Clássico opõe o invicto Atlético e o jovem Paraná Clube

Um jogo com vários protagonistas. É o confronto desta tarde na Arena da Baixada. Às 17h começa o clássico Atlético x Paraná – dois times que acirraram sua rivalidade nos últimos anos e que lutam por condições distintas no Campeonato Paranaense. Líder, com 100% de aproveitamento, o Furacão chega ao jogo como favorito. Fora até da zona de classificação, o Tricolor precisa vencer os prognósticos para comprovar sua recuperação. Em campo e fora dele, há muitas atrações no clássico do Joaquim Américo.

No gol, estarão novatos no confronto. Fabiano Heves faz apenas seu terceiro jogo como titular do Paraná Clube, aproveitando-se da ausência do titular Gabriel – Heves, inclusive, volta ao time hoje, após cumprir suspensão automática no meio de semana. No lado rubro-negro, Vinícius encara seu segundo clássico em apenas sete dias. Estreou com amplo sucesso na vitória sobre o Coritiba, e agora quer mostrar por que Ney Franco o escolheu.

No Tricolor, por sinal, são muitos os estreantes. O jovem time comandado por Saulo de Freitas tem Leonardo Dagostini, Luís Henrique, Jumar, Léo, Wellington, Giuliano (se jogar) e Jéfferson como novatos em confrontos Atlético x Paraná. Mas o time tem seus experientes, entre eles o capitão Nem, que abdicou de seu estilo despachado e preferiu o silêncio às vésperas do jogo. Além dele, Cristian é a certeza de um toque de experiência para a garotada que entrará em campo na Baixada.

No Atlético, a ?rodagem? é uma característica de alguns jogadores. Entre eles o capitão Claiton e, centroavante Marcelo Ramos, a principal novidade da equipe. Os dois são as principais caras rubro-negras para o clássico. O volante, que completou 30 anos no sábado, foi o melhor em campo no Atletiba e quer a vitória sobre o Paraná como presente de aniversário. O atacante quer repetir sua estréia gloriosa, quando marcou dois gols sobre o rival desta tarde jogando na Baixada. Sem contar com os colombianos Valencia e Ferreira, os mais regulares do time nos últimos meses.

Foto: Arquivo
Jumar, 21 anos: fôlego no setor de criação do Tricolor, que após começo ruim tenta manter o embalo da goleada na partida anterior.

Se dentro de campo já há atrações suficientes, fora dele estão dois treinadores com retrospectos distintos. Ao chegar na Baixada, Ney Franco já tinha o status de campeão carioca, campeão mineiro e campeão da Copa do Brasil. Hoje é um dos técnicos mais respeitados do País – e a campanha de vitórias neste início de Paranaense só reforçou sua fama fora do Estado. Vencer o rival local representa manter uma invencibilidade jogando na Arena, e nova comprovação de um bom trabalho dele e do Atlético.

Já o também mineiro Saulo de Freitas está tendo a grande chance da carreira. Apesar de ter caído junto com o Paraná, seu trabalho foi aprovado e por isso continuou. Mas ele sabe que, se não fazer do Tricolor um time competitivo, pode ter dificuldades na continuidade da carreira. Um sucesso, entretanto, pode fazer dele um ?novo Caio Júnior?, que levou o time à Libertadores e se colocou como nome forte da nova geração. E uma vitória no clássico pode ser o pontapé inicial na caminhada dele e do Paraná.


Marcelo Ramos sabe que gol no clássico pode garantir a 9

Foto: Walter Alves

Atacante balançou as redes contra o Paraná em 2007: ?Se eu marcar de novo, o torcedor vai ficar eufórico?.

Clewerson Bregenski

Ele está de volta e agora para se firmar no Atlético como artilheiro que é. Marcelo Ramos, 34 anos, faz sua reestréia como titular do Atlético exatamente contra o Paraná, equipe na qual assinalou seus dois primeiros gols com a camisa rubro-negra em 2007 e alcançou a prestigiada marca de 400 tentos na carreira. E já avisa: ?Na minha concepção, camisa 9 tem que fazer gols?.

