Paraná Clube se afunda no Pinheirão

O Paraná Clube não conseguiu aproveitar a segunda chance. Depois de começar perdendo na quinta e o jogo ser interrompido, ontem era o dia da virada. Mas faltou avisar o São Caetano, que foi superior e venceu por 3×1, no Pinheirão com portões abertos – a primeira derrota em casa do Tricolor em mais de seis meses. O resultado diminui sensivelmente as possibilidades de classificação da equipe para a Copa Libertadores. Para mantê-las vivas, é obrigação vencer o Atlético no clássico de amanhã, no Joaquim Américo.

A chuva não deu trégua a Curitiba. Madrugada, manhã e tarde passaram e nada mudou no clima. Mas, desta vez, Tricolor e Azulão iriam jogar -até porque, caso fosse necessário, o sistema de refletores do Pinheirão tinha sido recuperado horas antes da partida. O outro problema não poderia ser resolvido por técnicos: o excesso de água deixou o gramado em precárias condições para a prática do futebol.

E a partida começou quase igual à de quinta. Desarrumado taticamente, talvez pela falta de entrosamento da equipe jogando com dois zagueiros, o Paraná foi surpreendido novamente. Se à noite o gol dos visitantes saiu no primeiro minuto, ontem saiu aos quatro. Também foi em uma falha da defesa – na falta cobrada por Zé Luís, Edílson recebeu livre e chutou sem chances para Flávio. O gramado pesado dificultava as ações ofensivas do Tricolor, enquanto o São Caetano conseguia se adaptar mais facilmente.

O esquema paranista não funcionou como Barbieri queria e o time ficou sem ação, tanto que a torcida começou a pedir raça antes mesmo do segundo gol do Azulão. Outra falha da defesa – Zé Luís cabeceou sozinho, entre três zagueiros tricolores. E a lição não foi aprendida minutos mais tarde, quando Rafael Muçamba errou e deixou Edílson livre para marcar o segundo dele na partida, o terceiro dos paulistas. ?Nós estamos com problemas, mas precisamos buscar a recuperação?, disse o capitão Beto. ?Temos que mudar se a gente quer fazer alguma coisa no jogo?, completou o meia Éder, que trocou empurrões com Borges durante o primeiro tempo.

Na volta do intervalo, Barbieri manteve a tática, mas mexeu no time – Vicente no lugar de Edinho e Wellington Paulista na vaga de Fernando Gaúcho. Só que o rendimento não mudou.

O treinador resolveu desmontar o sistema com três volantes, colocando Sandro no lugar de Beto. A intenção era pressionar ainda mais o São Caetano – funcionou em parte, porque o Paraná não soube usar das suas virtudes para marcar. E não aproveitou situações que são decisivas em jogos com campo encharcado, as bolas paradas e os arremates de longa distância.

Borges, que demonstrava irritação com a má atuação da equipe, conseguiu diminuir a vantagem em um lance individual. Mas, mesmo melhor, o conjunto tricolor seguia errando. Aos 35 minutos, os refletores se acenderam, tomando as atenções da torcida que estava no estádio. E, apesar de ?iluminado?, o Paraná não conseguiu reverter a série negativa, acumulando a terceira derrota seguida.

Cobrança dentro de campo

Os jogadores do Paraná Clube estavam com os nervos à flor da pele na partida de ontem com o São Caetano.

A derrota e a dificuldade de adaptação ao gramado encharcado do Pinheirão deixaram os tricolores irritados – tanto que Borges teve desentendimentos com Éder e Wellington Paulista.

E o artilheiro da equipe no Campeonato Brasileiro garantiu que, se for necessário, briga pela melhora do time.

?Da forma que a gente estava atuando, com tantos problemas, precisando vencer e levando três gols no primeiro tempo, é natural que a gente se sinta mal, irritado. E eu digo que, se precisar brigar com meus próprios companheiros para fazer o Paraná vencer, eu vou brigar?, disse Borges, que depois assegurou ter já feito as pazes com seus companheiros. ?É o calor do jogo, o que aconteceu mexeu com os nossos brios?.

Mas Borges comemorou sozinho o gol do Paraná na derrota por 3×1. O que pareceu uma represália foi encarado pelo atacante e pelos companheiros uma contingência da partida. ?Isto acontece. O pessoal preferiu correr para buscar a bola. E todo mundo me cumprimentou?, disse o atacante. ?Não tinha o que comemorar naquela hora. Mas as coisas que aconteceram não influem em nada no relacionamento do elenco?, resumiu o volante Mário César.

Tumulto na entrada

O inesperado jogo de portões abertos gerou princípio de confusão no Pinheirão. Torcedores que não conseguiram entrar no estádio protestaram do lado de fora – alguns deles com ingressos, comprados, na véspera, em mãos.

A Polícia Militar programou que todas as entradas fossem trancadas cinco minutos após o início do jogo. ?Era uma medida de segurança para a previsão de lotação do estádio. Mas a chuva acabou reduzindo bastante o público?, disse o diretor financeiro e coordenador dos jogos do Tricolor no Pinheirão, Pedro Poitevin, que estimou os presentes entre 7 e 8 mil.

Vendo que o Pinheirão não encheria, o Paraná tentou a liberação dos portões. Mas a PM não permitiu, mesmo com a aglomeração de torcedores que chegavam atrasados e começaram a reclamar. Houve pequeno tumulto, rapidamente contido. O Paraná e a PM negociaram e decidiram abrir o portão D, perto do circo instalado ao lado do Pinheirão. O público foi orientado a se deslocar àquela entrada e não houve novos incidentes.

CAMPEONATO BRASILEIRO
2.º Turno – 34.ª Rodada
Em campo
Local: Pinheirão
Árbitro: Jamir Carlos Garcez (DF)
Assistentes: Eremílson Xavier Macedo (DF) e Rogério Monteiro de Oliveira (DF)
Gols: Edílson 4 e 37 e Zé Luís 23 do 1.º; Borges 31 do 2.º
Cartões amarelos: Edinho, Mário César (PR); Thiago, Triguinho (SC)
Renda e público: portões abertos

PARANÁ CLUBE 1×3 SÃO CAETANO

Paraná
Flávio; Neto, Marcos, Daniel Marques e Edinho (Vicente); Rafael Muçamba, Beto (Sandro), Mário César e Éder; Borges e Fernando Gaúcho (Wellington Paulista). Técnico: Luiz Carlos Barbieri

São Caetano
Sílvio Luiz; Neto, Thiago e Gustavo; Alessandro, Júlio César, Zé Luís e Triguinho; Jean (Claudecir), Edílson (Márcio Mixirica) e Somália (Fábio Pinto). Técnico: Jair Picerni   

Voltar ao topo