Pós-coronavírus: queda de braço pelo futuro do futebol brasileiro

O presidente da CBF, Rogério Caboclo, está sendo pressionado por todos os lados do nosso futebol. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Os últimos três dias não tiveram apenas o salto exponencial de casos no Brasil de contágio do novo coronavírus. Em uma reunião cheia de cabeças coroadas, a Confederação Brasileira de Futebol apresentou os números da entidade em 2019. Com os cofres cheios, ficamos no aguardo que parte desse faturamento seja repassado aos clubes menores, que vão perder calendário por conta das medidas de segurança.

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O outro assunto veio que veio atropelando os cartolas. A rapidez com que se alastra o covid-19 obrigou CBF e federações estaduais a interromper as competições por tempo indeterminado. E, por mais que estejamos bem longe de uma estabilização na pandemia de coronavírus, os dirigentes já fazem planos para o retorno das atividades no futebol brasileiro.

A perspectiva mais otimista no momento foi aberta pela Conmebol. A entidade sul-americana quer retomar os jogos da Copa Libertadores no dia 5 de maio, uma terça-feira. Desta sexta (20) até lá são exatos 46 dias, seis semanas e meia. Portanto, na melhor situação serão 13 datas retiradas do calendário – de partidas dos estaduais, da Copa do Brasil, da Libertadores, da Sul-Americana e das Eliminatórias da Copa do Mundo.

Quem vai ceder?

Por aqui, a queda de braço começou com tudo. As federações querem encerrar seus campeonatos – e usando todas as datas possíveis. Em entrevista à rádio Transamérica, o presidente da FPF, Hélio Cury, disse que “futebol se decide no campo. Pode demorar mais ou menos, mas temos que fazer a decisão do campeonato”. Em entrevista ao GloboEsporte.com, a presidente da federação paraibana, Michelle Ramalho, disse que se algo for mudar, é o Campeonato Brasileiro. E que o presidente da CBF, Rogério Caboclo, concordava com isso.

Hélio Cury, presidente da FPF, quer seis datas para encerrar o Paranaense. Foto: Felipe Rosa/Arquivo

Certamente não é o que os clubes acham – pelo menos os que disputam campeonatos nacionais. São poucas equipes que defendem um retorno do mata-mata, e nesse caso não por questões de datas, mas para minar um possível amplo domínio do Flamengo no Brasileirão. Só que tem um grande detalhe: quem paga a conta? Conversei com dirigentes de clubes e eles garantem que a detentora dos direitos de transmissão não aceita mudança na fórmula. Se não tivermos 38 rodadas, não haverá pagamento integral das cotas da TV.

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Há quem defenda a adaptação do calendário do nosso futebol imediatamente, adequando-o à Europa. O Cianorte veio a público defender o encerramento do Paranaense. Ideias vão surgir, mas a CBF terá que encontrar uma solução minimamente decente. Em negociações, se um não cede, o negócio não sai. Então, é preciso que todos compreendam a situação de emergência que vivemos. Quando o futebol voltar, poderemos ter a chance de encaminhar mudanças profundas. E que elas ajudem a criar mais forças financeiras e esportivas, e não concentrar muito poder, muito dinheiro e muitas conquistas em poucos clubes e entidades.

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