Trairagem pura

#Chateado! Fernando Diniz não esconde decepção com o Tricolor

Ontem, um dia após ter sido demitido do Paraná, o técnico Fernando Diniz concedeu uma entrevista coletiva onde, sem papas na língua, criticou a postura da diretoria do clube e disse ter sido traído com o desligamento. “É uma decepção gigantesca. A decepção foi pela traição. Não esperava. Em nenhum momento teve uma conversa comigo minimamente neste sentido (de insatisfação com o trabalho). Acho que fui traído”, desabafou ele.

Diniz fez questão de destacar que foi pego de surpresa com a decisão e que a escolha da demissão foi exclusivamente por parte do clube.
“A saída não foi em comum acordo. Fui demitido. Jamais esperaria que sairia agora, fui pego de surpresa. Foi impactante negativamente, frustrante, uma decepção muito grande ter saído desse jeito, porque acho que o trabalho foi muito bem realizado. Ficou uma coisa no ar, foi uma coisa superficial. Não tem base na realidade pra ter sido feita. A decepção é com a diretoria como um todo. Já falei para eles. Estou profundamente magoado”, reforçou o agora ex-comandante paranista.

Apoio à diretoria

A decepção do treinador se deve muito também pelo fato de sempre ter apoiado a atual diretoria, inclusive comemorando a vitória da chapa nas eleições da semana passada. Após a derrota para o Atlético-GO, no sábado, Diniz disse que não tinha queixas da diretoria, que sempre o apoiou.

“Joguei muito de coração aberto, quando me posicionei acharam estranho, mas gosto de guardar posição. Vim para cá por causa da instituição, mas também por causa de quem estava no comando. A chance que a gente tinha de avançar mais na Série B era se todo mundo estivesse imbuído em um só objetivo. Mas pelo que aconteceu, hoje penso que havia um racha entre a diretoria e mim”, lamentou.

Técnico nega atrito com o elenco

Um dos motivos que poderia ter levado à demissão de Fernando Diniz foi a forma como ele cobrava e tratava os jogadores. Enquanto quem estava de fora via isso como negativo, o técnico acredita que era algo positivo para o grupo. “Minha forma de cobrar é algo que impacta um pouco no início, mas é sempre a favor do jogador. É um dos elementos mais importantes para que o jogador avance. Quando saio e vou montar times muitos jogadores querem vir comigo”, explicou.

Sobre as brigas com Rafael Carioca e Jean, ele ressaltou que tudo foi esclarecido. “O maior desgaste foi com o Carioca. Uma coisa mais quente. Mas foi um grande aprendizado para ele e para mim. Selamos nossa paz com um abraço caloroso. Inclusive indiquei ele para o Flamengo, pois sou muito amigo do Oswaldo Oliveira. Depois teve o problema com o Jean. Teve talvez uma infantilidade dele se expressar na internet, mas a saída dele foi algo tático e técnico, nada pessoal”, ressaltou o treinador, que negou ter um elenco rachado nas mãos.

“Falar que o grupo estava rachado é uma coisa absolutamente mentirosa. Um ou outro jogador descontente tem em qualquer time. Aqui talvez também tivesse. Mas o grupo para funcionar tem de ser unido, porque o sistema tático exige. Os jogadores aderiram muito rápido nossa ideia de jogo. Tivemos reuniões de caráter emocional significativas para os jogadores se expressarem. Foi um trabalho muito bonito, extraordinário. A despedida que tive deles foi emocionante”, completou.

Outro ponto abordado foi o fato de o Tricolor estar longe da briga pelo acesso para a Série A. Durante todo o tempo, Diniz afirmou que ainda acreditava no G4 e mesmo depois da demissão não mudou de opinião. “Pelo que a equipe produzia era questão de tempo para engatarmos cinco, seis vitórias seguidas. Essa é uma situação que me acompanhou em toda a carreira, de uma hora engrenar essa sequência. Tenho dados reais da minha carreira de acessos muito mais difíceis do que esse agora”, disse ele

Atlético

Agora livre no mercado, Fernando Diniz poderia seguir o caminho de Claudinei Oliveira, que no ano passado trocou o Paraná pelo Atlético. O nome do treinador, inclusive, foi especulado na Arena da Baixada, mas ele garante que não foi procurado por ninguém do Furacão, embora saiba que é bem quisto por lá. Tanto que foi convidado algumas vezes para trabalhar na Ferroviária-SP, parceira do Rubro-Negro e, que, por indicação atleticana, contratou no ano passado Milton Mendes. “Não fui procurado. Já tive convites para dirigir a Ferroviária, que é um braço do Atlético. Sei que algumas pessoas do Atlético gostam de mim. Mas hoje não tem absolutamente nada”, afirmou ele.