Fraude está restrita a um árbitro, diz Zveiter

Nelson Antoine / Futura Press
Presidente do STJD se encontrou com promotores e delegado
da Polícia Federal que investigam
a máfia do apito.

São Paulo – O presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Luiz Zveiter, fez um alerta aos clubes que optarem por acionar a Justiça comum no caso do escândalo da arbitragem no futebol brasileiro. ?Quem fizer isso vai ser excluído do campeonato?, avisou o magistrado, em entrevista coletiva na tarde de ontem, em São Paulo, após encontro com os promotores e com o delegado da Polícia Federal que investigam a máfia do apito.

Zveiter voltou atrás em sua decisão de não pôr em dúvida 3 dos 11 jogos apitados por Edílson Pereira de Carvalho no Campeonato Brasileiro deste ano. ?Olhando a documentação levantada pela Polícia Federal e pelos promotores do Gaeco, percebi que se pode levantar suspeitas sobre 11 partidas e não apenas 8, como cheguei a afirmar?, admitiu ele. Assim, todos os confrontos podem ser disputados novamente.

Uma comissão de juristas escolhidos pelo STJD poderá iniciar as avaliações dos 11 jogos já na próxima semana. ?Os critérios serão técnicos?, limitou-se a dizer Zveiter, repetitivo em suas afirmações de que o Brasileiro não corre riscos. Fez até ameaças aos dirigentes descontentes. ?Quem tentar prejudicar a competição na Justiça ou usar laranjas com este fim, será expulso do campeonato.?

A decisão inicial de excluir da análise os confrontos Fluminense e Brasiliense (3 a 0), São Paulo e Corinthians (3 a 2) e Juventude e Figueirense (1 a 4) se deu por Zveiter ouvir a primeira declaração do árbitro preso sábado, na qual garantia não ter tido influência nos três resultados. ?Porém, conversei com o Edílson hoje e surgiram dados que voltam a pôr sob suspeita tais jogos.?

Assim como já tinha feito no fim de semana, Luiz Zveiter voltou a afirmar que não permitirá uma virada de mesa, inclusive na Série B do Brasileiro. ?Quem caiu (para a Série C), já caiu. Que volte no ano que vem?, disse o presidente do STJD.

E, quando perguntado sobre como deveriam agir os clubes que se sentirem prejudicados com a máfia do apito, inclusive financeiramente, o presidente do STJD foi taxativo. ?Quem perdeu dinheiro que processe o senhor Edílson Pereira de Carvalho e sua quadrilha. Eles devem ter muito dinheiro, porque apostavam alto?, afirmou Luiz Zveiter.

Após a visita à sede da Polícia Federal em São Paulo, onde está detido o árbitro Edílson Pereira de Carvalho e o empresário Nagib Fayad, ambos réus confessos, Luiz Zveiter contou que a Justiça Desportiva irá acompanhar toda a investigação criminal. E prometeu atuar com rigor para virar essa ?página negra na história do futebol brasileiro?.

Danelon depõe hoje e também pode ser preso

São Paulo – O árbitro Paulo José Danelon pode ser preso na tarde de hoje, na Superintendência da Polícia Federal. A PF ainda não confirmou o horário do depoimento dele, mas Roberto Porto, promotor do Gaeco, órgão do Ministério Público-SP, já avisou que existem provas irrefutáveis de seu envolvimento na operação ilícita que levou Edílson Pereira de Carvalho e o empresário Nagib Fayad para a prisão por manipulação de resultados do futebol brasileiro.

?Caberia a ele a função de cooptar outros árbitros?, afirmou o promotor Roberto Porto, ao revelar o papel de Paulo José Danelon na máfia do apito.

Os integrantes do Gaeco, ao lado do delegado da PF Protógenes Queiroz, podem determinar a prisão preventiva de Paulo José Danelon caso entendam que o réu venha a ser um obstáculo para as investigações. ?Nosso objetivo é que ele possa esclarecer os indícios que existem contra ele?, disse o promotor José Reinaldo Guimarães Carneiro. ?Não nego nem afirmo que haja a possibilidades de prisão.?

O advogado de Paulo José Danelon, Paulo Rogério Bonini, nega todas as acusações contra seu cliente. ?Ele nunca participou de qualquer esquema para manipular resultados, não tem relação com estas pessoas que estão sendo citadas e vamos esclarecer tudo isso à PF?, garantiu.

José Reinaldo Guimarães Carneiro disse que as investigações, iniciadas em abril deste ano, estão longe de terminar e que outras pessoas da quadrilha, formada em outubro de 2004, deverão ser presas. ?Primeiramente, queremos identificar quem são os sócios do Nagib Fayad, com quem ele trabalhava nesse esquema?, contou.

Os promotores inocentaram o irmão de Nagib, Ibrahim Luiz Fayad, seu sócio em casas de bingo em São Paulo e Piracicaba. A PF acredita que as apostas eram feitas não só nos dois sites que apareceram nas investigações, Aebet e Futbet, ambos fora do ar , mas também teriam sido acobertadas por casas de bingo do Estado.

Edílson Pereira de Carvalho recebia de R$ 10 a R$ 15 mil por jogo manipulado. Nagib Fayad seria o cabeça da operação, enquanto Paulo José Danelon buscaria árbitros e apostadores, de acordo com a tese da investigação da PF.

AL paulista já tem assinaturas para criar CPI

São Paulo – O deputado estadual Romeu Tuma Júnior (PMDB-SP) já conseguiu as assinaturas necessárias para a criação de uma CPI do Futebol, que investigaria também a chamada ?máfia do apito?, envolvendo o árbitro Edílson Pereira de Carvalho. No fim da tarde de ontem, já haviam sido colhidas mais de 50 assinaturas de deputados – eram necessárias no mínimo 32.

O próximo passo será político. Tuma articula para que a CPI do Futebol seja priorizada, sendo votada antes das 51 propostas de criação de CPIs que estão na fila na Assembléia Legislativa de São Paulo. Para isso, é preciso que os líderes de todos os partidos concordem com a urgência do tema. Até agora, só falta a assinatura dos líderes de dois partidos: PSDB e PTB.

Edílson está fora da Fifa

Zurique – Após solicitação formal da CBF, a Fifa anunciou ontem que o árbitro Edílson Pereira de Carvalho está suspenso do seu quadro de arbitragem, por envolvimento na máfia do apito que abalou o futebol brasileiro.

O comunicado oficial da entidade justifica o afastamento de Edílson Pereira de Carvalho dizendo que ele está ?sob investigação criminal da Polícia Federal brasileira por seu envolvimento no escândalo de manipulação de resultados?.

A Fifa também passa para a CBF a responsabilidade sobre a investigação e a eventual punição dos envolvidos no caso.

Voltar ao topo