Paraná passa pelo Paysandu e começa a pensar alto

No embalo da sua torcida – que lotou o Pinheirão -, o Paraná Clube fez mais uma vítima no Brasileirão. Com um segundo tempo perfeito, o Tricolor despachou o Paysandu (2×0) e completou sua 16.ª vitória na competição, subiu para a 6.ª colocação e praticamente carimbou passaporte para a Copa Sul-Americana. De quebra, Borges levou a melhor no duelo com Róbson e com o 19.º gol segue firme no encalço do atacante do Paysandu, que ontem passou em branco.

Assim que a bola rolou, nem parecia que do outro lado estava um dos mais sérios candidatos ao rebaixamento. Com uma marcação implacável e boa movimentação de seus meias, o Paysandu encarou o Tricolor de frente e teve chances para abrir o placar. Mesmo não jogando mal, o time de Luiz Carlos Barbieri não repetia a praticidade do jogo anterior, quando detonou o Inter. Maicosuel e Sandro erravam passes e nem eles, nem o atacante Borges conseguiam levar a melhor em jogadas individuais.

A situação só não se complicou de vez porque Flávio fez uma grande defesa em arremate de Gian, aos 20 minutos. Pouco depois, o Paraná perderia o zagueiro Neguete. Ao tentar um cabeceio, ele se chocou com Váldson e deixou o estádio direto para o hospital. Barbieri arriscou tudo com a troca do sistema tático, colocando na vaga do zagueiro o atacante Fernando Gaúcho. Não funcionou. Como os jogadores de criação estavam muito avançados, o Paraná ficou num 4-2-4, refém de ligações diretas e sem nenhuma infiltração.

Flávio e Daniel Marques impediram que o Tricolor fosse para o vestiário em desvantagem. O intervalo foi suficiente para que Barbieri arrumasse o time. Com a entrada de Beto no lugar de Maicosuel, o Paraná voltou organizado e ocupando os espaços. Precisou de apenas 6 minutos para espantar a zebra e começar a construir mais uma vitória no Brasileiro. E o primeiro gol veio com o capitão Marcos, jogador mais regular da equipe e ponto de sustentação do sistema defensivo do time.

Neto levantou da direita e o zagueiro apareceu livre, na segunda trave, para cabecear no canto esquerdo de Fávaro: 1×0. O gol aliviou a tensão e a partir daí só deu Paraná. O segundo gol era questão de tempo e Borges não decepcionou os mais de 20 mil paranistas. Recebeu de Neto, aos 17 minutos, livrou-se da marcação e mandou a bola no ângulo esquerdo: 2×0.

A partir daí, com o jogo sob controle, o Paraná visivelmente economizou energias (o desgaste era perceptível pela seqüência de jogo). Mas, diante do desespero do time paraense, o Tricolor esteve a pique de ampliar e só não o fez porque Sandro e Fernando Gaúcho mostraram uma total falta de inspiração. Com 57 pontos, o clube parte agora no encalço do Palmeiras, numa série de cinco jogos decisivos, e ainda administrando – mesmo que de forma tímida – o sonho de Libertadores.

Barbieri acredita que dá pra ir mais longe

?Quero mais.? De forma direta o técnico Luiz Carlos Barbieri mostrou sua ambição, ainda acreditando na conquista de posições nesta reta final do Brasileiro. Para o treinador, a vitória foi conseqüência da atitude do time na fase final. ?Cobrei dos atletas no intervalo, pois sabia que eles podiam dar muito mais. O primeiro tempo foi ruim?, frisou. Barbieri corrigiu o time com a troca de Maicosuel, que havia sido destaque no jogo anterior.

?É preciso ter calma com ele?, avisou. ?Ainda é um garoto e sentiu o jogo diante da torcida, que veio em grande número?. Beto, na avaliação do treinador, deu o equilíbrio ao meio-de-campo, permitindo que os atacantes recebessem as bolas em melhores condições. ?Temos muitos garotos no time. Essas oscilações são normais. O próprio Sandro, hoje, não conseguiu encaixar o seu drible, que é um dos seus pontos fortes?, comentou, no vestiário.

