Paraná Clube se inspira em Raikkonen

?Time bom é aquele que o torcedor sabe na ponta da língua.? E o técnico Saulo de Freitas acredita que está no caminho certo, definindo uma equipe-base para a reta final do Brasileirão. Jogando contra os números, o treinador tenta se agarrar nas reduzidas chances de permanência na Série A para motivar o elenco do Paraná Clube. ?O Raikkonen tinha só 8% de chances e chegou ao título?, lembrou o treinador paranista.

O exemplo da Fórmula 1 foi utilizado também pelo psicólogo Gilberto Gaertner na conversa com os atletas. Segundo os matemáticos especializados, o Paraná tem de 5% (Oswald de Souza) a 7% (Tristão Garcia) de chances de sobrevivência.

?O futebol reserva surpresas, reviravoltas?, disse Saulo. Após duas semanas à frente do grupo, o treinador vê reação e um crescimento físico e técnico dos atletas.

Saulo de Freitas, no entanto, admite que o quadro atual não lhe permite esperar boas atuações. ?Agora, temos é que vencer. Jogando bem ou mal, pouco importa?, avisou. O treinador confirmou a manutenção do meio-de-campo que atuou frente ao Palmeiras, com Jumar e Robson. ?Os dois foram muito bem e merecem continuar no time?, disse Saulo, lembrando que antes de sua chegada ambos estavam treinando ?atrás do gol? e sequer eram relacionados para o banco de reservas.

A volta de Paulo Rodrigues à lateral esquerda foi a única alteração confirmada por Saulo, diante da ausência de Márcio Careca, suspenso. Mas o treinador ainda espera os treinos da semana para definir o companheiro de Josiel, no ataque. Vandinho, liberado pelo departamento médico, disputa a posição com Jefferson. ?São estilos de jogo distintos. Vou analisar durante os treinos qual a melhor opção para enfrentar o Internacional?, finalizou o comandante paranista.

Sérgio Junqueira acusa até ex-presidentes

Foto: Valquir Aureliano

Aurival Correia diz que tudo está dentro da lei e que os documentos estão disponíveis para quem quiser conferir.

Único foco de oposição – ao menos até o momento – no Paraná Clube, Sérgio Junqueira fez duras críticas à atual gestão do clube e também à omissão de ex-presidentes e líderes dos demais conselhos. Em entrevista à BandNews, Junqueira atirou para todos os lados. Garante que sua postura ?investigativa?, questionando ações dos dirigentes, o colocaram numa situação difícil dentro do Tricolor.

Mesmo tendo tomando conhecimento apenas de parte das denúncias, o presidente em exercício, Aurival Correia, desafiou Junqueira a apresentar provas e comentou sobre alguns pontos citados ao longo da entrevista. Ex-ouvidor do clube – hoje, o cargo é ocupado por um trio formado por José Altamir Pizzatto, Gilberto Molenda e Walter Simões ? Sérgio Junqueira há tempos se posicionou como oposição à administração José Carlos de Miranda.

?Foram eles que me levaram a isso. Quando comecei a questionar algumas situações, me rotularam de oposição e eu assumi a posição?, disse Junqueira. Na última eleição, foi candidato contra Miranda, mas não superou os 25% dos votos. Junqueira acusou a diretoria de, num passado recente, ter deixado a Vila Capanema de lado para perder a ação para a Rede Ferroviária Federal. Disse ainda que há tempos sabia de irregularidades nas transações encabeçadas por Miranda, mas que Aurival Correia foi encarregado de impedir que avançasse nas negociações.

?Nunca tive acesso aos documentos. Aliás, todos os presidentes estão envolvidos em negócios duvidosos, tanto que vários documentos do passado foram queimados?, disparou. Aurival Correia nega e rebateu as críticas com estilo. ?Tenho muito orgulho do que fiz ao longo dos últimos anos. Por isso, os documentos estão disponíveis para quem quiser ver?, disse o presidente em exercício e candidato da situação ao pleito do próximo dia 7 de novembro. ?O Junqueira só fez uma coisa pelo clube: organizou a relação de todos os processos que havia contra o Paraná?, provocou.

Correia fala com orgulho dos mais de noventa processos negociados e pagos ao longo dos quase quatro anos em que atuou na administração do Paraná. ?Falar, é fácil. Mas quero ver pegar no osso?, disse Correia. ?Quando assumimos, o clube vivia uma situação delicada. Hoje, vive um quadro financeiro-administrativo tranqüilo?, afirmou. Junqueira citou ainda que a atual diretoria estaria se desfazendo de parte do patrimônio, como as sub-sedes Guaratuba e Quatro Barras. ?Estamos negociando com as prefeituras uma redução no IPTU dessas áreas. Fui pessoalmente às prefeituras. São denúncias vagas, sem sustentação?, finalizou Correia.

?É um destemperado?

