Dois capitães destacam a força do Furacão

A história rubro-negra, marcada por tantas conquistas nos seus 83 anos de existência, pode ganhar mais um capítulo no próximo sábado. 90 minutos de jogo e uma vitória separam o elenco atleticano de 2008 do feito alcançado pela lendária equipe de 1949, o Furacão original.

Ontem, no templo rubro-negro (Arena da Baixada), aconteceu o marco para que o expressivo recorde de 11 vitórias consecutivas seja igualado quase seis décadas depois. E se o capitão é o representante de todo o grupo de jogadores, nada melhor do que um encontro entre o já imortalizado Nilo Biazetto, responsável pelo grupo de 49, e o atual capitão Claiton, que corre atrás desse reconhecimento no clube paranaense.

A pedido da Tribuna, os dois capitães se encontraram pela primeira vez e puderam conversar um pouco no gramado da Arena sobre esse momento histórico que, atualmente, une duas gerações. Claiton, com 30 anos, vive uma das melhores fases da sua carreira que conta com passagens por grandes clubes nacionais como Internacional, Santos, Botafogo e Flamengo. Nilo, com essa idade, estava deixando o futebol para se dedicar exclusivamente à sua carreira. Aos 86 anos, ele ainda trabalha como proprietário de uma empresa financeira.

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O capitão de 49 realmente torce para que a marca conquistada pelo Furacão seja alcançada e superada pelo grupo de 2008 e encara isso com muita naturalidade, pois ?o futebol é feito de metas e metas são para serem superadas?, diz. Segundo ele não dá para comparar os dois times, como muitos querem fazer, pois são épocas distintas e ?houve uma evolução muito grande no futebol, como em todas as áreas?.
?O mundo de 60 anos atrás era um e o atual é o mundo da ciência, da tecnologia. É difícil comparar a estrutura que tem no CT do Caju e a que tínhamos na Buenos Aires. Nada é igual ao que era no passado. Tudo mudou e a forma de jogar também?, despistou o capitão evitando qualquer comparação. Porém, deixou escapar em suas frases que a equipe de 49, por tudo que demonstrou em campo, não tem como ser igualada. ?O Furacão foi o Furacão e será o Furacão daqui há 50 anos. Ninguém vai conseguir destruir aquela imagem brilhante que a torcida tinha de que poderia ir a campo e ver o Atlético ganhar?, explicou.

E não é a toa que o Furacão de 49 ficará imortalizado. Além de ser a equipe que originou o apelido que o Atlético carrega até hoje e é reconhecido em todo o Brasil, o time comandado por Nilo obteve onze vitórias em doze jogos e venceu por goleada, independente do adversário. Foram 49 gols marcados e 19 sofridos e o título de campeão paranaense conquistado com três rodadas de antecedência.

Futuro

Se o elenco 2008 não chega a ser um Furacão tem todos os predicados para escrever a sua própria história, nas palavras do próprio Nilo Biazetto. ?O time atual tem apresentado um padrão de jogo extraordinário. Pode chegar a ser um Furacão e até melhor. O Atlético de hoje tem todas as condições (de superar o time de 49) especialmente devido a estrutura que hoje o clube dá aos atletas?, explicou.

O capitão Claiton também não faz comparações entre as equipes, mas destaca que a quebra do recorde é um objetivo do grupo atual.
?A gente que ser campeão. É prioridade. Mas quebrar esse recorde é uma coisa que todos pensam.
É importante porque você fica marcado na história do clube. Mas se houver algum tropeço, temos que ter tranqüilidade e saber que estamos bem na competição e buscamos o título paranaense?, finalizou.

Dois capitães destacam a força do grupo

Foto: Ciciro Back

Tanto Claiton quanto Nilo disseram que os técnicos foram fundamentais para o desempenho dos times.

Se o time atual não tem campanha tão maravilhosa quanto a de 49, e nem é tão brilhante individualmente, há um fator em comum entre eles que torna-se determinante para qualquer equipe que almeja títulos: a união do grupo.

O capitão Claiton destacou o ambiente entre os jogadores do atual elenco como determinante para a boa campanha neste início de ano. ?O ambiente de trabalho é muito bom. Todos se gostam e têm prazer em jogar. Nesse grupo há uma grande vontade de vencer. Nunca relaxamos. Temos um time em que todos querem vencer e não estão satisfeitos com o empate. É a mentalidade de um grupo vencedor?, explica.

Nilo, o capitão de 49 também destacou o espírito de companheirismo como a mola propulsora do Furacão. ?Nós éramos muito unidos, amigos mesmo.
Até de relações familiares.
Era uma amizade que transcendia o campo. Éramos companheiros?, lembra.

A participação dos técnicos também é destacada por ambos os capitães como de fundamental importância para a ascensão dos respectivos elencos. ?Depois da chegada do Ney Franco, o time melhorou muito, começou a ganhar. Isso dá confiança?, relatou Claiton. Já Nilo elogiou o trabalho do técnico Motorzinho. ?Foi um homem que colaborou muito para a existência do Furacão. Montou uma grande equipe?, finalizou.

Outra semelhança entre as equipes e que não pode ser desprezada é como elas foram montadas. O Furacão de 49 manteve a base vice-campeã de 48 e o Atlético de 2008 manteve grande parte dos jogadores de 2007.

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