Ciclismo “belisca” dois bronzes no velódromo

Foi sofrido, mas saiu. A equipe brasileira de ciclismo conquistou ontem as duas primeiras medalhas da modalidade nos Jogos Sul-americanos. Róbson Batista Vieira, o Bodão, e Rosane Kirsh levaram o bronze nas provas de velocidade masculino e por pontos feminina, respectivamente.

Na disputa pelo terceiro lugar, Róbson derrotou o chileno Luis Muñoz, que havia se classificado com o acidente de Diogo Bonini. Depois do pódio, o atleta paulista de 28 anos dedicou o bronze ao companheiro. “Era para ele ter disputado medalhas comigo”, disse. Treinando atualmente na equipe de São Caetano do Sul, Bodão acredita que o resultado possa atrair a atenção dos patrocinadores. O atleta brasileiro ficou atrás dos venezuelanos Alexander Cornieles e Hector Rodriguez.

No prova por pontos feminina, Rosane Kirsh superou as expectativas ao terminar sua primeira competição internacional em terceiro lugar. Aproveitando-se do acidente com a venezuelana Daniela Larreal, uma das principais favoritas, a ex-cortadora de cana somou 19 pontos, ficando atrás apenas da argentina Valeria Pintos e venezuelana Angie Gonzales. A performance de Rosane surpreendeu até mesmo o técnico Adir Romeo. Nos planos da comissão técnica a atleta Carla Gardenal seria a primeira força brasileira, cabendo a Kirsh um papel tático. “A coisa se inverteu porque desde o começo a Rosane impôs seu ritmo”, explicou. Para Romeo, no entanto, a medalha só veio porque houve espírito de grupo. “Mantivemos elas informadas dos pontos toda prova. Quando a Carla viu que estava distante das líderes, desistiu de buscar um lugar no pódio e passou a correr taticamente, deixando a Rosana na roda dela para segurar as adversárias”, explicou.

Depois do final da prova, Rosane ainda deu várias voltas com a bandeira brasileira, para delírio do público que compareceu ao Velódromo. “Um resultado como esse em uma prova com um nível tão forte. Ainda não estou acreditando”, disse.

Nesse tipo de competição, as atletas percorrem 48 voltas, pontuando de acordo com a posição em cada uma delas.

Na prova por pontos masculina e na velocidade feminina, duas dobradinhas.

Pela manhã, as venezuelanas confirmaram o esperado e subiram nos lugares mais altos do pódio. Daniela Larreal ficou com ouro e Angie Gonzales com a prata. Jessica Compiano, da Argentina levou o bronze. A situação se inverteu na disputa por pontos masculina. Juan Curuchet, com 39 pontos e Eduardo Simon, com 31, levaram as medalhas de ouro e prata para casa deixando o terceiro lugar para e venezuelano Miguel Ubeto, com 29 pontos.

Público quebra gelo na pista

A disputa do torneio de ciclismo no Velódromo ganhou um ingrediente especial na tarde de ontem. Uma barulhenta torcida vibrou com os atletas brasileiros e incentivou também os adversários. A pequena platéia foi formada por alunos de 1.º grau de escolas da rede estadual de ensino, dispensados especialmente para acompanhar as disputas na pista era animada. Os estudantes deixaram um pouco a sala de aula para aprender, na prática, noções de esporte, civismo e espírito olímpico. Estudante do colégio Pedro Dallabona, Amanda Jacinto, de seis anos, disse que gostou do competição. E simpatizou, especialmente, com Rosane. “Ela correu muito bem e veio comemorar com a gente”, disse timidamente. Até mesmo o experiente Juan Curuchet da Argentina não resistiu aos animados torcedores. Aplaudido pela platéia, ele fez questão de agradecer o apoio, cumprimentando o público, após levar o ouro na prova por pontos.

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