Goleadores em alta no Brasileirão

Houve um tempo em que os grandes goleadores vestiam a camisa dos clubes campeões. Hoje, um matador pode dar fôlego a um time, mas não é tão decisivo. Um forte argumento para a teoria é a tabela da artilharia do Brasileirão. Líder desde as primeiras rodadas, Josiel, 17 gols, defende o Paraná, 17.º colocado na competição. O uruguaio Beto Acosta, vice-artilheiro, com 14, é jogador do Náutico, uma posição atrás e também na zona de rebaixamento.

Já os maiores goleadores do São Paulo – líder disparado do Brasileirão – são Dagoberto e Borges, com apenas seis gols cada um.

Na Série B, a situação é semelhante. O topo da artilharia pertence a Fábio Oliveira (Remo, penúltimo colocado), com 18 gols, e a Val Baiano (Gama, 12º), com 16. No líder Coritiba, quem marcou mais foi Keirrison, que balançou as redes apenas 6 vezes.

Nem sempre a relação goleadores-classificação foi inversamente proporcional. Em dez ocasiões, o campeão nacional fez também o goleador da competição – nas 15 primeiras edições, a ?dobradinha? foi registrada sete vezes. O último artilheiro a levantar a taça nacional foi Edmundo, do Vasco, em 1997. Mas vale lembrar que, até 2002, quem chegava às finais disputava mais jogos, o que ampliava as chances de seus homens-gol. Na era dos pontos corridos, o goleador mais próximo do título foi Washington, vice-campeão com o Atlético-PR em 2004.

A diferença é que nos casos anteriores o goleador não monopolizava a bola nas redes – mesmo com o recorde histórico de 34 gols, Washington, por exemplo, fez só 36% dos tentos atleticanos no Brasileiro de três anos atrás. Josiel, por sua vez, é responsável por 56% dos gols paranistas na Série A, e 49% dos tentos do Remo na Série B foram de Fábio Oliveira.

Além da importância para os clubes, os goleadores das principais divisões do Brasil têm trajetória semelhante no futebol. Josiel, 27 anos, e Fábio Oliveira, 33, despontaram no futebol depois de rodarem por diversos clubes – o artilheiro da Segundona também teve passagem pela Vila Capanema, em 2004. No início do segundo semestre, por pouco não mudaram de ares – o paranista foi sondado pelo futebol europeu, e o atacante do Remo, pelo Goiás.

Sem ofertas que agradassem à diretoria do Paraná e ao fundo de investimento paranista, que dividem 90% de seus direitos federativos, Josiel ficou na Vila Capanema. Fábio Oliveira chegou a anunciar que não deixaria Belém por causa da torcida, que o idolatra. Mas o próprio gerente de futebol remista, Mário Fernandes, diz que a decisão não foi meramente sentimental. ?É a versão que ele apresenta à imprensa. Mas, na verdade, não houve propostas satisfatórias?, disse o cartola paraense.

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