Da alegria à agonia

Tinha tudo pra dar certo pro Coxa. Mas não deu

Um jogo como o Corinthians 2×1 Coritiba, sábado, na Arena Corinthians, é sempre inesquecível. Para o torcedor coxa, até os 44 minutos do segundo tempo estava sendo inesquecível porque era uma jornada heroica de um time totalmente desacreditado contra um dos candidatos ao título brasileiro. Dos 44 em diante, virou inesquecível por ser um pesadelo daqueles em que você acorda assustado pensando que o mundo vai acabar. E a virada aplicada pelo Timão foi mesmo o fim do mundo para o Cori.

Da escalação até o posicionamento em campo, Pachequinho deixou clara a opção pela organização defensiva – que foi fundamental em seu período como interino ano passado, quando ajudou a tirar o Coxa da zona de rebaixamento. Eram duas linhas de quatro: na primeira, Dodô, Rafael Marques, Luccas Claro e Juninho, este improvisado na esquerda para bloquear as subidas de Fagner e também ajudar na bola alta defensiva; na segunda, Ruy, João Paulo, Juan e Negueba. Um pouco mais à frente, César Gonzalez. E isolado no ataque, Kléber. É bom o torcedor se acostumar a essa forma de jogar, pois assim será quando o Cori atuar fora de casa, e até em alguns jogos no Couto Pereira.

Atuando no erro do Corinthians e tentando surpreender nos contra-ataques, o Coritiba deu campo para os donos da casa jogarem. E no final das contas a pressão foi constante em toda a partida, apenas variando de intensidade. Era necessário acertar uma jogada. E ela acontece no finalzinho do primeiro tempo. Gonzalez roubou a bola e lançou Dodô, que acertou um passe precioso para Negueba. Sempre atuando melhor fora de Curitiba, o atacante arrancou e tocou na saída de Walter. Era o gol que o Coxa precisava.

Em desvantagem, Tite partiu para uma tática quase suicida. Foi tirando defensores e colocando atacantes, algo raro para um treinador que privilegia a tática. Mas havia motivo para sacar Bruno Henrique e Pedro Henrique para colocar Danilo e André. Com apenas Kléber na frente, e com o próprio Gladiador também voltando para marcar (“A gente recuou demais”, reclamou o atacante ao final do jogo), o risco do contra-ataque alviverde era mínimo.

Tanto que de verdade o Coxa teve apenas uma chance no segundo tempo, mas daquelas que resolveriam o jogo. Partiram Juan, Kléber e Negueba. Juan ficou livre, cara a cara com Walter, mas chutou em cima do goleiro. Foi como se o Timão recebesse um aviso – agora é possível atacar com tudo. E foi uma avalanche. Como disse Kléber, “com tanta bola na área uma hora eles iriam marcar”.

E marcaram. Duas vezes. E o destaque foi Uendel, que estava sendo anulado por Dodô até a saída do lateral alviverde com dores musculares.  Primeiro ele criou a jogada para o contestado André, que em cima do Coxa conseguiu se reabilitar com a torcida. Eram 44 minutos. Aos 49, o próprio Uendel marcou, levando o Itaquerão ao delírio e o Coritiba ao pesadelo. Um pesadelo conhecido, mas que não sai da mente dos torcedores.

Quando éramos reis! Veja a opinião sempre polêmica de Augusto Mafuz!