Coritiba mais ofensivo na decisão

A melhor defesa é o ataque. É com essa máxima do futebol que o Coritiba vai buscar o título de campeão paranaense de 2004 no domingo, às 16h, na Arena, uma vez que todos fazem questão de deixar claro que a desclassificação na Libertadores já é passado.

A vantagem de jogar por um empate para erguer a taça, o que foi conquistado com a vitória por 2 a 1 no primeiro jogo, está em segundo plano para o técnico Antônio Lopes. “Vamos entrar para ganhar o jogo. Nosso objetivo é sempre a vitória. Não desprezamos a vantagem, mas vamos para cima”, diz o treinador.

A prova clara dessa postura é o anúncio antecipado da formação da equipe. “Vai jogar o time ideal, com força total”, disse sem citar nomes, mas confirmando que o atacante Tuta estará entre os relacionados. Desta forma, mesmo tendo rasgado elogios ao lépido Rodrigo Batatinha, principal articulador das jogadas ofensivas no primeiro jogo, a tendência é que o meia saia do time titular para dar lugar a Tuta. Com essa formação ofensiva, Luís Mário terá a função de ligar o meio-de-campo ao ataque.

Quanto ao lateral-esquerdo Adriano, que deixou o gramado contundido no segundo tempo da partida contra o Sporting Cristal, na terça-feira, o treinador foi enfático. “Ele queria voltar, mas decidimos poupá-lo e escalamos o Ricardinho. Tenho plena convicção de que ele jogará o último jogo”, disse Lopes, com um ar de Nostradamus. Ontem, Adriano afirmou que as dores na coxa estavam mais amenas, mas a certeza de que poderá entrar em campo do no domingo só virá hoje. “Serei submetido a uma ressonância para constatar se não houve lesão. Torço para que esteja tudo bem. Afinal, quem quer ficar de fora da final?”, questionou um dos principais jogadores do elenco.

Libertadores

Um dia após a desclassificação na Copa Libertadores da América, não havia como o assunto não voltar à tona. Apesar da saída precoce da disputa, a vitória expressiva por 2 a 0 na terça-feira deu à participação ares de dever cumprido. “É lógico que queríamos seguir. Mas vale lembrar que pegamos um time em formação, com apenas três atletas considerados titulares”, diz Lopes. De fato, na primeira fase o Coritiba conquistou apenas um ponto, contra sete na segunda fase. “Tivemos ótima recuperação. Pena que não foi suficiente. Agora, é concentrar no estadual.”

Apesar de se tratar de outra competição, Lopes não esconde que a boa vitória contra o Cristal pode servir de aparato psicológico para o grupo. “Jogamos bem e isso dá confiança ao grupo. Uma vitória é sempre boa, em qualquer circunstância.”

Tuta pede licença e quer marcar na sua 1.ª decisão

A defesa atleticana que se prepare: Tuta está na área. O atacante volta a treinar com o grupo hoje à tarde, no CT da Graciosa, após dez dias no estaleiro devido a uma contratura no adutor da coxa direita. Confirmado de antemão pelo técnico Antônio Lopes na equipe titular, o jogador prefere esperar para testar a sua recuperação, mas não esconde a vontade acima da média de entrar em campo. Além de ser uma decisão de título, Tuta viverá a experiência de jogar pela primeira vez com a camisa coxa-branca contra o Atlético, time pelo qual foi artilheiro no campeonato paranaense de 1998, com 19 gols.

“Eu já joguei contra o Atlético pelo Palmeiras e pelo Vitória. Venci as duas vezes. Mas nada se compara ao fato de eu estar jogando no arquirrival deles”, diz o artilheiro, que no Coritiba mantém a fama de matador – foram quatro gols em cinco jogos disputados. O jogo de domingo também marcará a estréia de Tuta na nova Arena, já que ele nunca teve a oportunidade de jogar no Joaquim Américo após a reforma que fez dele o estádio mais moderno do Brasil. “Eu nem consigo imaginar como vai ser. Esses dias, um torcedor atleticano me parou na rua pedindo para eu não fazer gol no time deles. Mas agora estou do outro lado e tenho que honrar a camisa do Coritiba”, diz.

Amigos

Entretanto, apesar de ter mudado de lado, Tuta não esconde que fora de campo, ainda nutre afeto por algumas pessoas que fazem o Atlético, especialmente do departamento médico. Para quem não se recorda, Tuta ficou fora de combate no Rubro-negro por 4 meses – o que o tirou da final em Atletiba de 98 -e os médicos atleticanos foram fundamentais para a sua recuperação. “Recebi uma entrada de um jogador do Paraná, o Wágner, e o campeonato acabou para mim. Talvez por isso eu tenha tanta gana de disputar essa final. Será a minha primeira no futebol paranaense”, diz animado. O chefe do departamento médico do Atlético, Edílson Tiele, inclusive o operou no ano passado, para a retirada da placa de seu tornozelo. Na época, Tuta jamais imaginaria que jogaria pelo Coritiba, mas garante. “A proximidade fica bem longe das quatro linhas. Saí do Atlético há seis anos, passei por vários clubes e o destino me trouxe para cá. Fico feliz de ter vencido a desconfiança da torcida coxa-branca, que temia que eu não fosse o mesmo artilheiro. Provei em campo e hoje tenho o apoio da galera. Como retribuição, só posso dar a ela o título”, diz. E que doa a quem doer.

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