Herrera, mais um colombiano chegando no Atlético

O Atlético deverá anunciar nas próximas horas a contratação do atacante colombiano Sergio Herrera. Ontem, o atleta desembarcou no Aeroporto Afonso Pena para a realização de exames médicos e físicos antes de assinar contrato com o Rubro-Negro. Ele estava no Al-Itthad, da Arábia Saudita, e disputou o Mundial de Clubes da Fifa em dezembro do ano passado. No entanto, brigou com os árabes e está na Justiça para poder atuar pelo Furacão. Se resolver mais esse imbroglio, o contrato deverá ser assinado por 3 anos.

Goleador por natureza, Sergio Darío Herrera Month iniciou a carreira no time de sua cidade natal, Barraquebermeja, onde despontou como atacante. Passou pelo Alianza Petrolera antes de ir ao Almagro da Argentina em 1999. No ano seguinte, voltou ao seu país para jogar no América de Cali, onde enfrentou o próprio Furacão em duas Copas Libertadores. Ano passado, acabou indo para a Arábia Saudita disputar o Mundial pelo Al-Itthad, mas saiu fugido alegando descumprimento de contrato.

Prestes a completar 25 anos, Herrera vem bem recomendado, pelo menos no futebol. A diretoria não foi encontrada para comentar o assunto, mas o atacante Aloísio, que veio a cidade resolver seu imbróglio com o clube, encontrou com o jogador em Curitiba e garante a qualidade dele. ?Nós demos graças a Deus porque ele não jogou contra a gente no Mundial. Era o melhor jogador do Al-Itthad no Mundial, mas se machucou no jogo anterior?, analisou.

Enquanto isso, o meia Válber também já está na cidade realizando exames médicos e físicos. A apresentação de mais esse reforço vai depender do humor dos dirigentes. Este ano, o clube já contratou o volante Erandir, os atacantes William e Rodrigão e o lateral-direito Carlos Alberto. Mais um zagueiro está nos planos da diretoria, a pedido do técnico Lothar Matthäus.

Aloísio não pode jogar no SP

O Atlético ganhou o terceiro round do embate contra o São Paulo na disputa pelo atacante Aloísio, mas o impasse ainda está longe de uma solução. O jogador está impedido de atuar novamente pelo clube paulista até segunda ordem ou enquanto as partes não entrarem em acordo, mas não precisa se apresentar no CT do Caju. A juíza Simone Galan de Figueiredo chegou a estipular em US$ 400 mil a multa para um entendimento, mas o Tricolor preferiu ?ir para o pau?. Uma nova audiência foi programada para o dia 14 de julho e a CBF foi intimada a se pronunciar sobre a inscrição do atleta.

Pela primeira vez, as partes se reuniram na 1.ª Vara da Justiça do Trabalho de Curitiba para tentar uma conciliação. O Rubro-Negro chegou a pedir R$ 1,5 milhão para liberar o jogador antes da juíza propor uma multa a ser paga pelo clube paulista. O Tricolor, no entanto, bateu pé. Logo no início da sessão, o advogado do Furacão, Diogo Braz, acrescentou aos autos do processo um termo assinado pelo clube e pelo Rubin Kazan, que daria o direito à compra dos direitos federativos ao time da Baixada.

Como não havia acordo prévio, a juíza pediu as propostas de cada parte. ?O Atlético propõe R$ 1,5 milhão como ressarcimento e mais a presença de Aloísio no CT do Caju?, apontou o advogado atleticano. Mantendo o entendimento de que teriam razão, os representantes do clube paulista não aceitaram. ?A proposta do São Paulo é a retirada do litigo de má-fé?, disse o diretor jurídico do Tricolor, José Edgard Galvão Machado.

De acordo com ele, o Rubro-Negro perdeu os direitos sobre Aloísio porque não pagou os russos. Mas Marcos Malucelli, representante do Furacão, disse que o pagamento não foi realizado porque o Rubin não enviou o número da conta bancária. ?A gente não vai chegar a um entendimento pecuniário porque pagamos US$ 500 mil ao clube russo?, retrucou Fernando Barrionuevo, advogado do Tricolor.

