Consciência social no futebol paranaense: melhoramos, mas ainda falta muita coisa

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A campanha de apoio ao Erastinho feita pelo Paraná Clube conquistou o futebol paranaense. Mas podemos mais. Foto: Divulgação/PRC

Esta semana foi marcada por diversas ações sociais envolvendo o futebol paranaense. A mais marcante delas foi a do Paraná Clube com o recém-inaugurado Erastinho, hospital referência em oncologia infantil. Foi a história da camisa do Thales com o número 3 invertido no jogo contra o Vitória. Como ninguém sabia o que era, pareceu uma barbeiragem. Mas quando surgiu a parceria, todo mundo aplaudiu.

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Da mesma forma outros clubes – em primeiro plano Athletico, Coritiba, Londrina e Operário, além do Paraná – mantêm projetos bastante interessantes e se engajam em diversas parcerias com organizações sociais. É um papel decisivo dos clubes. Falei aqui mesmo, quando da triste partida do Rodrigo Rodrigues, que o futebol tem que construir pontes e não erguer muros.

Somos todos formadores de opinião. Mas, claro, alguns são mais que outros, e os clubes são mais que quase todos no esporte. Por isso, cada ação que é feita ajuda muito. E, se no futebol paranaense somos vanguarda no apoio a algumas iniciativas (outubro rosa, vacinação, doação de medula, prevenção de acidentes de trânsito), estamos engatinhando em temas super importantes.

Dedo na ferida

Falta ainda coragem para brigar por questões que mobilizam a sociedade. A principal delas é a luta contra o racismo. É uma ferida aberta na sociedade brasileira, que precisa ser discutida e ter a participação do futebol, que é um sonho de tantas crianças negras que sofrem com o preconceito e com a falta de oportunidades. Não podemos apenas ser contrários ao racismo, é hora de ações afirmativas.

E nossos clubes precisam entrar nessa de cabeça. Não pode ser um assunto que entre na pauta quando acontece um caso específico. É uma luta de todo dia, apoiando todas as iniciativas que permitam a igualdade de oportunidades para as raças. E também lutando para não permitir que racistas usem os clubes.

E o futebol paranaense também tem que abraçar as minorias. É inacreditável como ainda se lida com preconceito diante dos coletivos LGBT – temos grupos bastante organizados de Paraná, Coritiba e Athletico. No dia do orgulho LGBT, Tricolor e Coxa fizeram manifestações já no final da noite, o Operário teve que retirar a postagem que fez por conta da crítica de ‘torcedores’ e o Athletico nem se manifestou. Qual é o medo?

Mulheres no futebol paranaense

Lembro como foi difícil para as mulheres encontrarem espaço no futebol paranaense. Tanto nas arquibancadas, como nos clubes e na imprensa. Hoje, os grupos de torcedoras estão integrados à realidade dos nossos times, sendo aceitos e valorizados. Na imprensa, cada vez mais jornalistas ocupam espaços importantes. Ainda estamos longe do ideal, mas elas estão marcando cada vez mais presença.

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Falta agora aos clubes entenderem que a paixão não tem cor nem orientação nem credo. Torcedores são sempre torcedores, sejam quem eles forem. E, se ficar mais compreensível para alguns dirigentes, todos também serão consumidores se forem acolhidos. E precisamos vencer o preconceito, ser referência também nisso. Ainda precisamos mudar a mente de muita gente, dentro e fora dos clubes.