O Coritiba escapou de um desastre na tarde de ontem, no Pinheirão. Jogando um futebol de péssima qualidade, o Coxa foi amplamente dominado pela boa equipe do J. Malucelli. No final da partida, o time do Alto da Glória teve que comemorar a derrota por 2 a 1, com um gol que ?caiu do céu? aos 42? do segundo tempo.
Agora, o Cori precisa vencer por dois gols de diferença para passar às semifinais do Campeonato Paranaense. A partida de volta está marcada para o próximo domingo, no Couto Pereira. Uma vitória alviverde por um gol de vantagem leva a decisão para os pênaltis. O Jotinha joga por um empate.
Pelo que se viu na partida de ontem, a tarefa será muito difícil para a equipe coxa-branca. Apesar de ter iniciado com mais volume de jogo, o Coritiba praticamente não ameaçou gol adversário. Sem a dupla de ataque titular, devido às suspensões de Jefferson e Eanes, a torcida alviverde mais uma vez sofreu com a péssima fase de Ludemar. Isolado na frente, o centroavante desperdiçou as poucas oportunidades que teve e finalizou com perigo apenas uma vez ao longo de mais de 90 minutos de partida.
O Jotinha não demorou para tomar conta da partida. Bem armado pelo técnico Lio Evaristo, o time caçula da capital paranaense logo anulou o setor de criação alviverde e partiu em busca de um resultado positivo. Em tarde inspirada, o atacante Cristiano era um tormento para a defesa coritibana. Apenas no primeiro tempo, ele teve três boas chances de abrir o placar, o que não aconteceu graças às defesas de Arthur, que voltou a ser o grande destaque coxa-branca.
O J. Malucelli já merecia a vitória ao final do primeiro tempo, mas ampliou ainda mais sua superioridade na etapa final. Logo no início, André Nunes e Cristiano perderam duas chances claras de gol. Aos 15 minutos, finalmente o Jotinha chegou lá. Cristiano foi lançado na ponta direita e cruzou para o meia Willian, que se antecipou à Arthur e, de cabeça, tocou para o fundo das redes.
Mesmo na frente no placar, o Jotinha não desistiu de atacar e ampliou a vantagem sete minutos depois. Emerson avançou pela esquerda, fez o cruzamento e Willian, mais uma vez, subiu para cabecear, sem chances para Arthur.
O segundo gol do adversário revoltou os pouco mais de quatro mil coxas que foram ao Pinheirão. Os gritos de ?queremos time? se juntaram aos protestos contra o alvo preferido da torcida alviverde: o presidente Giovani Gionédis.
Sobrou até para o técnico Estevam Soares, que logo no segundo jogo no comando do time do Alto da Glória já teve que ouvir os coro de ?burro?, quando sacou Renan para a estréia de Júlio Madureira.
A mudança não surtiu efeito e tudo parecia se encaminhar para uma vitória tranqüila do J. Malucelli.
Mas aos 42?, uma falha de Roberson recolocou o Coxa na briga pelo título. Peruíbe recebeu na direita e cruzou.
O goleiro do Jotinha saiu mal e a bola sobrou para Guaru, que tocou para a meta vazia.
Técnico do Coxa admite que time não rendeu o esperado
A péssima atuação do Coritiba e a superioridade do J. Malucelli não foram contestadas por ninguém no elenco coxa-branca. "Nós merecemos perder mesmo. Todo mundo percebeu que eles foram superiores. Na minha opinião, a equipe deles merecia uma vantagem de dois ou três gols. Das três partidas que eu vi do Coritiba, essa foi a pior", admitiu o técnico Estevam Soares.
Depois da partida, os jogadores não estavam muito dispostos a falar. "Corremos pra caramba ali na defesa, mas não conseguimos evitar o prejuízo", lamentou o capitão Anderson.
Bastante cobrados pela torcida, os atletas partiram rápido para os vestiários do Pinheirão. "Desde o começo da temporada o torcedor está pegando no nosso pé, mas isso é normal. No futebol sempre vai haver esse tipo de pressão", disse o zagueiro Índio.
Mas a derrota e a fraca exibição de ontem não desanimam o treinador coxa-branca. "Se tivesse perdido por quatro ou cinco5, eu teria jogado a toalha. Mas fomos abençoados com esse gol no final e vamos ter que jogar bem melhor para nos classificarmos. Mas acho que isso vai acontecer", acredita Estevam.
