Segurança no Couto foi feita por uma empresa de limpeza

“Limpeza em prédios e em domicílios”. “Atividades de limpeza não especificadas anteriormente”. São essas as descrições da empresa contratada pelo Coritiba para desenvolver a segurança na partida contra o Fluminense, que terminou em brigas e invasão de campo no Estádio Couto Pereira.

É o que consta no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da Defenser Vigilância e Serviços. De acordo com o Sindicato dos Vigilantes de Curitiba, a empresa sequer poderia estar inscrita entre as licenciadas pela Polícia Federal para desempenhar atividades de segurança privada.

Defenser e Coritiba foram denunciados ontem na Polícia Federal pelo presidente do sindicato, João Soares. “Essa empresa é ilegal. Se o clube tivesse contratado uma empresa de segurança privada reconhecida, a própria empresa se responsabilizaria pelos problemas no estádio”, explica.

O valor médio repassado pelo contratante para a empresa por cada segurança contratado é de R$100, segundo o presidente do sindicato. Ele afirma que o clube pagaria um valor semelhante caso contratasse uma empresa de segurança legalizada.

“A diferença está nos encargos. Uma empresa devidamente reconhecida pela Polícia Federal paga os tributos de cada funcionário. As irregulares não pagam. Sem nenhuma responsabilidade assumida pela empresa, na verdade, quem ganhou dinheiro ali foi o atravessador”, explica Soares.

Os valores não foram confirmados pelo Coritiba, que também não nomeou seu responsável pela contratação de seguranças. Um documento referente à empresa de segurança, repassado pelo clube à imprensa, aponta Adilson José Mazon como responsável pela Defenser.

A empresa de “vigilância” tem endereço sede localizado em Colombo, região metropolitana de Curitiba, segundo consta no CNPJ. A Polícia Federal confirmou a denúncia e disse ter notificado o clube, requisitando dados relacionados a Defenser.

De acordo com o Agente de Polícia Federal Wilson Ferreira Bonfim, “empresa e clube serão notificados assim que a Delegacia de Segurança Privada da PF no Paraná receber e analisar a documentação”.

Como pena pela atividade ilegal, caso condenada, a empresa pode ter ainda hoje suas atividades encerradas. O clube também será comunicado. Caso insista na contratação de empresas não reconhecidas pela Polícia Federal, corre risco de ser responsabilizado por qualquer incidente ocorrido em seus domínios.

Em nota oficial, o Coritiba afirmou que trata-se de um “assunto administrativo com detalhes e informações concernentes ao Clube, à empresa e à Polícia Federal (único órgão fiscalizador desta atividade), e tais fatos estão sendo acompanhados pela referida autoridade.

Ainda asseguramos: o Coritiba Foot Ball Club, por orientação da PF já havia solicitado providências à empresa – que presta serviços ao Clube e outros da capital – para que se regularizasse nos termos da referida orientação. Tal solicitação já estava sendo providenciada pela mesma. Demais providências serão as aconselhadas pela Polícia Federal”. A reportagem entrou em contato com o telefone de identificação da empresa presente no relatório emitido ao Coritiba, sobre o número de seguranças.

Atendida por uma pessoa identificada como Sargento Bião, recebeu a seguinte resposta ao questionar sobre a ilegalidade da Defenser em relação ao registro na Polícia Federal: “Confere. A Defenser é uma empresa de serviços. Tem CNPJ, tudo mais. Foi comprada faz aproximadamente um mês e meio. Desse tempo pra cá, estamos procurando a Polícia Federal para regulamentar a empresa”, disse ele. Pouco depois, desligou o telefone, nem entrou em contato, para dar outras explicações.