Fernandinho mete a boca em Edu Marangon

Com quatro gols e uma atuação impecável, o Paraná Clube despachou a crise e o São Paulo. Mais do que isso, o grupo deu uma resposta às acusações do ex-técnico Edu Marangon. “Fechados” com Saulo de Freitas, os jogadores conseguiram resgatar o “espírito guerreiro” que havia sido a marca do time ao longo do primeiro turno. Destaque para Fernandinho, que de marginalizado passou à condição de titular, deu a volta por cima e ainda fechou a histórica goleada.

“Sei que o jogador às vezes não se adapta ao perfil de um treinador. Acho que foi isso que ocorreu comigo e o Edu”, comentou Fernandinho. “Desde o primeiro momento ele insistia que meu condicionamento físico não era bom.” Com mobilidade, ele foi peça-chave na articulação do meio-de-campo, ao lado de Caio e Marquinhos. Com o ex-treinador, Fernandinho só foi titular no jogo contra o Bahia e foi sacado no intervalo.

Na véspera desse jogo, Edu e seu auxiliar técnico teriam feito duras críticas ao comportamento do jogador em uma conversa informal com o procurador do atleta. “Fiquei sabendo do que rolou e isso me inibiu na partida. Sei que fui mal”. Mesmo reconhecendo que não tinha bom relacionamento com o técnico, o meia foi pego de surpresa com as acusações de Edu. “Ele mexeu com todo o grupo. Não citou nomes e parece ter esquecido que aqui há profissionais responsáveis e pais de família. Sou solteiro, mas como ficam os casados nessa história?”

O meia Marquinhos, um dos líderes do elenco, tratou de responder às insinuações de que o grupo do Paraná estava “rachado” e de que havia “panelinhas”. “Quando os resultados não acontecem, procura-se uma desculpa”, disse. “O relacionamento entre nós é muito bom e não há panelinhas. Há sim, uma grande panela, formada por mais de trinta jogadores”, rebateu. No jogo, a reação dos jogadores foi sintomática. Para mostrar união, cada gol era comemorado com os atletas que estavam no banco de reservas, sem esquecer de Saulo.

Quando fez o gol de empate, ainda no primeiro tempo, Marquinhos fez a festa com a galera e depois atravessou o gramado para abraçar o “novo” treinador. “Ele nos dá muita força e isso se reflete dentro de campo. A partida mostrou que qualidade nós temos, só faltava colocar isso prá fora”, finalizou.

Renaldo quer bater recordes no Paraná

Renaldo chegou de mansinho, mas sempre deixou claro que o objetivo era marcar sua passagem pelo Paraná Clube com gols e recordes. Mesmo com os sucessivos problemas, que culminaram com quatro mudanças de comando técnico, o artilheiro vai cumprindo a promessa. Renaldo já balançou as redes 16 vezes e é o principal artilheiro do futebol paranaense no Campeonato Brasileiro da Série A deste ano, superando o seu mais direto rival, Marcel, do Coritiba (15).

O experiente Renaldo Lopes da Cruz, 33 anos, ainda não desistiu do objetivo maior: o atacante crê ser possível repetir o feito de 1996, quando foi o principal goleador do Brasileirão, jogando pelo Atlético Mineiro. A marca ele já igualou. Naquele campeonato, fez 16 gols, ao lado de Paulo Nunes (Grêmio). Hoje, são seis gols de vantagem para o são-paulino Luís Fabiano, que tem 22. “Mas, estou crescendo na artilharia e os gols tendem a ser mais freqüentes com o estilo que o time está adotando”, aposta.

O centroavante já bateu também o recorde de Maurílio – conquistado no ano passado (14 gols) – e é o maior artilheiro do Paraná em uma edição de campeonato nacional. Com mais um gol, igualará a marca de Kléber e Alex Mineiro, que em 2001 fizeram 17 gols cada. A dupla rubro-negra detém a melhor marca do futebol paranaense em uma edição do Brasileirão. A atual marca de Renaldo já é igual à de Zé Roberto, que em 1972 fez 16 gols com a camisa do Coritiba, o maior artilheiro do clube em Nacionais.

Nesta sua nova fase no futebol paranaense, Renaldo só confirma a fama de artilheiro. Afinal, ele continua sendo o principal goleador dos últimos dez anos no futebol do Estado, em uma única temporada. No campeonato paranaense de 1993, pelo Atlético Paranaense (que o descobriu em Brasília), o atacante fez 22 gols. A marca já foi igualada duas vezes, mas jamais superada. Magrão, do Coritiba, e Kléber, do Atlético, também marcaram 22 gols nos estaduais de 1996 e 2001, respectivamente.

“O que me motiva é isso. Escrever meu nome na história de um clube”, repete sempre o jogador. Renaldo possui uma situação financeira estável – foram seis temporadas no futebol europeu, onde assegurou seu futuro – e somente neste ano, descartou duas propostas do exterior. “Hoje, o objetivo é ajudar a colocar o Paraná em destaque neste Brasileirão.”

Saulo já bateu o seu entre os treinadores

Saulo de Freitas, com os três pontos conquistados na sua reestréia, superou o aproveitamento de Cuca – até então, a melhor fase da equipe no Brasileirão. O treinador não esconde a satisfação com a reação do grupo e a performance do Paraná na partida da última quarta-feira. Sem inventar e apostando no bom entrosamento do time-base, o Tricolor conseguiu aliar volume de jogo com uma coesão defensiva. Mesmo assim, a preocupação continua sendo o elevado número de gols sofridos.

Foi a oitava partida sob o seu comando neste campeonato, dividida em duas etapas. No geral, ele atingiu 54,17% (quatro vitórias, um empate e três derrotas), contra os 50% de Cuca ao longo das dez primeiras rodadas. “Procurei dar tranqüilidade ao grupo, mas sem abrir mão de um esquema ofensivo, pois essa é a nossa característica”, disse.

Saulo de Freitas não esconde uma certa “aversão” ao 3-5-2. “Prefiro outros estilos de marcação. Eventualmente, posso até utilizar esse esquema, mas não gosto de fixar três zagueiros lá atrás, não”. Para o jogo do próximo domingo – às 16h, no ABC paulista, frente ao São Caetano -, Saulo de Freitas não poderá contar com o atacante Caio, suspenso pelo terceiro cartão amarelo. O treinador só vai definir o time após o coletivo desta tarde, mas tem duas alternativas.

A tendência é que Maurílio volte à condição de titular, formando o ataque com Renaldo. A outra opção é mais cautelosa, com a entrada de Émerson reforçando o meio-de-campo. Outra alteração certa é o retorno do goleiro Flávio, recuperado de uma contratura muscular.

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