Volta do futebol: não podemos colocar o carro na frente dos bois

Ainda não é hora de o futebol voltar. Foto: Marcelo Andrade/Arquivo

Nos últimos textos em que tratei de possibilidades do retorno do futebol – brasileiro e mundial -, recebi comentários críticos. A avaliação da maioria é semelhante: o futebol é algo supérfluo para ser discutido em um momento de pandemia do novo coronavírus. É preciso ter foco em situações mais importantes e não se teremos partidas nas próximas semanas ou meses.

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Esses argumentos fazem todo sentido. Claro que temos que priorizar outras coisas tanto agora quanto depois, quando recomeçarmos as atividades suspensas. Como disseram algumas autoridades, a volta será gradual, com todo o cuidado possível para que não tenhamos uma segunda onda de contágio.

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Mas é inevitável, ainda mais aqui, onde falamos de esporte, não buscarmos soluções para o futebol pós-pandemia. Como vamos preservar atletas, comissões técnicas e árbitros? Quantas pessoas serão necessárias para a logística dos eventos, já que os portões estarão fechados? Como ajustar as datas para a realização das partidas? São situações que precisam ser pensadas já.

É assim para todas as atividades. No momento em que houver autorização da saúde pública pro futebol, é preciso ter todo o planejamento definido e pronto para execução. Por isso, é preciso conversar, tratar as variáveis, encontrar caminhos e definir prioridades. Como os clubes fizeram, ao enviar à Globo um documento garantindo a realização do Campeonato Brasileiro com 38 rodadas.

Calma lá!

Dito tudo isto, é preciso também lembrar do ditado popular, e não colocar o carro na frente dos bois. Voltar com o futebol sem a certeza de que não haverá risco para os envolvidos é uma irresponsabilidade. Tinha clube querendo voltar a treinar na segunda (20). Neste momento, pensar nisso é loucura.

E mesmo a ideia que surge de retomar as competições em 15 de maio é arriscada demais. Na Europa, onde o combate ao coronavírus acontece há mais tempo, apenas a Alemanha pensa em voltar já – e isso por conta do sucesso do isolamento no país.

Futebol é esporte, negócio, emprego e entretenimento. Mas é feito de pessoas. E por isso a volta das atividades precisa seguir todas as orientações das autoridades competentes, inclusive e principalmente a do tempo certo. Retornar na correria é uma insanidade.

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