É com esse pensamento que Marcelo entra em campo logo mais, às 17h na Arena da Baixada, para balançar as redes do adversário, ganhar a artilharia do campeonato e fazer história no Furacão. Toda essa confiança pode parecer devaneio para muitos, mas vem de um jogador que sabe o que é ser artilheiro. Natural de Salvador (BA), o atacante já passou por grandes times do futebol nacional e tornou-se ?matador? em todos eles. Cruzeiro, São Paulo, Palmeiras, Bahia, Vitória, Santa Cruz e outros tantos clubes do Brasil e exterior puderam contar com os gols de Ramos.

Clássico para ele também não tem segredos. Apesar de acreditar que cada um tem a sua própria motivação, em todos os clássicos o importante é balançar a rede para ficar com uma boa imagem até perante os eventuais cornetas. ?Em minha carreira tive a oportunidade de jogar muitos clássicos e quando você marca gols, fica de bem com todo mundo: torcida, comissão técnica, todos?, brincou.

Marcelo lembrou dois derbies no qual sempre se destacou – Bahia x Vitória e Cruzeiro x Galo Mineiro. Nos clássicos em Minas Gerais alcançou a ótima marca de 17 gols em 10 jogos, conforme confessou.

Longa estrada

A experiência acumulada durante a carreira pode pesar a favor do atacante atleticano neste domingo, pois do outro lado estarão jovens atletas, recém-saídos dos juniores. ?Experiência é importante, mas não ganha jogo. Quando se está iniciando (como profissional), você sente o clássico, não tem aquela mesma tranqüilidade (de um veterano)?, analisou.

Bastante rodado, Marcelo enumerou as qualidades para um jogador tornar-se artilheiro: bom posicionamento, tranqüilidade para finalizar, boa movimentação para receber a bola em condições de marcar, antecipar os zagueiros e colocar-se bem na área, ?pois a bola tá sempre chegando?, explicou.

Para o clássico contra o Paraná, o camisa 9 espera jogar bem e preferencialmente assinalar gols, pois a disputa por uma vaga no ataque do Furacão está bem acirrada.

E nada melhor do que um clássico para assegurar posição. ?Tenho muito respeito, mas já tive a felicidade de marcar contra o Paraná no ano passado. Se tiver a felicidade de marcar de novo, o torcedor vai ficar eufórico e eu marcado positivamente. É o que espero fazer?, finalizou.

Ney Franco só se deu bem nos confrontos contra rivais de Curitiba

Foto: Arquivo

Mesmo com bom desempenho e liderança, técnico não quer ouvir falar de favoritismo contra o Tricolor.

Clewerson Bregenski

No estado do Paraná, Ney Franco tem demonstrado que clássico é com ele mesmo.

O treinador só disputou dois deles e em ambos, diante do Paraná Clube e Coritiba, saiu-se vencedor e com alguma superioridade sobre seus adversários.

O primeiro a ser batido foi o Tricolor. Em 23 de setembro de 2007, em jogo válido pelo Brasileirão, o Furacão venceu por 2 a 1, com dois gols de Marcelo Ramos e Neguete descontando. A segunda experiência foi contra o Coxa, na semana passada. Mesmo jogando na casa do adversário, Franco soube armar bem a sua equipe e conquistou mais um triunfo (2 a 0), gols de Ferreira e Alan Bahia.

Hoje o treinador tenta mais um sucesso em sua carreira, mas recusa o favoritismo. Para Franco, o Tricolor é mais um adversário a ser batido, mas acredita em um jogo muito equilibrado. ?Paraná está bem trabalhado pelo Saulo e vem de um boa vitória.

Tem um potencial enorme e o Atlético vai ter que jogar muito para manter essa invencibilidade e a liderança no campeonato?, afirmou.

Mas se o importante na carreira é vencer; vencer um clássico representa muito para Ney Franco. ?Além de ter a rivalidade das torcidas, vencer é a prova de que o trabalho desenvolvido no clube vem dando resultado. Também dá tranqüilidade para o restante da competição?, analisa.

Regularizado

Quem pode fazer sua estréia no Atlético neste clássico é o meia Irênio.

