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Analista diz que Tricolor tá quebrado; presidente reage

O balanço financeiro de 2015 do Paraná Clube mostra números otimistas. O Tricolor passou de um deficit de R$ 76 milhões, em 2014, para um superávit de R$ 7,8 milhões, no ano passado. No entanto, os valores geraram divergência de opinião entre o especialista em marketing e gestão esportiva, Amir Somoggi, que analisa os balanços dos principais clubes do país, e o presidente paranista, Leonardo Oliveira. Enquanto o primeiro vê um cenário mais sombrio para o clube, o segundo aposta que a gestão mais eficaz irá trazer bons frutos no futuro na Vila Capanema.

“O Paraná vive uma situação trágica, os números financeiros são os piores possíveis”, disparou Sommogi, apontando como principais pontos negativos a dívida de cerca de R$ 100 milhões do clube e a dificuldade de gerar receita para pagar essa quantia.

“A dívida vem sendo negociada e é completamente reversível. Só nesse ano tivemos uma redução de cerca de R$ 40 milhões graças a negociações, redução de custos e a participação no Profut (programa do governo federal para o refinanciamento de dívidas fiscais)”, rebateu Oliveira.

Nessa redução de custos, por exemplo, estão os salários com o departamento de futebol, que diminuíram de R$ 9,3 milhões para cerca de R$ 5 milhões no ano passado. Algo que preocupa Somoggi. “O fato de gastar menos, faz com que o clube tenha menos chances de subir para a Série A”, acredita o especialista.

“Eu discordo completamente disso. A dívida é grande justamente porque se gastava mais do que se arrecadava. Com uma gestão mais consciente, chegamos a uma semifinal de Estadual depois de oito anos e teríamos chegado na final se a regra fosse a mesma da Copa do Brasil”, argumentou o presidente.

“Ano passado, times com orçamento menor, como o América-MG, subiram para a Série A e o Bahia não. Futebol não é uma ciência exata. Em 2013, quando quase conseguimos o acesso, eu não estava tão confiante como nesse ano porque agora a organização é maior”, afirmou o dirigente.

Superávit

O superávit de R$ 7,8 milhões registrado no final do ano, segudo Somoggi, é o resultado da reversão de provisões de contingências. Ou seja, significa que clube esperava gastar mais com algumas pendências judiciais, mas isso não se concretizou.

Três acordos ajudam a explicar o número. O primeiro, com a empresa Systema, do empresário Léo Rabello, em que uma dívida de R$ 27 milhões foi transformada em R$ 4,5 milhões. O segundo acordo ocorreu com o Ministério Público do Paraná, que cobrava R$ 7 milhões do clube referente ao acúmulo de multas diárias pelo uso do estádio Pinheirão sem condições de segurança. O valor será compensado em ações sociais. O terceiro tenta reverter uma multa de R$ 30 milhões do Banco Central pelo não pagamento de impostos na década de 90. Com a participação no Profut, o clube espera reverter esse valor para cerca de 10% disso, o equivalente a R$ 3 milhões.

Social puxa para baixo

O setor social tem puxado as contas paranistas para baixo, já que acumulou um prejuízo de R$ 3,5 milhões em 2015. O número ainda é melhor do que em 2014, quando o prejuízo foi de R$ 9,5 milhões. Já a parte do futebol teve um lucro de R$ 11,3 milhões.