O clube da Baixada havia ?comprado? Aloísio por US$ 200 mil mais 25% de uma futura venda. No contrato assinado entre as partes para Aloísio jogar o Mundial de Clubes da Fifa, a multa rescisória estava estipulada em US$ 850 mil. Vendo um impasse na questão e que as partes estavam pouco dispostas a ceder, a juíza resolveu intervir. ?Vamos usar o bom senso. Há uma controvérsia e não há certeza do direito. Os contratos, se não são válidos, podem repercutir nos títulos conquistados?, afirmou a juíza.

Torcida faz protesto

Os funcionários da Justiça do Trabalho de Curitiba garantiram: era a maior manifestação em frente ao prédio da instituição nos últimos dez anos. Acostumado a disputas entre empresas e funcionários, o endereço da Vicente Machado viu cerca de 100 pessoas manifestando contra o atacante Aloísio. Precavida, a diretoria do São Paulo organizou um forte esquema de segurança para a entrada do jogador na 1.ª Vara para se reunir com o Atlético.

Além de cinco seguranças contratados pelo clube paulista, cerca de 20 policiais militares fizeram a escolta do jogador. Ele chegou dentro de um camburão da Rotam (Ronda Ostensiva Tático Móvel), que  usado em situações de alto risco. Mais duas viaturas e uma moto trabalharam na entrada de Aloísio no prédio do tribunal e dois policiais fizeram a segurança no 10.º andar, local da audiência.

De risco, cerca de 100 torcedores com faixas de protesto contra o jogador e uma bandinha tocando marchinhas de Carnaval e o hino do Rubro-Negro. Nos cartazes, ?Aloísio sanguessuga, traidor, mercenário e bambi?. Enquanto a reunião acontecia, alguns mais afoitos tentaram xingar o atleta na antesala da reunião, mas foram contidos pela segurança. Três horas depois, poucas pessoas aguardavam o desafeto na saída do prédio e Aloísio pode ir embora um pouco mais sossegado.

Consciência tranqüila

Pivô de todo o imbroglio entre Atlético e São Paulo, o atacante Aloísio falou pela primeira vez com a imprensa de Curitiba após o início da confusão. Simpático como sempre, mas tentando esconder o nervosismo, ele concedeu uma entrevista coletiva aos repórteres presentes à 1.ª Vara da Justiça do Trabalho de Curitiba e explicou seu posicionamento. Entre outras coisas, atacou o presidente do conselho deliberativo do Rubro-Negro, Mário Celso Petraglia, de não cumprir com a palavra e forçá-lo a assinar um contrato no afogadilho.

Paraná-Online – O que você achou dessa recepção da torcida?
Aloísio – Ser chamado de mercenário é muito triste, mas acho que isso faz parte do futebol. Eu estava numa situação muito difícil porque depois que acabou meu contrato, o Rubin ligou para eu me apresentar lá e a mesma coisa o Atlético. O Rubin comprovou que o Atlético não tinha pagado e fez um acordo com o São Paulo e, se o Atlético tivesse pagado, eu estaria aqui. Eu deixei de ganhar R$ 1,5 milhão na Rússia para ganhar R$ 700 mil no Atlético por ano e não é qualquer um que faz isso.

Paraná-Online – Você foi ingrato com o Atlético?
Aloísio – Eu estou com a cabeça boa porque estou tranqüilo e sei o que está acontecendo. Estaria com a cabeça ruim se fizesse como muitos jogadores, indo embora por causa do dinheiro. Dinheiro não é tudo e a saúde dos filhos é mais importante.

Paraná-Online – Você assinou dois contratos?
Aloísio – Assinei. O Petraglia mandou o Márcio (Silva, do departamento de registro) com o contrato para o aeroporto para eu assinar por mais um ano e poder disputar o Mundial. Assinei pelo mesmo salário. O Atlético poderia ter me comprado e vendido pelo dobro, mas o Rubin não recebeu e ficou essa situação aí.

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