Em Sepang, Ferrari busca a redenção

Ele já não manda mais nada. A figura emblemática de Jean Todt, infalível em seu uniforme vermelho, pendurado no pit-wall da Ferrari com um antiquado, mas charmosíssimo, cronômetro manual, já não faz mais parte da rotina da Fórmula 1. À frente da esquadra vermelha desde 1993, o francês se afastou de suas funções.

Mas está na Malásia. À paisana, em trajes civis. De camiseta, debaixo do calor escaldante de Sepang, conforto ao qual não se deu o direito em todos esses anos como diretor-esportivo do time de Maranello. O francês baixinho que, com seu tom de voz sempre um ponto abaixo do desejado, comandou com mão-de-ferro a equipe nos anos em que ela conseguiu ?só? seis títulos mundiais de pilotos e sete de construtores é, agora, apenas um ex-chefe.

E diante dele, que está na Malásia porque sua namorada é uma modelo nascida no país, a Ferrari tenta apagar na próxima madrugada o vexame da estréia. Na primeira corrida sem Todt desde 1993, seus dois carros não receberam a bandeira quadriculada. Felipe Massa e Kimi Raikkonen ficaram pelo caminho com motores quebrados. O finlandês ainda marcou um pontinho, já que apenas sete carros terminaram a prova de Melbourne e ele quebrou no final.

Stefano Domenicali é o novo diretor-esportivo ferrarista. Após a prova australiana, ele pediu para que a imprensa não tratasse a equipe como se ela fosse ?um desastre?. ?Não fomos um fenômeno antes, e não somos uma tragédia agora?, falou, com o tom dramático dos italianos.

Pode até ser que a Ferrari não seja uma tragédia. Mas um novo fracasso na Malásia pode levar os mais apressados a acreditarem que é, sim. O time fez uma ótima pré-temporada, andou na frente na maior parte das sessões de treinos de que participou, mas teve muitas quebras, também.

A McLaren, maior rival da Ferrari no ano passado e, de novo, neste ano, segue tranqüila, por enquanto. Venceu a primeira corrida com Lewis Hamilton e viu o inglês começar bem os treinos para a segunda etapa do mundial, na madrugada de ontem. O grid de largada foi definido na madrugada de hoje, com a sessão que começou às 3h de Brasília.

O GP da Malásia começa às 4h do domingo, com 56 voltas. E há possibilidade de chuva.

Bom retrospecto na Malásia

A Ferrari costuma andar bem na Malásia, tem ótimo retrospecto nas primeiras edições da prova, mas não ganha lá desde 2004. Aliás, essa corrida teve alguns vencedores incomuns, como Ralf Schumacher, da Williams, em 2002, e Giancarlo Fisichella, de Renault, em 2006.

A Ferrari ganhou em 1999 (Irvine), 2000, 2001 e 2004 (Michael Schumacher). Raikkonen levou uma, em 2003, de McLaren. Alonso ganhou duas vezes: em 2005, de Renault, e no ano passado, de McLaren. Nas poles, sem contar o que aconteceu na madrugada de hoje, a Ferrari é absoluta.

Em nove edições, fez seis. Cinco delas com Schumacher: 1999, 2000, 2001, 2002 e 2004. Uma com Massa, ano passado. As outras três foram da Renault: Alonso em 2003 e 2005 e Fisichella em 2006.

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