Paraná Clube completa 20 anos de existência

O esboço da anunciada nova força do futebol paranaense foi traçado em um guardanapo, durante um almoço em Santa Felicidade, que reuniu as forças políticas de Colorado e Pinheiros.

Duas décadas depois da histórica fusão, entre glórias e insucessos, o Paraná Clube tenta reencontrar-se no cenário nacional. Hoje, data de seu 20.º aniversário, é também um momento de reflexão para os paranistas.

Torcedores, que muito antes do previsto, se acostumaram com as vitórias. Idealizado para ser o clube do ano 2000, o Tricolor logo em seu segundo ano de “vida” levantava o primeiro caneco: Campeão Paranaense de 1991.

E numa competição por pontos corridos, para não deixar dúvidas que surgia ali uma nova potência do sul. Um esquadrão que não ao acaso contava com atletas que ainda hoje são lembrados como os grandes ídolos tricolores: João Antônio, Adoílson, Saulo e Cia.

Com esta mesma base, comandada pelo mestre Otacílo Gonçalves, o Paraná Clube conquistaria o seu título talvez mais expressivo até aqui: Campeão da Divisão Intermediária do Campeonato Brasileiro, correspondente da atual Série B.

Assim, no quarto ano de uma existência vitoriosa, o time azul, vermelho e branco já ingressava na elite do futebol brasileiro. Começava a formar uma nova geração de torcedores, embalada pela total hegemonia no Estado.

Se o título nacional teve como preço a perda do Paranaense (em 1992), nos cinco anos seguintes os paranistas só tiveram alegrias.

Num tempo em que os estaduais tinham um peso muito maior do que nos dias de hoje, o Paraná emplacou um pentacampeonato entre 1993 e 1997.

Na história do futebol paranaense, apenas outros dois clubes obtiveram sequências similares: o Britânia (1918-1923) e o Coritiba (1971-1976) foram hexacampões.

Porém, diz a velha máxima que “um título custa caro”. Que dirá cinco seguidos? Somado ao título nacional, o Tricolor garantiu “voltas olímpicas” por sete temporadas consecutivas.

O clube não soube administrar o sucesso e conviveu ainda com o declínio dos clubes sociais. Desperdiçou a chance de ingressar no Clube dos 13 e deixou de ser a referência do futebol local. Mesmo com bom desempenho no estadual e na Copa Sul-Brasileira de 1999, sofreria, em seu décimo aniversário, a frustração do rebaixamento. Por falta de força política, foi o único clube do futebol brasileiro a cair pela média ponderada (levando-se em conta as temporadas 1998-99).

Ressurgiu já no ano seguinte, mostrando força na conquista do Módulo Amarelo da Copa João Havelange. Sob a batuta de Geninho, o clube conquistava seu segundo título nacional e só não foi mais longe por conta do “apito” nas quartas-de-final da JH, frente ao Vasco, em São Januário. A temporada, porém consagrou jogadores como o zagueiro Hilton (que com Nem e Ageu formou um verdadeiro paredão) e o meia Lúcio Flávio.

Mas, mesmo abrindo a década com um título expressivo, o Paraná seguiu numa trajetória irregular, com direito a campanhas pífias no Paranaense. Um limbo de oito anos sem um título local, que fez uma torcida emergente estagnar. Novo título só viria em 2006.

E, mais do que levantar o troféu do estadual, o Tricolor foi além: chegou à quinta colocação no Brasileirão e carimbou seu passaporte para uma inédita Libertadores da América. Parecia a redenção do clube, no ano em que voltou para sua casa, a Vila Capanema.

O sabor da vitória, no entanto, foi efêmero. O clube teve desempenho razoável na competição continental, mas meses depois sofreu o mais duro golpe em sua história.

O rebaixamento para a, Série B abriu feridas e expôs as dificuldades financeiras de um clube gigante, mas sem receitas. Uma realidade que ficou mais clara e palpável nos últimos anos, com desempenhos frustrantes na Série B.

No dia de seu aniversário, o torcedor espera que as mudanças estruturais -com a volta de Aramis Tissot (o primeiro presidente do clube) ao futebol – sejam um marco na busca por melhores dias. Uma retomada daquela trajetória de vitórias e conquistas, capaz de fazer os paranistas encherem o peito e gritar: “É TRICOLOR!”.