McLaren vive semana decisiva na F1

É raro de se ver, mas Ron Dennis chorou ontem diante das câmeras depois da quarta dobradinha da McLaren no ano. Foi antes da cerimônia do pódio, à qual compareceu pessoalmente para, já recomposto, receber o troféu destinado à equipe vencedora.

Pouco antes, o dono da equipe prateada foi flagrado às lágrimas quando recebeu um abraço da mulher, Lisa, assim que Fernando Alonso (o vencedor) e Lewis Hamilton (o segundo) receberam a bandeirada do GP de Monza, domingo, na casa da maior rival, a Ferrari.

Nesta semana, a McLaren vive talvez o dia mais importante de sua história. Quinta-feira, o Conselho Mundial da FIA vai dizer, em Paris, qual a punição ao time, acusado de ter usado dados sigilosos da Ferrari passados a seu ex-projetista Mike Coughlan.

Uma das evidências do uso das informações surrupiadas de Maranello foi a troca de e-mails entre Alonso e o piloto de testes Pedro de la Rosa, que o bicampeão entregou às autoridades da FIA ?para colaborar com a investigação? – ?entregando? o próprio time. Nas mensagens, De la Rosa diz que tem dicas de acerto do carro para os pneus Bridgestone a ele passadas por Coughlan e baseadas em segredos ferraristas.

No limite, a McLaren pode ser excluída dos campeonatos de 2007 e 2008. Mas acredita-se que a pena será mais branda: perda dos pontos do mundial de construtores e multa. Os pilotos, acreditam os especialistas, vão sair ilesos.

O que não afasta deles o temor por um desastre. ?É duro imaginar que tudo que fiz até agora neste ano, com trabalho e a dedicação, pode ser tirado de mim e da equipe. Estava tudo indo tão bem, e agora é como se tivéssemos uma faca encostada no pescoço?, disse Hamilton. ?Nunca achei que odiaria algo na F1, mas hoje sei que a política envolvida e algumas pessoas que querem ser mais que as outras são horríveis.?

Corrida

Foi meio na linha ?contra tudo e contra todos?: um guerreiro solitário dentro de seu carro, vestindo a roupa prata que virou coisa do demônio nas últimas semanas, símbolo de uma equipe acusada de espionagem pela maior rival, ameaçada de exclusão do campeonato e de humilhação pública daqui a três dias.

Nada disso parou Fernando Alonso na Itália, a casa de seus acusadores. O espanhol atirou tudo para fora do cockpit neste fim de semana e cuidou de fazer o que sabe melhor: enfiou o pé no acelerador. Cravou a pole no sábado, ganhou a corrida e ainda registrou a melhor volta do domingo ensolarado de Monza.

Felipe Massa joga a toalha

Ao deixar de pontuar pela terceira vez no ano e ver Hamilton e Alonso dispararem na classificação, Felipe Massa jogou a toalha e reconheceu que o título de 2007 passou a ser um sonho distante, quase impossível. ?Agora só me resta manter a cabeça em pé e lutar por mais vitórias. Ser campeão ficou muito difícil?, falou.

O brasileiro voltou à quarta posição no mundial e agora está 23 pontos atrás de Hamilton, o líder, e a 20 de Alonso, o segundo colocado. Faltam apenas quatro provas para o fim da temporada. Para piorar sua situação pessoal, o companheiro Kimi Raikkonen, com o terceiro lugar de Monza, foi a 74 e abriu cinco de vantagem.

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