Irmãos juram inocência e vão processar o Atlético

João de Noronha / Tribuna
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Edenilson e Alexandre relembraram
o drama vivido com a torcida
e seguranças do clube.

O lamentável episódio ocorrido durante o jogo do Atlético contra o Criciúma, no último domingo, quando dois torcedores rubro-negros foram agredidos, deixou o clube paranaense em maus lençóis. Os irmãos Edenilson, 27 anos; e Sidnei Alexandre Portugual, 22, foram linchados por torcedores e agredidos por seguranças da Arena, acusados de terem jogado um copo plástico no gramado. Os irmãos alegam inocência e afirmam que irão processar o Atlético Paranaense por danos morais e físicos. Hoje, eles devem comparecer no Instituto Médico Legal, onde irão fazer o exame de corpo de delito.

Segundo Sidnei e Edenilson, a confusão começou quando um copo de plástico foi arremessado no campo e vários seguranças reuniram-se próximo ao gramado. Alguns torcedores teriam apontado para o local onde eles estavam, afirmando que o objeto havia sido jogado da bancada de cima. Enquanto observavam a movimentação, Sidnei foi surpreendido por um segurança que o segurou pelo braço. Na tentativa de defender o irmão, Edenilson também acabou sendo detido pelos seguranças. Naquele momento, uma confusão generalizada se formou e os torcedores que estavam próximos passaram a linchá-los. Segundo Edenilson, as agressões mais graves aconteceram no momento que ele foi arrastado pelos seguranças e teve que atravessar a arquibancada. Durante o trajeto, torcedores indignados deram vários chutes e socos no rapaz, o qual estava com as mãos atadas, sem poder defender-se. Enquanto isso, o irmão dele era levado por outro segurança, o qual teria lhe desferido vários tapas na cara, enquanto o arrastava pelos cabelos. Depois de serem humilhados e agredidos pela torcida, os dois foram levados a uma, sala onde tentaram defender-se da acusação, porém foram mais uma vez violentados. "Quando eu tentei me explicar, um segurança me arremessou contra a parede e eu bati minha cabeça. A gente só não apanhou mais porque a Polícia Militar entrou na sala", contou Edenilson, que teve que ser afastado do trabalho por ter deslocado o braço. O rapaz, assim como seu irmão, trabalha como carregador na Ceasa.

Defesa

Os irmãos acreditam que os seguranças suspeitaram deles pelo fato de não estarem agitados como os demais. "Nós estávamos quietos porque estávamos muito cansados e por isso desconfiaram que tínhamos culpa. É impossível a gente ter arremessado um copo da onde estávamos, a não ser que tivesse um pedaço de concreto dentro, daí poderia chegar até o campo", afirmaram os irmãos, que assistiram o jogo da quinta fileira da arquibancada.

Sidnei e Edmilson saíram do trabalho e foram direto para jogo, depois de descarregar caixas na Ceasa das 3h da madrugada de domingo até as 15h. Os dois ganham R$ 20 por dia e o dinheiro ganho serviu para pagar o taxi até a Arena, uma vez que estavam atrasados e não queriam perder a partida. Quando chegaram no estádio ainda gastaram R$ 60 com a compra dos ingressos. "A gente gastou muito mais do que ganhou, tudo para ver nosso time, e daí acontece uma injustiça dessa. Somos torcedores desde pequenos, mas vamos processar o Atlético pela humilhação que passamos, pois quero ver como eles vão provar que a gente jogou aquele copo."

Risco de nova punição

A goleada por 6 a 1 em cima do Criciúma deixou a nação atleticana pra lá de contente, mas o assunto que tomou conta dos bastidores, ontem, foi outro, não muito aprazível. O episódio que aconteceu logo após o gol de Morais, aos 39 minutos do segundo tempo, tirou o sono dos atleticanos. Um torcedor, talvez no momento de euforia com o quinto gol, arremessou um copo plástico no gramado, na área do goleiro Roberto. O copo foi entregue ao árbitro Wágner e pode representar nova dor-de-cabeça para o time de advogados atleticanos. Uma não, algumas.

Além do novo risco de perder até três mandos de campo, o rubro-negro será processado pelos torcedores, que foram presos e agredidos pelos seguranças do clube, tão logo foram apontados pela torcida como "culpados". Eles negam culpa no cartório.

Logo após o jogo, o presidente João Carlos Fleury deu declarações dizendo que o clube agiu rápido e por ter prendido os supostos "malfeitores", poderia se livrar de nova condenação. Caso contrário, a essa altura do campeonato, o rubro-negro poderá ter que disputar o restante do campeonato fora da Arena, o que seria um pesadelo para os atleticanos.

É bem verdade que o copo não atingiu ninguém e o argumento de que os torcedores foram prontamente identificados pode pesar no Tribunal, apesar dos acusados assegurarem que o clube sequer tem imagens do ato. Mas o risco não deixa de existir, ainda mais levando-se em conta o fato do clube ser reincidente.

Em função do feriado de ontem, a CBF não deu expediente e a súmula do árbitro Wágner Tardelli só deve ser entregue hoje. Uma vez de posse do documento e das imagens da televisão, que mostram o goleiro entregando o copo para o árbitro, a Procuradoria do STJD deve oferecer denúncia ainda essa semana. Uma vez indicado para o banco dos réus, o Atlético poderá ser julgado na semana que vem.

A reportagem procurou insistentemente os dirigentes atleticanos, para falarem sobre o caso, mas o único que atendeu o telefone foi o advogado Gil Justen, que não quis comentar o assunto.

Santos é julgado pela terceira vez

Santos – O Santos corre o risco de perder o direito de jogar no Estádio da Vila Belmiro os jogos contra o Grêmio e Vasco, marcados respectivamente para os dias 5 e 19 de dezembro. É que o clube foi denunciado no parágrafo 1.º do artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), pelas moedas e o foguete que foram atirados na direção do goleiro Fábio Costa, no dia 6 de outubro, quando Santos e Corinthians empataram por 1 a 1. O caso será julgado hoje, a partir das 18h, pela 2.ª comissão disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

A pena mínima é a perda de um mando e multa de R$ 50 mil a R$ 500 mil, mas como o Santos é reincidente – já perdeu três mandos em dois julgamentos – deve ser condenado a mandar os seus jogos restantes do campeonato brasileiro a 150 quilômetros de sua sede. A defesa será feita pelo responsável pelo departamento jurídico, Mário Mello, que vai alegar que o foguete que queimou a toalha, que estava no gol de Fábio Costa, foi disparado pela torcida corintiana.

Porém, a própria comissão técnica santista já trabalha com a possibilidade de ter que voltar a jogar no interior. Dos três estádios utilizados até aqui pelos santistas, quando o clube deve mandar seus jogos fora de Santos, o de São José do Rio Preto foi considerado o melhor, enquanto o de Mogi Mirim está fora de cogitação devido às más condições do gramado.

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