Ferrari põe à prova seu poder de reação na F-1

A Ferrari coloca em prática a partir de hoje seu plano de reação no mundial de Fórmula 1. Com o início dos treinos para o GP do Brasil em Interlagos, a equipe italiana tentará reverter um quadro de inesperada inferioridade diante de seus principais adversários, que até o ano passado eram rivais só no nome ? tecnicamente, não ameaçaram o domínio ferrarista em nenhum momento.

São Paulo – O quadro é diferente neste ano, porém. A McLaren venceu as duas primeiras corridas da temporada, na Austrália e na Malásia, e a Ferrari, que ganhou 15 das 17 corridas de 2002, conseguiu um único pódio, com Rubens Barrichello em segundo lugar em Sepang.

A equipe inglesa, pelos resultados do início do mundial, aparece com ligeiro favoritismo em Interlagos. Se o calor persistir, seus pneus Michelin, que calçam também a Williams, podem ser decisivos. “A Michelin trabalhou melhor que a Bridgestone nas duas primeiras corridas e isso pode nos dar uma vantagem aqui”, disse Juan Pablo Montoya, da Williams. E quando perguntaram se Michael Schumacher poderia “atrapalhar”, o colombiano foi direto: “Ele tem chances, mas acho que suas possibilidades de vitória em Interlagos não são muito grandes”.

Há, no entanto, uma boa possibilidade de chuva durante todo o fim de semana. Nesse caso, os pilotos que usam Michelin torcem por bastante água. Em caso de chuva fraca, os pneus Bridgestone têm, em tese, uma performance melhor. E Schumacher é um especialista em piso molhado, assim como seu companheiro Barrichello.

Rubens, que só terminou um dos dez GPs do Brasil que disputou (em 1994, quarto lugar com a Jordan), não considera McLaren e Williams tão favoritas assim. “Ainda acho nosso carro velho muito competitivo”, falou o brasileiro. O novo modelo da Ferrari, a F2003-GA, ainda não tem data para estrear. “É rápido, mas não adianta ser rápido e não terminar corridas”, disse Barrichello. “Vamos testar durante três dias na semana que vem e esse carro só vai para a pista quando for totalmente confiável.”

A real velocidade da Ferrari em relação aos seus competidores será demonstrada no treino da tarde de hoje, a pré-classificação, que determina a ordem de entrada na pista dos carros no sábado, no treino que define o grid de largada. No treino, em voltas lançadas, os pilotos andam com tanque vazio. Amanhã, têm de andar com a quantidade de gasolina que levarão no tanque no início da corrida. E aí cada time usa uma estratégia diferente, pensando na prova.

Antes da pré-classificação de ontem acontecem duas sessões de treinos. A primeira vai das 8h30 às 10h30 com Renault, Jordan, Jaguar e Minardi, equipes que optaram pela sessão extra em troca de uma redução nos seus testes privados durante o ano. Das 11h às 12h acontece o primeiro treino livre. Na pré-classificação, o primeiro na pista será Kimi Raikkonen, líder do campeonato, seguido de seu companheiro David Coulthard, segundo colocado. O último a fazer sua volta lançada será Olivier Panis, da Toyota. Barrichello será o quarto a deixar os boxes, Cristiano da Matta será o 15.º e Antonio Pizzonia, o 17.º.

Pista

Pela primeira vez desde que o GP do Brasil voltou a Interlagos, em 90, o autódromo foi aprovado na vistoria sem restrições. O inspetor de segurança da FIA, Charlie Whitting gostou de todas as obras feitas no traçado paulista.

Barrichello “pagou” Robinho

A bola que Robinho meteu entre as pernas de Michael Schumacher anteontem na Vila Belmiro foi “encomendada” por Rubinho. A brincadeira foi feita ontem em Interlagos pelo piloto brasileiro. Quando lhe perguntaram por que não participou do jogo beneficente em Santos, Barrichello disse que não queria pagar o mico. “Viram o que o Robinho fez? Aqui no Brasil pega mal levar bola entre as pernas”, disse. “E quanto você pagou para ele?”, peguntou um jornalista. “Isso é segredo!”, continuou brincando Rubens.

Ao lado de Antonio Pizzonia e Cristiano da Matta, Barrichello participou da entrevista coletiva da FIA ontem em Interlagos. A possibilidade de um pódio com os três, remotíssima, foi definida como um sonho pelo ferrarista. “A gente ia fazer que nem os caras do Guns?n\Roses, pular do pódio no meio do povo”.

Os brasileiros há muito tempo não conseguem bons resultados na corrida de seu país. Embora tenham vencido o GP sete vezes, a última vitória aconteceu há dez anos, com Ayrton Senna. E os últimos pontos brasileiros na prova de Interlagos foram marcados por Barrichello no distante ano de 1994, com uma quarta posição. De lá para cá, os melhores resultados foram dois nonos lugares, de Ricardo Zonta e Tarso Marques.

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