Decisão sobre futuro de Miranda fica pra fevereiro

Ficou para fevereiro, possivelmente na segunda quinzena, o julgamento do presidente José Carlos de Miranda. A reunião de ontem do Conselho Deliberativo do Paraná Clube serviu apenas para que se definisse o fórum para a realização do debate. Prevaleceu a corrente que entedia ser o próprio ?conselhão? o órgão a determinar se houve ou não transações ilícitas ao longo dos quatro anos em que Miranda comandou o clube.

Alguns entendiam que o presidente afastado deveria ser julgado como um simples associado, na junta disciplinar. Mas caberá aos 400 integrantes do Deliberativo definir o futuro de Miranda no Paraná. A questão poderá variar da absolvição, caso nenhuma prova contundente seja apresentada, até a expulsão, punição máxima. Numa punição mais branda, caberia uma simples advertência ou a suspensão de até um ano.

Ao longo de 30 dias, a comissão de investigação produziu mais de dez horas de testemunhos. Tudo isso consta do relatório final. Porém, houve três conclusões distintas. Uma atribuindo culpa a Miranda (com seis adesões), outra inocentando-o (dois votos) e uma terceira, que seguia um meio-termo entre as duas outras vertentes. Os 114 conselheiros que estiveram presentes à sede da Kennedy ouviram todos os detalhes produzidos.

Alguns saíram com a cabeça feita. ?O Miranda errou. E feio?, disse o ex-presidente Aramis Tissot. Muitos, percebendo o andamento da questão, saíram antes mesmo do término da reunião. O presidente do Deliberativo, Luiz Carlos de Souza, foi taxativo: ?A reunião de hoje era para definirmos o procedimento a ser seguido?, justificou. ?Na próxima reunião, tudo será novamente colocado ao pleno e o Miranda terá o direito a apresentar suas provas, suas testemunhas. Só então, teremos um fim para esse caso?, explicou.

Reforço já está suando a camisa

Assessoria de imprensa
Léo quer começar 2008 no pique e está em pré-temporada.

O volante Léo começou ontem a sua ?pré-temporada? no Paraná Clube. Primeiro reforço do clube para as disputas do Paranaense, Copa do Brasil e Série B, o jogador teve seu cronograma de trabalhos antecipado. ?Isso é interessante, pois já estou de férias há quase um mês?, disse o jogador, que passou a trabalhar com Beto, André Luiz e Luís Henrique, outros atletas que buscam aprimorar a condição física para entrar em 2008 em plena forma e à disposição da comissão técnica.

O jogador de 24 anos se diz empolgado com a chance de atuar num novo centro, após três temporadas jogando no futebol cearense. ?Estou chegando com muita disposição. Vi alguns jogos do Paraná na Série A. Sei que o ano foi ruim, mas quero ajudar a devolver o clube à primeira divisão?, disse Léo. ?Conheço muito pouco deste grupo, mas o entrosamento vem ao natural. Com quatro ou cinco jogos a gente se acerta?, analisou.

Léo acredita que esta chance de defender o Paraná é resultado do bom desempenho que teve neste ano, vestindo a camisa do Fortaleza. Além disso, o volante já chega com uma boa dose de experiência em relação àquilo que o Tricolor terá pela frente na Segundona, a partir de maio do ano que vem. ?É uma competição diferente, onde é fundamental um grupo guerreiro. Os jogadores devem estar focados num objetivo: fazer um grande Paranaense para chegar com força na largada da Série B?, afirmou.

Canhoto, Léo se considera um segundo volante, que marca forte, mas sai para o jogo. ?Tenho um bom chute de longa distância e acho isso uma característica importante?, lembrou. Na Série B, Léo fez quatro gols, sendo dois deles de pênalti. ?Os outros, foram de fora da área?, revelou. O jogador, porém, disse não Ter preferência quanto ao sistema de jogo ou ao posicionamento em campo. ?Se precisar, faço o primeiro volante, também.?

Após iniciar carreira na Ponte Preta e rodar por alguns clubes do interior paulista, Léo foi parar no Ceará, em 2005, levado pelo técnico Roberto Fernandes. ?Depois de um ano, fui para o Fortaleza. Agora, quero ajudar o Paraná a subir e, é claro, buscar a minha valorização profissional?, disse. ?Conheci os planos do Paraná e acho que o clube tem tudo para se reencontrar.?

