Paraná vira o jogo e humilha o Flamengo

Foi um massacre! Depois deste domingo, provavelmente a equipe do Flamengo não queira voltar nunca mais para disputar jogos de campeonato brasileiro na capital paranaense. A trágica mini-excursão flamenguista por Curitiba, que começou no domingo passado, terminou ontem com uma humilhante e histórica goleada por 6 a 2, sofrida diante do Paraná Clube, no Estádio Pinheirão.

O resultado, além de reposicionar a equipe paranista entre as cinco melhores da competição, agora com 18 pontos, aumentou ainda mais a superioridade do clube paranaense sobre o Flamengo em confrontos pelo Brasileirão. São nove jogos, com sete vitórias paranistas, um empate e uma única derrota. Isso sem falar na invencibilidade cada vez mais sólida do Tricolor nas partidas disputadas em casa.

O iníco do jogo dava a falsa impressão que seria uma partida equilibrada. Mesmo desfalcado de jogadores importantes, como Edílson e Athirson, o Flamengo tinha um maior domínio no setor do meio-campo, principalmente através de jogadas articuladas pelos meias Felipe e Ígor. Já no ataque rubro-negro, Fernando Baiano incomodava e, através dele, o Flamengo quase chegou ao gol. Logo aos cinco minutos, após uma falha do zagueiro Ageu, a bola sobrou limpa para o avante flamenguista que avançou em direção a Flávio e rolou pra trás, mas a zaga tricolor salvou na hora certa.

O Paraná respondia, mas sem muita qualidade. O Flamengo jogava melhor e, aos 18 minutos, a bola foi rolada pelo lado esquerdo do ataque flamenguista até Fernando Baiano, no meio da área. Ele se livrou de Ageu e acabou derrubado pelo zagueiro tricolor. Pênalti indiscutível que Felipe cobrou e Flávio fez uma excelente defesa. No lance que originou a penalidade, Ageu levou o terceiro amarelo e está supenso para o compromisso do Paraná contra o Paysandu, domingo que vem, em Belém.

O Paraná seguia mal no jogo e, aos 25 minutos do primeiro tempo, o Flamengo não desperdiçou a nova chance. A bola veio cruzada da esquerda, a zaga paranista bobeou e o zagueiro André Bahia ajeitou de cabeça para Fabiano Eller abrir o placar. O gol adversário acordou o Paraná, que resolveu ir pra cima. A pressão surtiu efeito e, aos 30 minutos, Caio cobrou escanteio na cabeça do zagueiro Cristiano Ávalos, que empatou a partida. A virada tricolor veio ainda na primeira etapa. Aos 42 minutos, Ageu mandou a bomba numa falta da entrada da área e Júlio César aceitou. Foi um “peru” do goleiro carioca, como ele mesmo reconheceu no intervalo. “O chute foi forte, mas era uma bola defensável”, comentou.

Rolo compressor

O que dizer do segundo tempo? O técnico do Flamengo, Nelsinho Batista, na maior das boas intenções, resolveu colocar mais um atacante – Zé Carlos no lugar de Jônatas – para buscar o empate. Mas com menos de um minuto, mais precisamente aos 40 segundos da etapa final, viu seu plano ir por água abaixo com o terceiro gol paranista. Num cruzamento de Caio pela direita, Flávio Guilherme se antecipou ao zagueiro e cabeceou para o fundo das redes de Júlio César.

Aí o Paraná sobrou em campo. Aos 10 minutos Marquinhos, que já era o maestro paranista na partida, marcou um golaço. Ele avançou da intermediária, tabelou com Renaldo e deu um belo arremate que Júlio César, mais um vez, nem viu onde entrou. Seis minutos depois, o que era bom ficou ainda melhor. Parecia um replay do terceiro gol paranista. A bola veio novamente cruzada pela direita e, desta vez, Marquinhos se antecipou e marcou o quinto gol do Paraná na partida.

O show do Tricolor continuava. A galera nas arquibancadas gritava “olé” e o time paranaense aterrorizava a zaga adversária, principalmente através do trio Marquinhos, Caio e Renaldo. O técnico Nelsinho, do Flamengo, mexeu de novo na sua equipe e colocou de uma vez só dois jogadores bastante conhecidos do torcedor paranaense – o meia Paulo Miranda e o atacante Fernando Diniz. A mudança em parte acabou dando resultado. Após um belo lançamento de Felipe, Fernando Diniz cruzou da esquerda e Paulo Miranda marcou um belo gol, que acabou recebendo os “aplausos” debochados do torcedor tricolor.

Mas se enganou quem pensou que o martírio rubro-negro havia acabado. Já nos acréscimos, o meia Caio – que já vinha fazendo por merecer – acertou um petardo de esquerda, de fora da área, e decretou a histórica goleada sobre o Flamengo. Final: 6 a 2 e mais um vexame rubro-negro em Curitiba. Júlio César que o diga.

Estréia com o “Pezão” direito

Melhor impossível. A estréia do técnico Adílson “Pezão” Batista no comando do Tricolor marcou também a vitória mais expressiva do Paraná em jogos válidos por nacionais. O técnico, que é também o mais jovem do Brasileirão, confirmou que estava otimista e acreditava numa vitória sobre o Flamengo, mas não imaginava a goleada histórica. “Jogando em casa a gente esperava uma vitória, mas nunca um placar tão elástico”, disse.

O novo treinador paranista também fez questão de lembrar o belo trabalho deixado pelo seu antecessor, Cuca. “Isso tem realmente que ser lembrado. O Cuca fez um excelente trabalho no Paraná e essa goleada é resultado direto disso”. Um detalhe que também chamou a atenção foi que, uma semana antes, Adílson conversou com Nelsinho Batista sobre esquemas táticos. “Eu não sabia que seria o treinador do Paraná e após o jogo de ontem o Nelsinho brincou comigo dizendo: Você sabia né?”, relatou.

O treinador desmentiu à Tribuna, as especulações sobre sua possível ida para o Grêmio, que deve perder Tite para o São Paulo. “Mas já? Eu acabei de chegar e posso assegurar que ainda não fui procurado.”

Resposta

Outro que teve dia especial foi Marquinhos. O jogador teve uma passagem pelo Flamengo e não foi aproveitado. Questionado se sua atuação na partida deste domingo teve um sabor de vingança sobre o clube que não lhe deu valor, Marquinhos procurou contemporizar. “O jogo foi especial pra mim porque fiz gol e não por causa de vingança sobre o Flamengo. Tenho amigos lá e o momento é de trabalhar para estar sempre bem.”

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