Luto no futebol: adeus, Vadão

Vadão: bom amigo, bom conselheiro, grande treinador. Foto: Albari Rosa/Arquivo

A notícia que infelizmente já se esperava acabou sendo confirmada no início da tarde desta segunda-feira (25). O câncer nos levou Oswaldo Alvarez, o Vadão. Se muitos têm apenas a visão do ex-técnico da seleção brasileira feminina, a importância dele é ainda maior. Para nós, paranaenses, fica a certeza de que o DNA do Athletico tem muito do pensamento de Vadão sobre o futebol.

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O trabalho de Oswaldo Alvarez surgiu com tudo naquele Mogi Mirim, o “carrossel caipira”. Num Brasil que não sabia direito como jogar com três zagueiros, ainda mais no pós-Copa de 1990, Vadão implementou o 3-5-2 no clube paulista, com Capone cumprindo à perfeição o papel de líbero e com velocidade e movimentação na frente com Leto, Válber e Rivaldo.

Sempre que pensarem em equipes brasileiras que brilharam com três zagueiros (vide Paraná em 2000, Athletico em 2001 e a seleção pentacampeã em 2002), tenham em mente que Vadão está na origem da implantação do 3-5-2 no País.

Na Baixada

No Campeonato Brasileiro de 1999, o treinador chegou no Athletico. Encontrou um elenco jovem e renovado, sem peças que haviam brilhado na fase de “recuperação” do Furacão. Com a Arena da Baixada recém-inaugurada, havia condições de criar um modo de jogar – forte em casa, veloz e intenso. Vadão era o profissional perfeito para aquela construção.

Não jogou com três zagueiros, mas tinha em Fabiano, atuando como primeiro volante, o cérebro do sistema tático. Com ele e Axel marcando, além de dois zagueiros de porte (Reginaldo e Leonardo Valença, com Gustavo na reserva), era possível ter Alberto livre para apoiar pela direita e escalar o ‘quadrado mágico’. Vadão colocou Adriano, Kelly, Lucas e Kléber juntos.

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Gustavo e Flávio estavam no time de Vadão em 1999, e depois foram campeões brasileiros. Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Ali se desenhou o que hoje o Athletico chama de DNA rubro-negro – inclusive em campanhas de marketing. Lembra-se muito de Mário Sérgio e de Geninho, por conta do time campeão brasileiro de 2001, mas aquela equipe só foi possível porque em 1999 o Furacão jogou bem, teve vitórias expressivas e garantiu a vaga na Libertadores de 2000.

Vadão voltou ao Rubro-Negro, mas o que ele construiu com uma comissão técnica de estrelas – Walter Grassmann, Riva, Eudes Pedro, Luís Fernando Cordeiro, Edilson Thiele, Bolinha – vive no Athletico até hoje. E ajuda a entender porque o clube subiu de patamar nas últimas décadas. Oswaldo Alvarez tem seu nome firmado na história do Furacão.

Obrigado, Vadão

Particularmente é muito triste para mim saber da morte do Vadão. Depois de passar seis meses cobrindo o Paraná Clube na rádio Cidade, fui deslocado para o Athletico na segunda rodada do Brasileirão de 1999. O meu tempo como setorista do Furacão foi exatamente a primeira passagem de Oswaldo Alvarez na Baixada – até a final do Paranaense de 2000, vencida pelo Rubro-Negro diante do Coritiba.

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Com treinos liberados, podíamos ver o trabalho da comissão técnica, e entender o que Vadão queria do time e pensava sobre o futebol. As conversas com ele e os treinamentos no CT do Caju tiveram e têm influência gigante no meu trabalho como comentarista. Ele sabia disso, sempre que ele vinha a Curitiba eu aproveitava para agradecer. Repito aqui: obrigado, Vadão.


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