Paraná Clube ainda não jogou a toalha

O revés frente ao Palmeiras não alterou o discurso no Paraná Clube. ?Ainda dá, então temos que acreditar?, dizem jogadores, integrantes da comissão técnica e dirigentes. Mas, diante de uma situação terrível – ter que buscar um aproveitamento superior a 80% nas seis rodadas que lhe restam – a diretoria tenta trazer o torcedor para o estádio. Quem for ao jogo contra o Internacional, domingo, às 18h10, na Vila Capanema, usando camisas nas cores do clube, paga meio-ingresso.

?Vamos buscar uma mobilização para seguir lutando. Aqui, ninguém jogou a toalha?, disse o presidente em exercício Aurival Correia. A decisão foi tomada na reunião semanal do conselho diretor do clube. Assim, quem for ao Durival Britto usando vermelho, azul e branco – valem camisas do clube, de torcidas organizadas ou simplesmente trajes nas cores do Tricolor – terá o mesmo privilégio de sócios, mulheres, menores, estudantes e idosos: meio-ingresso em qualquer setor do estádio.

Com a medida, o Paraná busca dar uma injeção de ânimo na sua torcida, visivelmente frustrada com a péssima campanha do seu time no Brasileirão. Em especial no segundo turno, onde conquistou apenas dez pontos e ocupa a vice-lanterna, à frente somente do América-RN. Na curva norte, na reta do relógio e na geral-social, os setores mais populares do estádio, o meio-ingresso custa apenas cincão (R$ 5). Os ingressos promocionais custam R$ 10 nas sociais e R$ 15 nas cadeiras.

A intenção é garantir o incentivo da torcida na busca do único resultado que interessa. Após os resultados da 32.ª rodada, a situação do Tricolor se agravou ainda mais, tendo apenas 7% de chances de permanência na Série A. ?Precisamos acreditar. E o incentivo do torcedor será fundamental para que a gente consiga dar o primeiro passo?, lembrou o vice de futebol José Domingos. Hoje, o Paraná precisa emplacar uma seqüência de três vitórias e ?secar? pelo menos dois dos clubes que estão logo acima, na tabela de classificação, para conseguir sair da zona do rebaixamento.

Os ingressos para Paraná x Internacional começam a ser vendidos hoje, a partir das 14h, em todas as sedes do clube. ?É hora de união. Até mesmo aquele que está descrente, deve vir ao estádio e dar uma força. Sabemos que está em jogo o nome do clube e dos atletas e vamos lutar até o fim?, disse o capitão Neguete. ?Chegamos a esse ponto por culpa nossa. As críticas e a desconfiança são justas. Mas temos que ralar até o fim, buscar uma reação e tentar o que muitos consideram impossível?, encerrou o zagueiro.

Na política, sem adversários

Apesar de toda a crise político-administrativa – agravada com a real possibilidade de rebaixamento -, o quadro sucessório do Paraná Clube segue inalterado. Há boatos, mas até o momento não surgiu nenhum nome para fazer frente a Aurival Correia na eleição para o conselho diretor, programada para o próximo dia 7 de novembro. Todo o escândalo envolvendo José Carlos de Miranda, afastado por envolvimento em transações ?nebulosas?, não foi suficiente para que uma oposição forte se articulasse.

O conselho normativo, formado pelos ex-presidentes e ?notáveis? do clube, demonstra preocupação com o momento, mas nenhum deles pretende – ao menos aparentemente – se lançar candidato. Paralelamente a isso, uma comissão de investigação já estaria trabalhando na análise de supostas provas (o ?DVD fantasma? continua sendo um mito), mas é possível que o caso só venha a ser elucidado pós-eleição. A chapa da situação, formada por Aurival Correia, Márcio Villela e Aquilino Romani, se não surgir nenhum fato novo, caminhará tranqüilamente para ser aclamada nas urnas.

Internamente, há quem acredite que o não surgimento de uma oposição está intimamente ligado ao fato do Paraná estar muito próximo da Série B. O desafio de gerir um clube do tamanho do Tricolor, sem a verba da tevê – que hoje chega a R$ 4,2 milhões ao ano – parece ser um tremendo obstáculo para que uma chapa contrária à atual política do clube surja nas próximas semanas. Chapas podem ser registradas até 72 horas antes do pleito, mas o silêncio nos bastidores indica que no momento não há sequer articulação de opositores à atual diretoria.

Matemática dá ao Paraná menos de 10% de chance

Rodrigo Feres, especial para a Tribuna

Foto: Valquir Aureliano

Josiel: sucesso depende de gols.

A situação do Paraná neste Brasileirão complicou de vez. Para permanecer na 1.ª divisão, o Tricolor precisa ganhar cinco dos seis jogos que ainda tem para disputar. A situação é crítica, mas ainda é possível escapar do rebaixamento. A ordem na Vila Capanema é ganhar e ganhar, começando pelo jogo contra o Internacional, no domingo.

Além de ter que vencer todas as partidas em casa, o Paraná também precisa pontuar fora de seus domínios. Mas para isso deverá quebrar a desanimadora seqüência de dez derrotas seguidas como visitante.

Tropeços dos seus concorrentes diretos também podem ajudar o Tricolor. O Goiás, primeira equipe fora da zona de rebaixamento, tem 41 pontos, sete à frente do time da Vila. A parte de baixo da tabela está embolada.

À frente do Goiás, quatro equipes têm 43 pontos: Vasco, Atlético-MG, Náutico e Sport. Caso o Paraná vença o Inter na Vila Capanema e o Goiás perca para o Santos na Vila Belmiro, a diferença cai para apenas quatro pontos. A decisão será mesmo contra o Goiás, daqui a duas rodadas, na Vila Capanema.

Projeções

Tirando o América-RN, já rebaixado, e o Juventude, que virtualmente também já caiu, restam agora duas vagas ao descenso. Aproximadamente oito equipes lutam desesperadamente para não ser as ?premiadas?. Porém, tudo indica que essas duas vagas restantes devam ficar mesmo com Paraná, Corinthians e Goiás.

De acordo com o site infobola.com.br, do matemático Tristão Garcia, o Paraná tem 93% de chances de cair para a Série B. O momento é delicado, mas o Tricolor depende apenas de suas próprias forças para não ser rebaixado. Ganhando cinco jogos dos seis restantes, escapa. Um alento para a torcida é que o Paraná joga contra três concorrentes diretos. Recebe Internacional e Goiás e sai para pegar o Atlético-MG. Essas partidas serão determinantes para a permanência na 1.ª divisão, já que são os famosos jogos de seis pontos.

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