O jogador foi registrado no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF e ganhou condições de jogo. Como vem treinando normalmente no CT do Caju, deverá compor o banco de reservas e torna-se mais uma opção para Ney Franco.

Desempenho hoje prova potencial tricolor

Foto: Allan Costa Pinto

Nem largou a polêmica: ?Eles são favoritos, mas não será fácil?.

Irapitan Costa

Apenas 25 dias após o início oficial da temporada, o Paraná Clube encara a sua primeira prova de fogo. Na sua busca por afirmação e pela conquista da confiança de seu torcedor o time de Saulo de Freitas pega o líder e invicto Atlético, no território inimigo. Um ?campo minado? que os tricolores vão tentar driblar, acreditado na evolução natural da equipe, que a rigor faz hoje apenas a sua quarta apresentação na temporada. Um time ainda em formação, sujeito a altos e baixos e que ainda não tem uma base definida.

Situação oposta à do adversário, que manteve a mesma estrutura do ano passado e arrancou na competição com nada menos do que cinco vitórias. Um quadro que confere ao Rubro-negro todo o favoritismo. ?Os números mostram isso. Não há como negar que eles estão em vantagem. Mas…?, disse o zagueiro Nem, que dessa vez evitou declarações polêmicas. ?Só posso dizer que vamos a campo com o objetivo de fazer um grande jogo, na busca pela vitória?, completou.

Nem, que um dia levantou a taça de campeão brasileiro vestindo a camisa do Atlético, com muito bom-humor, driblou perguntas que pudessem gerar qualquer citação contundente. ?O Atlético é favorito. E ponto. Vocês queriam que eu falasse outra coisa, né?, disparou, aos risos. A coletiva do zagueiro, em alto astral, talvez tenha sido o retrato mais fiel do momento do Paraná. Ciente de suas limitações, mas com a certeza de que o time está em evolução. Um crescimento natural, sustentado pela goleada imposta ao Paranavaí.

?Só que frente ao Atlético, não podemos oscilar tanto. Nas últimas partidas, fomos mal no primeiro tempo e só melhoramos na etapa complementar?, destacou o treinador. Na busca por este equilíbrio, Saulo exigiu maior aplicação coletiva na marcação e deixou apenas uma dúvida no ar. Porém, da forma como conduziu o treino, é quase certo que o garoto Giuliano, de apenas 17 anos, entra na equipe, para a saída de Massaro. Assim, com um meio-de-campo teoricamente mais congestionado, o Paraná espera anular o setor de criação atleticano.

O treinador chegou a testar outra opção, com a volta de André Luiz à ala direita e o deslocamento de Vandinho para o ataque. Neste caso, Giuliano também seria apenas opção de banco. ?Defino essa questão na hora do jogo?, despistou Saulo. ?Não se trata de mistério. Só não vou dar toda a minha estratégia de jogo de mão beijada para o adversário?, justificou. Independente das peças colocadas por Saulo no ?tabuleiro?, o Tricolor corre atrás da vitória e da auto-afirmação, para enfim entrar com força na disputa do Paranaense-08.

Massaro pede paz à galera

O atacante Massaro, hoje, será apenas opção de banco. Na última sexta-feira, o jogador utilizou o espaço da comunidade tricolor no Orkut para um pedido de desculpas e apoio. O jogador revelou que não esperava encontrar tantas dificuldades para render o seu futebol e que em sua carreira jamais tivera uma seqüência como essa. Uma situação, nas próprias palavras do atleta ?inusitada?. ?Não é fácil jogar sob vaias?, frisou.

Na mesma medida que se desculpa com o torcedor, Massaro pede o apoio em jogos futuros. ?Não vou e nem é minha pretensão agradar a todos. Mas peço um voto de confiança, pois tenho orgulho em vestir essa camisa ainda vou ajudar o Paraná no seu objetivo maior, que é a volta à 1ª divisão nacional. Para isso, preciso do apoio de vocês?, afirmou.

