“Fato novo” derruba Caio Júnior

Caio Júnior não é mais o treinador do Paraná Clube. A desclassificação precoce da equipe no campeonato paranaense, ocasionada pela derrota por 1 a 0 contra o Rio Branco, foi a gota d?água que tirou o treinador. Em nota oficial da diretoria, a decisão foi tomada em consenso, para criar um “fato novo”, a mesma justificativa dada quando Otacílio Gonçalves deixou o comando, justamente para a entrada do então auxiliar Caio Júnior.

Assim como aconteceu durante o Brasileirão do ano passado, quem assume o posto, interinamente, é o auxiliar técnico, cargo ocupado atualmente por Omar Feitosa. Durante a semana, o novo treinador terá o duro trabalho de manter o ânimo de seus comandados, que precisam vencer a Portuguesa Londrinense, no sábado, para não ser rebaixada.

Aparentemente sem ressentimentos, Caio Júnior garantiu que não havia outra solução para o momento. “A derrota para o Rio Branco foi a gota d?água. O elenco está precisando de uma nova motivação e decidimos que seria melhor eu sair”, disse. A pressão sofrida durante a primeira fase, um reprise da situação vivida no Brasileirão do ano passado, serviu de lição para o treinador. “Nos momentos de dificuldades, aprendemos muito. Cresci como pessoa e profissional”:

Para o treinador, o que acabou levando o time à complicada situação de ter que vencer o próximo compromisso para evitar o descenso, foi o ínico ruim no estadual. “Os maus resultados no início do campeonato desestruturaram o time. Para complicar, em vários jogos criamos muito, mas a justiça não foi feita e saímos de campo sem o resultado merecido.” Como recordação, o treinador leva a satisfação de ter revelado especialmente os garotos Fernando Lombardi, Willian, Éverton e Waldir. “Foi uma ótima experiência e que acrescentou muito na minha carreira.”

Além de Omar Feitosa, a diretoria decidiu convocar o maior artilheiro da história do clube, Saulo de Freitas, para treinar de modo específico os atacantes da equipe. Afinal, os erros de finalização têm levado a torcida à loucura e o time para as últimas posições da tabela. Em sete jogos disputados, o time da Vila marcou apenas oito gols. “Está faltando uma orientação específica aos atacantes, especialmente aos mais jovens. Vamos mudar esse panorama para a equipe fazer as pazes com os gols”, prometeu Saulo.

Ricardinho está de volta

A partir de hoje o Paraná Clube estará mais reforçado também nos bastidores. A diretoria anunciou ontem o retorno do diretor de futebol Ricardo Machado Lima, afastado desde o final do campeonato paranaense de 2001. A intenção é promover uma maior aproximação entre elenco e diretoria, o que ficou carente após o desligamento do superintendente Ocimar Bolicenho.

“Vamos sacudir a poeira e passar palavras de confiança e apoio para o elenco. É um momento delicado, mas que temos condições de superar”, diz Machado Lima.

Na manhã de hoje, quando o elenco se reapresentar na Vila Capanema, o novo diretor deve se reunir com o técnico interino Omar Feitosa para delinear os passos do time durante a semana decisiva. “Vamos ter que dar muito apoio moral para o time. Temos que tirar as cartas da manga para tirar o time dessa situação complicada”.

Desde a saída de Ocimar Bolicenho, os jogadores e comissão técnica perderam a ligação com a diretoria. Ocupado com outros departamentos do clube, o presidente Ênio Ribeiro ficou sobrecarregado e acabou passando a responsabilidade de falar sobre o planejamento do futebol para o técnico Caio Júnior. Durante toda a primeira fase, o treinador teve que defender a valorização dos pratas-da-casa, em função da impossibilidade de maiores investimentos em atletas com mais experiência. Agora, a função de falar pelo departamento de futebol caberá novamente a Ricardo Machado Lima, cabendo ao treinador falar apenas sobre o time.

Tigre vai ensinar a fazer o que mais sabia

Para solucionar a deficiência do Paraná nas finalizações, a diretoria paranista está apostando no maior artilheiro da história do clube: Saulo. Para desencanto da torcida, Saulo não voltará a infernizar as defesas adversárias, mas promete lapidar os atacantes da Vila para fazê-lo.

O ex-jogador foi confirmado ontem para ser treinador específico dos atacantes do clube e na chegada, já avisa que tudo vai mudar. “Durante esta semana, faremos um trabalho emergencial. Mas a médio prazo, muitos ajustes serão feitos. Temos ótimos atacantes, só falta valorizar as virtudes de cada um”.

Saulo fala com a autoridade de quem ajudou Márcio, hoje no Kashiwa Reysol, a tornar-se um goleador nato. “Fizemos um trabalho específico com ele para aprender a se valer de seu tamanho para proteger a bola do adversário. E deu certo”, relembra.

Sobre os novos valores do Paraná, o artilheiro acredita que esteja faltando um trabalho de fundamento e postura em campo. “O Flávio é um goleador nato, mas tem ficado muito de costas para os adversários. Ele tem que ficar de sempre de lado, para receber a bola e protegê-la dos defensores”, explica. Outro jogador destacado por Saulo é Dennys, o garoto de ouro da Vila. “Ele tem um futuro brilhante pela frente, é muito habilidoso, mas precisa aprender a bater bem com as duas pernas, o que também acontece com o Waldir”. Para o treinador de atacantes, as deficiências são reflexo da excessiva atenção dada à parte física e tática nas categorias de base. “Falta trabalhar mais os fundamentos, o que vamos fazer a partir de agora”.

Voltar ao topo