Só por milagre?

Paraná Clube enfrenta crise dentro e fora do campo

Não bastassem os já batidos problemas financeiros, o Paraná Clube agora vive também um momento de dificuldade técnica. Após duas derrotas seguidas e ocupando a zona do Torneio da Morte, o Tricolor tem sete rodadas para mudar essa história e, novamente, buscar uma posição confortável entre os oito primeiros colocados do Campeonato Paranaense. Na prática, teria que repetir a performance do ano passado, quando também largou mal, mas reagiu e fechou a fase classificatória em primeiro lugar. Um cenário ruim, diante da eterna crise de identidade que o clube vive há anos.

Na semana passada – logo após o desabafo do gerente de futebol Marcus Vinícius -, o presidente Rubens Bohlen chegou a destacar a força da camisa paranista, mas admitiu que o clube vencedor dos anos 90 já não existe mais. “O clube se acomodou em meia dúzia de títulos estaduais e em campanhas medianas no Brasileiro”, disse. Passados nove anos do último título, o Paraná coleciona insucessos e alguns vexames no cenário doméstico. O rebaixamento, em 2011, era visto como o ‘fundo do poço’, mas desde então a transformação do clube foi nula. Os mesmos problemas de anos passados continuam existindo, agora potencializados.

Invariavelmente, o Tricolor começava a temporada com discurso ‘pés no chão’, aventurava-se no início do Brasileiro e, depois, caia na mesmice dos clubes endividados. Normalmente entre julho e agosto tinha início o cansativo chororô dos salários atrasados e da falta de recursos para bancar salários muito acima do poder de captação financeira do Paraná. Desta vez, porém, a crise se escancarou muito mais cedo. Assim que a primeira folha venceu, no início de fevereiro, a situação caótica já foi apresentada, sem rodeios, ao sofrido torcedor paranista. Desta vez num tom mais contundente, quando Marcus Vinícius disse que, se nada for feito, o clube ‘acaba este ano’.

Naquele momento, simbolizando os funcionários mais humildes do Paraná, o gerente de futebol deu uma cartada final nos dirigentes, que não conseguiram apresentar nenhuma solução eficaz para um problema já crônico. Um estado de crise perene que mais uma vez vai respingando na equipe. Apesar de visível fragilidade em determinados setores, o Tricolor nem mesmo com uma espinha dorsal experiente – formada por Marcos, Cleiton, Ricardo Conceição e Lúcio Flávio – conseguiu os resultados necessários para ao menos afastar o clube das últimas  posições.

No próximo domingo, o Paraná terá pela frente sua primeira viagem e um duelo com o atual vice-campeão Maringá. Um jogo ‘de seis pontos’, já que o Zebrão também largou mal e está com uma campanha similar à do Tricolor. No ano passado, em igual período, o Paraná havia vencido uma (2×0, no Cianorte) e perdido três, para Maringá (1×0), Coritiba (2×0) e J. Malucelli (1×0). A partir daí, a reação veio com duas vitórias seguidas e sete jogos de invencibilidade.

Na prática, tomando-se por base o que ocorreu na temporada passada, o Paraná terá que vencer quatro dos sete jogos que tem pela frente para se garantir nas quartas-de-final.

Torcida tricolor se mobiliza

Mais uma vez a torcida está se mobilizando para arrancar o Paraná do fundo do poço. A Associação dos Patronos e Amigos da Gralha Azul, organização civil sem fins lucrativos, criada para ajudar o clube a partir de arrecadações voluntárias, pretende colaborar com o pagamento dos salários atrasados de jogadores e funcionários.

Na semana passada, o grupo disponibilizou uma conta corrente para que os torcedores depositem valores a serem doados ao Tricolor. A intenção é que os depósitos sejam feitos durante todo o ano para ajudar a aliviar o caixa tricolor.

No entanto, o objetivo principal será ajudar os funcionários, que, no caso de alguns, estão há se,te meses sem receber salários. A ação também será destinada àqueles que recebem menos, no caso até dois salários mínimos (R$ 1.576).

Esta não é a primeira vez que a associação ajuda o Paraná. A reforma que permitiu a instalação do túnel inflável que liga os vestiários ao gramado da Vila Capanema teve doação de R$ 6 mil do grupo.

A diretoria tricolor prefere não revelar o valor da dívida atual do clube. Mas segundo estimativa, o valor é de aproximadamente R$ 52 milhões, montante correspondente a um terço do patrimônio do clube. Segundo o presidente Rubens Bohlen, esta proporção corresponde ao rombo no Tricolor.

Incentivo

O ex-jogador Renan Ceschin, que atuou no Paraná entre 2006 e 2007, entrou na campanha da Associação dos Patronos e Amigos da Gralha. Pelo Facebook, ele anunciou que depositou R$ 100 na conta criada pelo grupo de torcedores paranistas.

Serviço

Quem quiser colaborar com doações para a quitação dos salários atrasados, pode realizar depósitos em agências do Banco Bradesco:

Agência: 1398-6 Conta corrente: 6595-1.

Mais informações estão no site da Associação dos Patronos e Amigos da Gralha Azul: www.patronosgralhaazul.com.br