aceitasse a realidade, poderia já ter voltado à primeira divisão sem tanta cobrança, tanto interna quanto externa.

Até mesmo em campo isso é visível. Os jogadores do Tubarão sabem aquilo que o treinador quer. Se não é um time de tanta qualidade, ao menos é organizado. Com tantas trocas de técnicos e até mesmo de formação tática, após 29 rodadas o Tricolor ainda não encontrou um padrão de jogo. Tanto que não encaixou e vem caindo de produção no momento mais importante do torneio.

Em nove anos de Série B, chega um novo treinador (Roberto Fernandes) e pede espírito desta competição ao grupo. Se nove anos e 29 rodadas depois esse espírito não veio, é porque é preciso aprender muita coisa com o vizinho que recém-chegou, se sentiu em casa no torneio e pode no final da temporada, se despedir rumo ao lugar tão sonhado pelo paranista.