Acusado de omissão por Sérgio Junqueira, o presidente do conselho deliberativo, Luís Carlos de Souza, rotulou o ex-ouvidor do Paraná de ?destemperado?. Não crê que as denúncias tenham fim ?eleitoreiros?, por mais que boatos dêem conta que Junqueira estaria organizando uma chapa de oposição. ?Não creio que ele consiga montar uma chapa consistente?, disparou Souza.

O presidente do conselhão considerou absurda a tentativa de implicação do deliberativo em supostas irregularidades. ?Primeiro, porque o meu conselho não tem contato com negociações. A parte financeira passa apenas pelo administrativo?, comentou. Para Luís Carlos de Souza, essa turbulência é reflexo do afastamento de Miranda e da proximidade da eleição.

?Quanto à questão Miranda, garanto que tudo será apurado e uma comissão irá investigar a fundo os contratos de Thiago Neves e Eltinho?, disse Souza. Transações que envolvem, ?coincidentemente?, Miranda, L.A. Sports e Systema. ?Vamos ter muito cuidado nesse processo, para não confundir um mau negócio com desonestidade?, alertou. A comissão terá sete integrantes, dos conselhos deliberativo e normativo.

Sobre o fato de Junqueira criticar também ex-presidentes, Souza confirmou que nunca surgiu um documento que comprovasse dolo de qualquer dirigente paranista. ?Sou visto pelos presidentes como um chato, pois sempre fui um crítico feroz de cada uma das administrações. Mas garanto que nunca tive acesso a qualquer prova de atos ilícitos?, finalizou o presidente do deliberativo.

Reviravolta no caso Batista pode tirar 72 pontos do Paraná

Carlos Simon

Foto: Valquir Aureliano

Suposta irregularidade do volante foi denunciada pelo Náutico.

O procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, já não duvida tanto da chance de punição ao Paraná Clube no caso Batista.

A avaliação mudou de tom após a apresentação da denúncia contra o Paraná, contra o volante e quatro dirigentes, pelo procurador Luiz Henrique Peralta, com base no relatório do auditor Eduardo Machado Costa, que comandou as investigações. ?É difícil me posicionar depois dessa conclusão. As provas devem ser avaliadas?, disse o chefe dos procuradores.

Quando a CBF prestou informações sobre o contrato do jogador, logo após a queixa do Náutico pela suposta irregularidade na escalação de Batista, Schmitt disse que a perda de pontos era ?muito pouco provável?.

A denúncia da procuradoria propõe a perda de 72 pontos ao Paraná pela escalação de Batista em 12 partidas, o que determinaria o rebaixamento do Tricolor com dezenas de pontos negativos. Além do clube, foram denunciados o próprio Batista, o presidente afastado José Carlos de Miranda, o presidente do Avaí, João Nílson Zunino, o ex-superintendente da FPF, Laércio Polanski, e o diretor do departamento de registros da CBF, Luís Augusto de Castro.

O presidente do STJD, Rubens Approbato Machado, ainda não se posicionou sobre a denúncia, mas a tendência é que ela seja aceita e o julgamento seja marcado para o mês que vem.

Indícios de infrações

O auditor Eduardo Costa não quis comentar tópicos do relatório, alegando que se emitisse juízo antecipadamente seria impedido de participar do julgamento. Ele apenas ressaltou que descreveu no relatório indícios de infrações ao Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), mas que cabe ao STJD julgar se houve ou não este tipo de erro.

O advogado do Paraná, Domingos Moro, disse ontem que ainda não teve acesso ao teor da denúncia, mas de antemão não acredita em perda de pontos. ?O Paraná só seria punido se a transferência do Avaí for considerada irregular?, afirma. Para o advogado, a principal irregularidade que baseia o processo é o contrato de Batista com o Paraná registrado em março na CBF.

Mesmo sem a assinatura da Adap Galo, que então detinha os direitos federativos do jogador, o documento saiu da FPF e foi aceito na CBF sem que nenhum departamento de registro tivesse notado o erro. O contrato acabou rescindido quando Batista conseguiu liminar para se transferir ao Avaí. O volante não vestiu a camisa tricolor enquanto vigorou este contrato ?fantasma?, mas a oficialização do documento pode render gancho aos dirigentes do Paraná, da FPF e da CBF.

Além da punição originada pela queixa do Náutico, Batista está sujeito a outro gancho por uma ação da Adap Galo no TJD-PR. O jogador chegou a ser punido pela 3.ª Comissão Disciplinar do TJD-PR por infração ao artigo 217 do CBJD (firmar contrato com dois clubes). O jogador recorreu e foi absolvido pelo pleno do TJD-PR, mas a procuradoria do tribunal não aceitou e recorreu, desta vez ao STJD. O caso ainda não foi julgado na corte máxima do futebol, mas foi citado no relatório do auditor Eduardo Machado.

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