Brasil, de Parreira, agora é tudo ou nada

Arequipa, Peru – A derrota para o Paraguai abortou a fase de experiências na seleção brasileira que disputa a Copa América no Peru. Não se fala mais em geração para 2010. Carlos Alberto Parreira quer é ganhar já a competição. E depois de testar 18 jogadores em três partidas, irá colocar apenas os melhores para atuar em Piura, pelas quartas-de-final, às 22h30 do domingo, contra o México. “É tudo ou nada. Quem ganha continua, uma derrota e acabou Copa América. Eu enxergo um palmo além do meu nariz. Já fiz observações importantes para o futuro. Mas agora a hora é de brigar pelo título. E é isso que o Brasil vai fazer. Ninguém quer voltar para casa antes do tempo”, afirma irritado Parreira. Ele não se conforma com as pesadas críticas e cobranças que a seleção teve na derrota de quarta-feira.

Só que o treinador percebeu que mesmo entre os jogadores não há mais espaço para testes. Todos são fiéis à cultura brasileira de que a seleção tem ??obrigação?? de brigar pela conquista dos torneios que disputa. E isso não iria acontecer de jeito nenhum se as observações continuassem. “Nós não viemos ao Peru para brincar. Temos condições e vamos ganhar a Copa América. A derrota para o Paraguai só nos deixou mais mordidos. Seja qual for o time que o ?professor? Parreira escalar contra o México ninguém estará pensando mais em testes, não. seleção brasileira é título, conquistas. Isso é o que nos interessa daqui para a frente”, deixa escapar o contido Renato.

Até por diferenças de estilos, o coordenador Zagallo fala diretamente frases que Parreira só insinua. “Que seleção no mundo é capaz de deixar para trás os seus principais atletas, testar 18 jogadores que nunca atuaram juntos em três partidas, se classificar para as quartas-de-final da Copa América e ainda ser criticada no seu próprio país? Acabaram os testes e agora chegou a hora de ganhar. Ninguém gosta mais de ganhar no futebol do que eu. Se no Brasil as pessoas só respeitam os títulos é o que vamos buscar.”

Parreira e Zagallo sabem que a etapa mais complicada acabou diante dos paraguaios. “Agora sabemos quem é quem neste grupo. Quem pode jogar ou não. Observações importantes foram feitas. Testar e ganhar todas as partidas só se eu pudesse fazer milagres. E não posso”, deixou escapar o treinador a um jornalista mexicano.

Os resultados das observações são práticos. Júlio César, Juan, Renato, Edu, Luís Fabiano e Adriano foram os que mais agradaram à comissão técnica. Alex e, a surpresa, Felipe – que parecia estar desinteressado na competição – corresponderam. Mancini, Maicon, Kléberson, Luisão e Gustavo Nery tiveram atuações instáveis. Parreira e Zagallo viram futuro imediato em Diego e Dudu Cearense. Vágner Love e Ricardo Oliveira mostraram estar ?verdes? na fase de testes. Cris, fracassou.

Só não jogaram o goleiro reserva Fábio, o lateral-esquerdo Fabiano, por opção de Parreira e Júlio Baptista e Bordon que se contundiram. “Se alguém achou que eu estava desinteressado na seleção é porque não me conhece. A resposta eu dei no campo jogando”, disse Felipe com sorriso de quem passou no vestibular.

Time

Há duas dúvidas no time que enfrentará o México: Maicon ou Mancini e Kléberson ou Júlio Baptista. Júlio César, Juan, Luisão, Gustavo Nery, Renato, Edu, Alex, Luís Fabiano e Adriano estão garantidos. Parreira está preocupado com o jogo. “Os mexicanos vieram para ganhar a competição. Trouxeram os jogadores que têm de melhor. É impressionante a mobilidade da equipe do meio para a frente. E será um adversário diferente dos paraguaios. Não vivem de chutões para frente. Gostam de atacar os adversários. E nós estaremos melhor porque jogaremos ao nível do mar. Chega de altitude. Será uma grande partida”, aposta Parreira.

Cartões

O treinador gostou de o comitê organizador da Copa América ter zerado os cartões amarelos que os atletas tomaram na primeira fase. Por causa dos compromissos com os patrocinadores do Fantástico, a TV Globo conseguiu adiar em meia hora o início do jogo entre Brasil e México. Das 22 horas para as 22h30. A Seleção treinará hoje pela manhã e embarcará à tarde para Piura, que fica a 1.990 quilômetros de Arequipa. Irá cortar o Peru, saindo do Sul, indo jogar no Norte.

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