Para o técnico, a Sul-Americana ainda não está assegurada. ?Estamos perto, mas não é hora de relaxar. Muito pelo contrário. Se o caminho está aberto, vamos seguir por ele até onde for possível.? Barbieri, na verdade, ainda acredita na possibilidade de terminar o ano na 4.ª colocação do Brasileiro, por mais que a vitória do Goiás, ontem, tenha reduzido significativamente as chances do Tricolor. ?Numa rodada, subimos duas posições. É manter o foco e os pés no chão, que podemos ganhar mais uma posição na próxima rodada.?

Os jogadores assinam embaixo. Para Borges – que segue firme na briga pela artilharia, apenas dois gols atrás de Róbson -, o Paraná tem tudo para fechar o ano entre os seis primeiros. ?A Libertadores ficou distante, mas podemos ficar em 5.º ou em 6.º, o que seria uma ótima colocação?, frisou. Borges tem mais cinco jogos para superar Róbson. Para ele, o artilheiro da temporada deve fechar o campeonato com 23 gols. ?Faltam quatro e tenho cinco jogos?, avisou.

Neguete foi ?nocauteado?

Um tremendo susto. O zagueiro Neguete chegou a perder a consciência por alguns segundos, após um choque de cabeça com Váldson, do Paysandu. O lance ocorreu aos 28 minutos do primeiro tempo e o jogador foi direto para o Hospital Evangélico, onde permanece internado. ?Os exames não apresentaram nada de mais grave?, comentou o médico Mothy Domit, que acompanhou o jogador.

Neguete ficou aos cuidados do neurologista Samir Bark e se submeteu a radiografia e tomografia computadorizada. ?A princípio, houve apenas a concussão cerebral. Mas, como a batida foi forte e o hematoma é muito grande, ele vai ficar em observação por um período de até quatro dias?, explicou Domit. O médico do clube antecipou que pelo menos dos dois próximos jogos – contra Botafogo e Santos – o zagueiro está fora. ?Em casos assim, o prazo de recuperação gira em torno de três semanas. Vamos ver como ele reage.?

A ausência de Neguete não fará Barbieri mudar de esquema. Ele já antecipou a manutenção do 3-5-2, já que a lesão de Daniel Marques não foi grave (apenas um trauma na perna). ?Tenho o João Paulo que vem treinando bem e vem entrando no time ocasionalmente?, analisou o treinador. Barbieri só não deve recorrer a Aderaldo, que foi ?barrado? por deficiência técnica e terá que provar nos treinos que merece ter nova oportunidade no time.

CAMPEONATO BRASILEIRO
37ª rodada
Local: Pinheirão (Curitiba).
Árbitro: Wilson de Souza Mendonça (Fifa-PE).
Assistentes: Luciano José Coelho Cruz (PE) e José Pedro Wanderlei da Silva (PE).
Renda: R$ 62.500,00.
Público: 21.185 pagantes (23.635).
Gols: Marcos a 6° e Borges a 17° do 2º tempo.
Cartões amarelos: Daniel Marques e Pierre (Paraná). Váldson, Vanderson e Marabá (Paysandu).

PARANÁ CLUBE 2×0 PAYSANDU

PARANÁ
Flávio; Daniel Marques (João Paulo), Marcos e Neguete (Fernando Gaúcho); Neto, Pierre, Mário César, Maicosuel (Beto) e Edinho; Sandro e Borges. Técnico: Luiz Carlos Barbieri.

PAYSANDU
Alexandre Fávaro; Jamur (Ademílson), Marquinhos, Váldson e Cléber; Vanderson, Marabá, Rodrigo e Gian (Luís Augusto); Róbson e Rafael Moura (Zé Augusto). Técnico: Carlos Alberto Torres.

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