Torcida coxa-branca mata saudades do Couto

O dia 6 de dezembro de 2009 finalmente é passado para o Coritiba. De alma lavada, a galera coxa-branca reencontrou sua casa e deixou para trás a violência e o vandalismo que lamentavelmente mancharam a imagem da nação alviverde.

Ontem, quem foi ao Couto Pereira viu em ação a verdadeira torcida do Coxa. O povão que sofreu com os mais de quatro meses de exílio pôde mais uma vez encher as arquibancadas e fazer o que sabe melhor: empurrar o time.

Ansiosa por matar a saudade, muita gente chegou cedo. “Não vejo a hora de entrar e pisar no estádio novamente. Acompanhei três jogos em Joinville, mas é muito diferente do que estar aqui, na nossa casa”, dizia o comerciante Gabriel Scavuzzi, em frente aos portões ainda fechados.

Quando o Couto finalmente reabriu, a torcida, em seu devido lugar, criou o clima perfeito para o retorno. Muito papel, fumaça, vibração e energia para os jogadores do Coxa.

Nas cadeiras sociais, o ídolo Rafael Cammarota também marcava presença para rever o Cori. “Foram quase seis meses longe… Tem que ser superado. Agora, o torcedor tem que pensar duas vezes antes de invadir ou atirar qualquer coisa no campo”, pedia o goleiro do time campeão brasileiro de 1985.

Como sempre, uma minoria que gosta de estragar a festa tentou aparecer. Próximo às entradas da rua Amâncio Moro, uma briga começou pouco antes de a bola rolar, mas foi rapidamente dispersada pela polícia.

Reforçado e com mais de 800 homens dentro e no entorno do estádio, o policiamento não teve muito trabalho. O Coritiba também investiu pesado para prevenir qualquer ocorrência, com cerca de 250 seguranças particulares. “Todo esse policiamento deveria ter estado aqui naquele jogo contra o Fluminense. Certamente aquilo não teria acontecido”, constatou Rafael.

Com a paz assegurada, só faltava o time dar a resposta em campo para a festa ficar completa. E após um primeiro tempo sofrido, com a Portuguesa criando mais chances de gol, o Coxa deslanchou na segunda etapa, com dois gols que fizeram a galera explodir de alegria.

Casa cheia, vitória, retorno à liderança e caminho aberto para o retorno à Série A. No final, tudo de certo na volta ao Alto da Glória. “Esperamos que a partir de hoje seja sempre assim e que aquelas cenas não se repitam nunca mais. Hoje, só tivemos alegria e é para isso que existe o futebol”, resumiu o estudante Marcelo Santos Lacerda, com uma imensa bandeira alviverde na janela do carro.