O atacante destaca o papel da Fúria Independente, que ?não pára de cantar e incentivar?. ?Sozinho, vai ser muito difícil. Por isso, conto com o apoio de vocês?, frisa Massaro. O gesto do jogador foi aparentemente bem recebido pelos torcedores. Até ontem, dos cerca de cem comentários sobre Massaro, mais de 90% eram de solidariedade, de ?trégua? para que o atacante possa buscar em campo um bom rendimento com a camisa tricolor. (IC)

Jefferson ouve conselhos de Saulo pra seguir passos de goleadores formados na Vila

Foto: Allan Costa Pinto
Atacante de 20 anos e 1,89m será titular hoje contra o Atlético: ?Sei que preciso melhorar o posicionamento e o
tempo de bola?.

Irapitan Costa

Dizem que santo de casa não faz milagre. O atacante Jefferson tenta quebrar esse paradigma, na busca por um lugar ao sol. Com porte físico privilegiado, ouve diariamente conselhos do técnico Saulo de Freitas e com humildade tenta trilhar os passos de outros tantos artilheiros que se consagraram com a camisa tricolor. O Paraná Clube, é inegável, tem uma trajetória de sucesso quando o assunto é ?homem-gol?, a começar pelo seu atual treinador, até hoje o maior artilheiro da história do clube.

Saulo, o ?Tigre da Vila?, é até hoje o único artilheiro do Tricolor a quebrar a barreira dos 100 gols. Na verdade, 104. Outros atacantes poderiam até ter ameaçado a marca do matador, mas, diante da nova realidade do mercado, o Paraná jamais conseguiu segurar artilheiros por mais de uma temporada. Dentre esses goleadores, quase todos vindos de fora, destaque para dois pratas-da-casa: Maurílio (58 gols) e Márcio, que depois viraria Nobre, com 55.

O desafio de Jefferson é trilhar justamente os passos de Márcio, hoje no exterior. Na temporada de 2000, o atacante foi ?lapidado? por Saulo de Freitas, à época, treinador de atacantes do Paraná. Hoje, mesmo na condição de técnico, o Tigre não economiza nas orientações. ?Ele vai ser um grande atacante e ganhar muito dinheiro. Basta ouvir o que tenho a dizer?, aposta Saulo. O novo camisa 9 do Tricolor garante que ouve tudo com atenção e tenta aplicar nos jogos aquilo que lhe é pedido.

?Sei que preciso melhorar não só o meu posicionamento, mas meu tempo de bola?, admite Jefferson, que no início do mês completou 20 anos. ?Não me vejo como um centroavante das antigas, aqueles que só ficavam na área, esperando um cruzamento. Mas, tenho que saber tirar vantagem do meu porte físico?, disse o jogador, que com 1,89m, tem na jogada aérea sua principal virtude. Uma qualidade, no entanto, que não foi colocada em prática no último jogo, o primeiro dele como titular do ataque.

Frente ao Paranavaí, ele perdeu gol feito de cabeça, mas se redimiu quatro minutos depois com um golaço, driblando a zaga e batendo no canto. ?Foi importante para me dar moral para esse clássico?, disse Jefferson, que tem um histórico marcante contra o rival rubro-negro, nos juniores. Ano passado, na final da Copa Tribuna, Jefferson fez dois gols na primeira vitória do Paraná sobre o Atlético (2×1), no estádio Joaquim Américo. ?Só que o que importa não é o passado e sim esse jogo. Vamos pra lá com muita garra, em busca de um resultado que nos dê confiança para o restante da temporada?, finalizou o centroavante.

Atlético x Paraná Clube

Vinícius, Rhodolfo, Antônio Carlos e Danilo; Jancarlos, Valencia, Claiton, Netinho e Michel; Ferreira e Marcelo Ramos.

Técnico: Ney Franco.

Paraná

Fabiano Heves; Leonardo Dagostini, Nem e Luís Henrique; Vandinho, Jumar, Léo, Giuliano (André Luiz) e Wellington; Cristian e Jéfferson.

Técnico: Saulo de Freitas.

SÚMULA

Local: Joaquim Américo (Curitiba).

Horário: 17h.

Árbitro: Evandro Rogério Roman (FIFA).

Assistentes: Gilson Bento Coutinho e Ivan Carlos Bohn.

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