Odepa veta instalações provisórias na Marina da Glória

O Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos (Co-Rio) sofreu um duro golpe ontem: a Comissão de Coordenação da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa) não aceitou a proposta de instalações provisórias na Marina da Glória para as competições de vela. O abalo provocado pela decisão foi tão grande que a Prefeitura admitiu a possibilidade de abortar o processo de candidatura da cidade às Olimpíadas de 2016.

O presidente e o relator da comissão, Julio Maglione e Ramón Zubizarreta, respectivamente, assinaram a carta na qual explicaram o motivo da insistência na construção de uma garagem de nível olímpico na marina. Eles também informaram que o presidente da Odepa, Mario Vazquez Raña, dará a palavra final sobre a possibilidade de exclusão da vela dos jogos cariocas.

?Não aceitamos a opção 2 (instalações provisórias) e seguimos pensando que a outra é a única que dá garantias e competência olímpica à cidade?, frisou Maglione, que no documento destacou a gravidade da situação. ?O presidente da Odepa vai decidir. De repente, ele diz que não faz a vela e pronto. Ou aceita as instalações provisórias?.

O impasse sobre a Marina da Glória começou porque os técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foram à Justiça contra as obras, por terem sido projetadas em desacordo com as leis de tombamento do local, e entraram na Justiça. O principal ponto de discórdia é a construção de uma garagem com 19 mil metros quadrados sobre o espelho d?água da Baía de Guanabara.

Surpreso com a decisão dos avaliadores, o secretário especial para o Rio-2007, Ruy Cezar, disse que ainda há tempo de erguer o projeto original, caso a disputa judicial seja encerrada. Posição, contudo, que nem mesmo o Co-Rio acha viável e, por isso, passou a defender a construção de instalações provisórias.

Ante a crise e visivelmente desconfortável, o secretário chegou a cogitar a possibilidade de o Rio desistir da candidatura olímpica aos Jogos de 2016. ?Não fazer a vela é um motivo para repensarmos nosso projeto para as Olimpíadas?, afirmou Cezar, que admitiu voltar a brigar na Justiça para a liberação das obras – a Marina da Glória é uma das competências da Prefeitura na organização do Pan.

Além da confusão na vela, as obras de infra-estrutura da Vila Pan-Americana também receberam críticas e foram motivo de preocupação do dirigente da Odepa, no balanço feito ontem, último dia de visitas às construções. Ruy Cezar culpou a União pelo atraso, porque o governo federal ainda não liberou R$ 53 milhões para o trabalho ser executado. Esse valor é uma contrapartida ao investimento de R$ 16 milhões que a Prefeitura se comprometeu a fazer no local.

No Rio, o ministro do Esporte, Orlando Silva, se defendeu e explicou que os técnicos do órgão analisam a documentação enviada pela Prefeitura para a liberação dos recursos. ?Há divergência em uma das vias de acesso à vila e precisamos resolvê-lo. Eles fizeram uma modificação no projeto original?, disse.

Sobre a confusão na Marina da Glória, o ministro do Esporte ressaltou que as competições de vela vão ser realizadas de ?qualquer maneira?. Mas, a princípio, ele descarta a possibilidade de anular o tombamento do local. ?A legislação prevê que esta hipótese pode ocorrer por um decreto presidencial, só que não acho recomendável tomarmos esta atitude. O melhor seria sentarmos com os técnicos do Iphan e encontrarmos uma solução que não vá agredir o meio ambiente?.

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