CBF discorda da crítica do capitão Cafu à entidade

Teresópolis – A diretoria da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não gostou da crítica de Cafu à entidade, após a punição aplicada a cinco atletas, que supostamente não teriam se esforçado para atuar contra o Haiti, dia 18 de agosto, no confronto conhecido como Jogo da Paz.

“Se a CBF errou, é uma análise subjetiva dele”, disse o presidente Ricardo Teixeira. Cafu, Dida, Kaká, Lúcio e Zé Roberto ficaram fora dos jogos com Bolívia e Alemanha (dia 8, em Berlim) por decisão conjunta da diretoria da CBF e da comissão técnica.

Cafu não gostou da atitude e ressaltou isso em entrevista à rádio CBN, com a autoridade de capitão da equipe pentacampeã do mundo. Ele contou que chegou quase a implorar aos dirigentes do Milan que o liberassem para o amistoso no Haiti.

Tentando manter a calma, mas sem esconder a contrariedade com Cafu, Teixeira discorreu mais sobre o assunto. “Todos os pré-convocados para o jogo com o Haiti sabiam que só estariam incluídos na lista para enfrentar Bolívia e Alemanha (dia 8, em Berlim) se fossem para Porto Príncipe.”

O secretário-geral da CBF, Marco Antônio Teixeira, deixou seu recado a Cafu, de outra maneira. “A emoção do jogo para aquele povo miserável (do Haiti) é mais importante que esses pequenos fatos.” Com habilidade, a diretoria da CBF acabou desviando o foco do problema. Como o amistoso do dia 18 era previsto pelo calendário da Fifa, os clubes europeus tinham a obrigação de liberar os atletas, sob risco de serem punidos pela Fifa. Cabia então a CBF reclamar seus direitos na entidade máxima do futebol mundial.

Ricardo Teixeira estava visivelmente aborrecido com a diretoria do Milan. Acusou o clube de não querer dialogar com a CBF e de já ter criado problemas para a seleção brasileira várias vezes – no pré-olímpico, ao não liberar Kaká, por exemplo. “A partir de agora, vai ser tudo dentro da lei e não vamos mais dispensar os atletas do clube, quando convocados”, disse Teixeira, sem explicar, no entanto, porque a CBF não vinha fazendo uso da lei para defender seus direitos.

Saída

Para evitar novos impasses a curto e médio prazos, Ricardo Teixeira disse que a Fifa está criando uma comissão para tratar dos problemas referentes à liberação de atletas para seleções nacionais.

O grupo deverá ser composto por dez pessoas: dois representantes do comitê executivo da Fifa (um deles, o próprio Teixeira), os presidentes do Barcelona, do Bayern de Munique e de um clube da Inglaterra, um indicado pelo River Plate, da Argentina, e mais três dirigentes, ligados ao futebol da Ásia, Oceania e África. Por fim, completará a relação o presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi – indicado pelo presidente da CBF.

Livro conta história da seleção brasileira

Teresópolis

– Uma grande festa na Granja Comary ontem, em Teresópolis, marcou o lançamento do livro Seleção brasileira – 90 anos, escrito pelos jornalistas Roberto Assaf e Antônio Carlos Napoleão. A obra relata a história da seleção, que está completando 90 anos (1914 a 2004), com fatos, documentos e fotos inéditas – material colhido em 15 anos de pesquisas.

A festa teve a presença de representantes das cinco gerações do pentacampeonato mundial do Brasil. Do time de 1958, estiveram lá Orlando Peçanha e Zagallo. Nilton Santos simbolizou 1962 e, por 1970, foram Clodoaldo e Piazza. Do grupo que conquistou o tetra em 1994, título que completou recentemente 10 anos, 8 jogadores prestigiaram o evento. E da campanha do penta, em 2002, Roberto Carlos foi chamado.

“É sempre interessante rever os ex-companheiros e lembrar dos bons momentos e das conquistas. A festa também serve para isso”, afirmou o ex-goleiro Zetti, reserva na Copa de 1994 e que atualmente exerce a função de técnico, mas está sem clube.

Num dos momentos mais marcantes da festa, foi passado um vídeo com imagens da saudação popular à seleção brasileira quando ela visitou o Haiti, mês passado. Na ocasião, o Brasil disputou o amistoso intitulado “Jogo da Paz” e levou enorme alegria aos haitianos, que sofrem com graves problemas sociais.

Em outro momento, de descontração, Ronaldo e Roberto Carlos chegaram a ser vaiados durante o evento. Mas tudo não passou de uma brincadeira dos próprios colegas de seleção, que está na Granja Comary se preparando para o jogo de domingo, contra a Bolívia, pelas eliminatórias.

Segundo Roberto Assaf, o objetivo de escrever o livro foi o de manter vivo na memória dos torcedores a obra da “melhor seleção do mundo”. “Eu tinha muito material coletado e soube que o Napoleão também pesquisava sobre o assunto. Juntamos os caquinhos e, com apoio da Confederação Brasileira de Futebol, decidimos lançá-lo”, explicou o autor. “Tive até que visitar cemitérios para obter datas de nascimento e falecimento de atletas consagrados que honraram a camisa da seleção.”

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