Sobre os reforços cobrados exaustivamente pela torcida, o técnico preferiu não se aprofundar. "O time para o Campeonato Paranaense é esse. Não adianta falar em reforços agora", diz Estevam, sem deixar de revelar que iria se reunir ontem mesmo com o departamento de futebol alviverde.
A diretoria do Coritiba terá ainda que trabalhar com outra situação delicada.
Boa parte da torcida do alviverde que compareceu ao Pinheirão ontem voltou a protestar contra os dirigentes. O alvo preferencial novamente foi o presidente Giovani Gionédis.
Mesmo na vitória, 3 a 1, contra o Icasa no Couto Pereira, resultado que deu a classificação ao time para a próxima fase da Copa do Brasil, a torcida não poupou Gionédis, que acabou respondendo às provocações feitas a ele após a partida.
Segundo um integrante do Conselho do Coritiba, "o presidente do clube não deveria se expor tanto neste momento de reestruturação da equipe".
"Foi espetacular", diz Lio Evaristo
Carlos Simon
Poucas vezes o vestiário do J. Malucelli foi tão concorrido e festivo. Não era sem motivo -além de ficar em vantagem nas quartas-de-final, a equipe de São José dos Pinhais comemorou sua primeira vitória sobre o Coritiba, incluindo a época em que se chamava Malutrom.
Emocionado, o técnico Lio Evaristo lembrava que já cravou seu nome na história do clube. "Falei a eles (jogadores) que não existe isso de nunca ganhar de Paraná, Atlético ou Coritiba. Um dia venceríamos, e disse que hoje (ontem) é o dia. Meu nome já está marcado no clube, e se classificarmos, mereço uma estátua", exagerou o treinador. Na verdade, o antigo Malutrom já havia derrotado o Paraná Clube e ganhou uma vez do Atlético, pela Copa Sesquicentário.
Lio, que volta a comandar uma equipe profissional depois de vários anos como auxiliar ou técnico de juniores do Atlético, aproveitou para promover o próprio trabalho. "Sou vencedor nos meus 25 anos de profissão e sempre coloquei meus times entre os melhores. E sei jogar mata-mata, de tanto disputar Taça São Paulo e Taça Belo Horizonte (ambas de juniores). Não pode abrir muito e tem acreditar na velocidade", festejou o técnico, que classificou a vitória de "espetacular" e falou que estava preparado para qualquer surpresa tática do adversário por ter assistido aos dois últimos jogos do Coxa. "Nunca tememos ou menosprezamos o Coritiba. Acreditamos no trabalho que desenvolvemos desde novembro", falou.
Outro egresso de um ex-rival do Coxa, o meia William, revelado pelo Paraná, também comemorou com muita vibração o resultado. "Estamos felizes por quebrarmos o tabu, mas não dá para parar por aí", disse o autor dos dois gols do Jotinha.
CAMPEONATO PARANAENSE
Quartas-de-final – jogo de ida
Em campo
Local: Pinheirão
Horário: 16h
Árbitro: Cleivaldo Bernardo
Assistentes: Rogério Carlos Rolim e Juvenal Pereira de Oliveira
J. MALUCELLI 2×1 CORITIBA
J. Malucelli
Robson; George, Réferson (Paulo César), Élton e Emerson; Anderson, Leonardo, Fabinho (Rodrigo) e Wiliam; Leandrão (Cristiano) e André Nunes. Técnico: Lio Evaristo
Coritiba
Arthur; Anderson, Marcelo Batatais e Índio; James, Peruíbe, Jackson, Guaru (Márcio Egídio) e Julinho; Renan (Anderson Gomes) e Ludemar (Vinícius). Técnico: Estevam Soares
Coritiba viaja pro Nordeste
Ainda de cabeça quente após a derrota de ontem, os jogadores do Coritiba embarcam hoje para Recife, onde na quarta-feira enfrentam o Náutico, pela Copa do Brasil. Se vencer por dois gols de vantagem, o Coxa elimina o jogo de volta, marcado para o próximo dia 22, no Couto Pereira.
Para esta partida, o técnico Estevam Soares poderá contar com o elenco completo, com o retorno do volante Rodrigo Mancha, que cumpriu suspensão contra o Icasa. Assim, a principal preocupação da comissão técnica é o desgaste da equipe, que segue na maratona de jogos às quarta-feira e aos domingo.
O adversário também não enfrenta um bom momento. Ontem o Timbú empatou em 1 a 1 com o Sport, na Ilha do Retiro. Mas a semana antes do clássico foi conturbada. No treino de sexta-feira, torcedores protestaram atirando pipocas e galinhas contra os jogadores. O Náutico está em oitavo lugar no Campeonato Pernambucano.