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Obras nos estádios para Copa 2014 ainda estão no papel

Apesar do ultimato da Fifa, para que as obras nas subsedes da Copa do Mundo de 2014 começassem hoje, e em ritmo acelerado, não será desta vez que tratores e operários estarão protagonizando a adequação dos estádios brasileiros para receber o mundial.

Na prática, a Copa que será realizada no Brasil continua apenas no papel. Preocupadíssima, a Fifa já mandou o recado: se for preciso, reduzirá o número de subsedes de 12 para 8.

Segundo o Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), só Belo Horizonte, Cuiabá e Manaus estão fazendo alguma coisa.

Em BH, o Mineirão passa por reforços estruturais e correção de patologias no concreto para receber as novas obras. No Mato Grosso e em Manaus, começaram as obras de demolição dos estádio José Fragelli e do Vivaldão.

Nas demais subsedes, nada. Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Salvador e Recife enfrentam as situações mais críticas. No Rio e na capital paulista, a Fifa exigiu readequação dos projetos, que o Maracanã e o Morumbi serão readaptados para o mundial.

No DF, o escândalo que culminou com a cassação do governador José Roberto Arruda, paralisou todo o processo licitatório. Já, na capital baiana e na pernambucana, há problemas judiciais que emperram
as obras.

A burocracia também paralisa as obras em Fortaleza e Natal. Na capital cearense, dois consórcios eliminados da concorrência recorreram à Justiça. No Rio Grande do Norte, o projeto está em fase de consulta pública.

Nas outras duas subsedes, Curitiba e Porto Alegre, o problema é dinheiro. Por serem estádios privados, Arena da Baixada e Beira-Rio não poderão receber recursos públicos e nenhum parceiro privado ainda se interessou pelas obras de readequação.

Na semana passada, preocupado com as dificuldades, o presidente do Atlético, Marcos Malucelli, chegou a declarar na reunião do conselho deliberativo que já não acreditava mais na Copa em Curitiba.

Para contrapor o dirigente, o presidente do comitê executivo da cidade, Luiz de Carvalho, afirmou na quinta-feira passada que há um estudo jurídico em andamento para saber se Estado ou município poderão investir recursos públicos na Arena.

“O poder público já admitiu investir na Arena [da Baixada], mas ainda não temos isso claro. Assim que tivermos um estudo jurídico e legal divulgaremos a informação”, disse Carvalho, ao portal Copa 2014, do Sinaenco. Especula-se que a Copel poderia vir a patrocinar a obra.

O estádio atleticano precisa de R$ 100 milhões para ficar de acordo com o caderno de encargos da Fifa e o clube diz estar disposto a desembolsar apenas 30% deste total, ou seja, R$ 30 milhões.

Neste caso, o Rubro-Negro utilizaria a linha de crédito aberta pelo BNDES. Em Porto Alegre, a situação não é diferente. O que muda é que o Internacional já descartou recursos públicos para adequar o Beira-Rio e aposta na venda da área do antigo estádio dos Eucaliptos e na parceria com o setor imobiliário para levantar os R$ 80 milhões de  que precisa.

Enquanto, as obras não começam, o tempo corre. O Brasil precisa estar com pelo menos cinco estádios prontos em 2013, quando acontecerá no País a Copa das Confederações. Conseguirá? Neste 3 de maio, apesar do ultimato da Fifa, a Copa do Mundo de 2014, ainda não passa de um show de maquetes.