Uma nova era pode estar começando no futebol paranaense. Na noite de ontem, 24 clubes profissionais do Estado, reunidos em um hotel de Curitiba, definiram a criação da Associação dos Clubes Profissionais do Paraná. O objetivo é que os times trabalhem em conjunto, ganhando mais força na defesa de seus interesses comuns.
A reunião de ontem contou com a presença de representantes das 16 equipes da Série A e dos oito clubes da Divisão de Acesso. Da pauta de sete itens, apenas a criação da associação saiu do papel. Assuntos como a transmissão do campeonato estadual, arbitragem e calendário esportivo para os próximos anos ficaram para um novo encontro.
A iniciativa de criar uma entidade local para representar os clubes é inédita no Brasil. Ela funcionará nos moldes do Clube dos 13, que une as principais equipes do País e é responsável por ações como a negociação dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. Uma maneira de tornar os times menos dependentes da Federação Paranaense de Futebol (FPF).
Articulado e organizado pelo Atlético, o encontro de ontem foi o primeiro passo para estabelecer uma posição conjunta em uma séries de temas. ?Não criamos uma liga, uma nova federação ou qualquer entidade com fins lucrativos. Simplesmente acertamos a formação de associação. Não houve nenhuma decisão política ou sobre contratos, mas o compromisso de decidir isso mais tarde?, diz o presidente do Conselho Deliberativo do Furacão, Mário Celso Petraglia.
Uma nova reunião está marcada para o dia 28 de abril, quando deve ser definido o estatuto e a diretoria da associação. Até lá, Atlético, Coritiba, Paraná Clube, Londrina, Portuguesa, Rio Branco, Adap Galo e um representante da Divisão de Acesso ficarão responsáveis por unir as propostas e interesses de todos os clubes.
Quando isso acontecer, a FPF já terá um novo presidente, já que as eleições da entidade estão marcadas para a próxima sexta-feira (18). Ontem, os clubes deixaram o encontro sem definir apoio a nenhum dos candidatos. ?Pretendíamos fechar um posicionamento político, para que fosse debatido com os candidatos e condicionarmos nosso apoio a quem se comprometesse. Mas decidiu-se por não politizar a reunião?, revela o presidente do Coritiba, Jair Cirino.
Reforma
Pelo menos em um ponto, além da criação da associação, todos os clubes presentes concordaram: a necessidade de uma ampla reforma do estatuto da FPF. ?Temos que fazer isso o mais breve possível e inaugurar um novo momento na federação. Não é aceitável que os votos de Atlético, Paraná e Coritiba tenham o mesmo peso das ligas amadoras?, defende Cirino.
Discurso afinado com o dos rivais. ?Os clubes profissionais não podem esperar que seus problemas sejam resolvidos pela FPF, que por uma distorção histórica defende os interesses dos amadores. Existem questões macro que devemos decidir em bloco?, afirma João Augusto Fleury, presidente do Conselho Administrativo do Atlético.
?Estamos solidários com o movimento e comungamos com a necessidade de mudança nos estatutos da FPF e de um novo regulamento para campeonato estadual?, diz o presidente do Paraná, Aurival Correia.
Iguais
Com presença maciça, os times do interior também deixaram a reunião satisfeitos. ?Hoje recebemos dos clubes da capital uma grande demonstração de solidariedade com seus coirmãos. Eles possuem calendário durante todo o ano e estão tentando se colocar no nosso lugar para nos ajudar?, elogiou o presidente do Adap Galo, Adílson Batista.
?O Paraná está inovando no futebol brasileiro. Tivemos a presença de todos os clubes e a oportunidade de uma união. Isso mostra o peso político que nós clubes podemos ter, e o mais importante é que saímos unidos?, comemorou Peter Silva, presidente do Londrina.
Fundadores
Estiveram representados na reunião de ontem e serão membros da nova Associação os clubes Astrel, AFA Umuarama, Foz do Iguaçu, Toledo, Real Brasil, Rio Branco, Paraná, Londrina, J. Malucelli, Iraty, Coritiba, Atlético, Cianorte, Cascavel, Paranavaí, Adap Galo, Portuguesa, Engenheiro Beltrão, Iguaçu, Roma, Nacional, Operário, Francisco Beltrão e Campo Mourão.