Rio – O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ignorou o apelo dos clubes e impôs ontem a realização do Campeonato Brasileiro de 2006 com o rebaixamento de quatro equipes para a Série B e a ascensão de igual número de times para 1.ª divisão.
Preocupados com a possibilidade de um time grande ser rebaixado, o Clube dos 13 tentou apresentar uma proposta para apenas duas equipes trocarem de divisões. Mas a CBF não aceitou a solicitação e manteve o formato do campeonato.
Na noite de terça-feira, em uma reunião dos integrantes do Clube dos 13 que disputam a Série A, foi aprovada uma proposta para modificações no Brasileiro. Mas, ao chegarem na manhã de ontem na CBF, para a realização do Conselho Técnico várias agremiações ?já haviam pulado para o lado da entidade?.
De acordo com a proposta que sequer foi apresentada, tanto em 2006 como em 2007, o Brasileiro seria realizado com 20 clubes, só que neste ano dois terminariam rebaixados para a Série B e outros dois promovidos à 1.ª divisão.
No ano que vem, duas equipes cairiam, mas quatro subiriam para que o campeonato de 2008 fosse disputado por 22 clubes.
Por causa do apoio de alguns clubes à CBF, a reunião de ontem começou tensa. Com dez minutos de encontro, o presidente da entidade discursou, manteve a determinação de não mexer na competição e saiu sob a desculpa de que precisava viajar para Assunção, no Paraguai.
Um minuto depois foi a vez do presidente do Vasco, Eurico Miranda, abandonar o local não sem antes esbravejar e extravasar a sua revolta. ?Conselho Técnico é onde se discute o Campeonato Brasileiro, mas este aqui se tornou homologatório. Os clubes não podem decidir nada?, reclamou o dirigente vascaíno, irritado
por Ricardo Teixeira ter o poder de decidir sozinho sobre a competição.
Tal direito foi dado ao presidente da CBF em 2005, quando as federações estaduais de futebol aprovaram a alteração no estatuto da entidade.
Eurico contou que Teixeira usou de todos os meios para pressionar os dirigentes dos clubes: ?Flamengo, Santos, Fluminense, São Paulo, mudaram de lado. Vai chegar um momento que a gente vai ter confronto com a CBF como aconteceu em 1987, com a Copa União.?Para o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, não haveria problema em prevalecer a vontade da CBF, desde que tivesse existido um diálogo com os times.
Com a manutenção das regras, o presidente da CBF assegurou a realização do Brasileiro nos moldes atuais por três anos.
O Campeonato Brasileiro de 2006 irá começar no dia 15 de abril e vai até 3 de dezembro.
A renda de cada partida pertencerá ao mandante e o preço mínimo dos ingressos foi fixado em R$ 10.
Opiniões do trio de ferro se dividem
Como era de se esperar, a decisão de manter o Brasileirão com 20 clubes e o rebaixamento e promoção de quatro times agradou em cheio ao Coritiba, que estabeleceu como meta em 2006 o retorno à elite do futebol nacional. ?Teremos dois campeonatos fortes, e muitos grandes devem cair para a Série B. Para o Coritiba, (a definição) veio em boa hora e vejo grandes chances de voltarmos à Série A?, falou o presidente Giovani Gionédis.
Na próxima segunda-feira, os 20 clubes da Série B se reúnem no arbitral da competição, que definirá itens como preço de ingressos, prazo de inscrição de jogadores e capacidade mínima dos estádios. A fórmula já foi aprovada: turno e returno, em pontos corridos, com quatro primeiros subindo à Série A.
A Rede Globo já comprou os direitos de televisionamento da Segundona, que pode ter jogos transmitidos aos sábados em TV aberta.
Já o presidente do Paraná, José Carlos de Miranda, mostrou-se decepcionado com a resolução de Ricardo Teixeira. ?É uma pena que não tenha havido discussão, e sim a imposição do presidente da CBF. Quem está fora do Clube dos 13 e recebe menos verba da TV tem maior propensão para cair?, falou o dirigente.
João Augusto Fleury da Rocha, presidente do Atlético, estava alinhado com a CBF. ?Ninguém sabe qual o formato ideal, ainda vivenciamos o sistema de pontos corridos. Acataremos a proposição de quatro subindo e quatro caindo e depois o fenômeno poderá ser analisado.?