Léo, neste ano, também se envolveu numa polêmica. Um vídeo em que ele, Simão e Rogerinho cantam um funk -fazendo alusões a noitadas – foi disponibilizado na internet. ?Foi um erro do Simão. Já dei uma dura nele por causa disso?, explicou Léo, afirmando que a gravação era apenas uma brincadeira e que não deveria ser levada a público. ?Não deveríamos nos expor daquela maneira?, admitiu o jogador, que ficou conhecido como um dos integrantes do ?trio boladão?.

Xerifão a caminho do Catar

O zagueiro Neguete já não faz mais parte do elenco tricolor. A rescisão de seu contrato foi definida ontem pela manhã, num acordo entre as partes. Neguete – que fechou a temporada como titular da defesa ? disputou 27 jogos pelo Paraná, apenas no último Brasileirão. A proposição para o encerramento do vínculo partiu do próprio atleta, que recebeu proposta do Catar.

?Não colocamos empecilho e o jogador está liberado?, resumiu o vice de futebol Durval Lara Ribeiro. Neguete tinha contrato com o Tricolor até o final de abril do ano que vem. ?Ele deu sua contribuição ao clube nesses anos. Mas o ciclo se encerrou?, disse Vavá. A saída do jogador deve fazer com que o clube parta à procura de outro zagueiro.

Ainda mais com a eventual saída de Daniel Marques, que também teria proposta do exterior. Hoje, o Paraná conta para o setor apenas com Luís Henrique, João Paulo e João Vitor. Nem ainda negocia a renovação de seu contrato. Toninho e Da Silva estão fora dos planos. O vice de futebol disse já ter alguns nomes em vista, mas não antecipou nada. A rigor, Vavá busca um zagueiro, um meia-esquerda e um atacante de velocidade como peças prioritárias para o início da temporada.

Agora Tricolor já é maior de idade

O Paraná Clube completa hoje a sua maioridade, num clima de absoluta resignação. Há um ano, o astral era outro: o Tricolor vivia a expectativa de sua primeira Libertadores da América. Nesse mesmo período, o então presidente José Carlos de Miranda estava no Paraguai, esperando o sorteio para conhecer o primeiro adversário do clube na competição continental. Hoje, o clube amarga o rebaixamento para a Série B, após uma temporada de fracassos no campo e de deslizes morais na sua administração.

A partir de hoje, com 18 anos, o Paraná tenta dar início a um processo de reestruturação. Em especial no seu departamento de futebol. Apesar do afastamento de Miranda e de tudo o que esse imbróglio desencadeou, não surgiu uma oposição com força no clube. As ações de Miranda foram desvinculadas dos demais integrantes do conselho diretor e o processo sucessório teve ares de aclamação. Agora na condição de presidente, Aurival Correia, até então vice, terá a missão de reconduzir o Tricolor à elite nacional.

Nesses dezoito anos de existência, o Paraná só se deparou com essa situação uma vez: em 1999. Naquele ano, por força de um regulamento no mínimo ?esquisito?, o clube foi rebaixado pela média das duas últimas temporadas. No ano seguinte, disputou a Copa João Havelange no Módulo Amarelo, conquistou seu segundo título nacional (ambos da Segundona) e voltou à primeira divisão do futebol brasileiro. E é exatamente esse o ?pedido de Natal? dos tricolores: que a passagem do clube pela Série B seja breve.

A amargura momentânea contrasta com aquilo que o Paraná conquistou ao longo de sua história. Em apenas dezoito anos, foram sete títulos estaduais e dois brasileiros. Isso sem contar as muitas conquistas nas divisões de base. Um perfil que todos esperam ver estampado no rosto de cada jogador em 2008, onde o desafio do departamento de futebol é mostrar força – e competência – na montagem de um elenco competitivo e guerreiro. Foi com essa mentalidade que o Tricolor obteve seus melhores resultados e é com o resgate dessa moral que espera novamente orgulhar seu torcedor, ainda triste pelo recente insucesso.

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