Brasil comanda festa no pódio do Mountain Bike

Quem foi ao Parque Barigüi na manhã de ontem viu uma verdadeira festa verde e amarela nas provas de mountain bike. A equipe brasileira fez valer sua maior tradição na modalidade e, das seis medalhas em jogo, deixou escapar apenas o bronze da modalidade feminina, que ficou para a argentina Noelia Rodriguez. A superioridade em relação aos adversários fez das provas uma disputa caseira, mas, nem por isso desinteressante. Por apenas 15 segundos, Márcio Ravelli, de 30 anos, levou o ouro. Ravelli marcou um tempo de 1h56min24s, contra 1h56min39s de Edvando Cruz.

“A gente sabia que iria abrir dos demais concorrentes. No final, quando a disputa ficou entre nós, o Edvando apertou o ritmo, mas dei meu máximo e consegui manter”, disse Ravelli. “Acabei errando no fim e isso fez a diferença. Mas essa prata significa muito para mim”, disse Edvando. A terceira colocação ficou para Odair José de Oliveira, com 1h58min13s.

Entre as mulheres, Jaqueline Mourão deu um show particular. A atleta mineira que há seis meses treina no Centro Mundial de Ciclismo na Suiça, cravou 1h44min47s contra 1h49min32s de Erika Gramiselli e 1h53min59s de Noelia Rodriguez. Jaqueline chegou a baixar em 30 segundos o tempo médio das competidores. “Ela é realmente excepcional. É isso que acontece quando o talento recebe uma preparação moderna. Não dá para comparar. Ela está em outro nível”, destacou o técnico Iverson Ladewig. A mineira que treinou ginástica por seis anos e começou a pedalar em 97, disse que seu objetivo passa a ser o Pan de Ciclismo, em Quito no Equador, para onde a seleção embarca dia 15.

Futuro

Contrastando com a experiência de Jaqueline, a prata e o bronze ficaram para ciclistas recém promovidas à elite (acima de 18 anos). A também mineira Erika Gramiselli, de 18 anos, ressaltou a colocação, já que competiu com ciclistas mais experientes. “Corri com muita garra e estou muito feliz. Essa prata é um grande resultado”, destacou. “As brasileiras têm um nível muito bom. Estou muito feliz de ter chegado ao pódio”, disse Noelia.

Estrada

A prova individual de estrada encerra hoje a disputa de ciclismo nos Jogos Sul-americanos. Às 8:30 tem início a disputa das mulheres que vão percorrer 66 quilômetros da BR-277 até o viaduto do Contorno Norte. A prova masculina começa às 10h30. Os homens pedalam mais 20 Km do Contorno Leste, para só então retornar, em um total de 140 Km. A premiação geral será às 15h30.

Curitiba terá Copa América

O sucesso na organização do torneio de ciclismo dos Jogos Sul-americanos, realizados esta semana em Curitiba, já está rendendo frutos. A capital paranaense irá sediar em fevereiro de 2003 a primeira edição da Copa América da Juventude de Ciclismo. A competição contará com ciclistas da categoria Sub-23, foi anunciada oficialmente ontem pelos principais dirigentes do esporte na América do Sul. Além do incentivo à prática do ciclismo, os organizadores visam incluir no calendário sul-americano, mais provas com pontuação válida para o ranking mundial. Serão realizadas provas de pista e estrada.

A princípio disputarão a competição Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai, Bolívia e Peru. Mas a idéia da organização é aglutinar mais países do continente nas próximas edições. O secretário municipal de Esportes e Lazer de Curitiba, Fernando Guedes, destacou que a competição está em fase de avaliações iniciais. Se aprovado, o município será responsável por custeios de alimentação e transporte dos atletas, além da infra-estrutura da competição. “É irreversível. Curitiba vai se tornar num centro de referência no ciclismo”, disse.

Elogio

O secretário-geral da Confederação Pan-americana de Ciclismo (Copaci) e delegado da União Ciclística Internacional (UCI) no Sul-americano, Benito Sobero, parabenizou os organizadores pela estrutura do ciclismo na competição, destacando que tudo foi feito apenas em três meses. “O Brasil tem toda condição para receber o Pan-americano em 2007”, sentenciou Sobero, afirmando que com essa possibilidade de maior integração dos países sul-americanos, também se cria a expectativa de se competir no mesmo nível dos europeus num futuro próximo.

Técnico

O desenvolvimento técnico dos atletas brasileiros deve ser o grande fruto colhido com a nova competição. Segundo um dos integrantes da seleção brasileira, Adir Romeo, a categoria sub-23 é ideal para desenvolver o potencial dos atletas, que atingem seu auge entre 26 e 27 anos. Ele destacou que um trabalho em nível olímpico deve ser iniciado com no mínimo seis anos de antecedência. “Temos vários atletas jovens e com potencial. Entretanto, ainda temos que incrementar o trabalho de treinamento junto a eles”, disse. Romeo salientou que a competição com outros países melhora consideravelmente os índices técnicos dos atletas brasileiros, único caminho para o sonho de medalhas olímpicas para o Brasil. (LM e GV)

COB tem sensação do dever cumprido nos Jogos

Heleni Felippe e Michel Castellar

Rio de Janeiro (AE) – Os dirigentes brasileiros despedem-se hoje dos VII Jogos Sul-Americanos disputados em São Paulo, Rio, Curitiba e Belém , certos de que conseguiram cumprir a missão de mostrar “o poder de organização do esporte brasileiro”, como afirma o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, e, assim, conquistar os votos necessários para eleger o Rio como sede dos Jogos Pan-americanos de 2007. A eleição será no dia 24, na Cidade do México, durante assembléia da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa).

Têm direito a voto 42 países, por meio de seus comitês olímpicos. No entanto, os países que já organizaram Pan-americanos têm direito a mais um voto. Dos 51 votos em jogo, o Brasil precisará de 26 para derrotar a única rival, a texana San Antonio, nos Estados Unidos.

“O dominicano Jaime Casanova, presidente da União Pan-americana de Judô, ficou satisfeito com a competição e nos deu os parabéns”, disse o presidente da CBJ, Paulo Wanderley. “Cumprimos bem nosso dever de casa.”

Para conseguir os votos necessários no México, o COB não mediu esforços. Todos os que participam da votação foram convidados a conhecer o Rio e inspecionar o desempenho do Brasil na organização do Sul-americano. “Foram três meses para montar o Sul-americano, um trabalho que, normalmente, demoraria quatro anos”, disse Nuzman. Vale ressaltar que as despesas foram pagas pelo anfitrião e todos os eleitores ficaram hospedados em luxuosos hotéis do Rio.

Terra de Bush

Apesar de os brasileiros comemorarem o sucesso no Sul-americano, a euforia não pode ser ofuscada pela realidade. O Pan-Americano é um evento muito maior com a participação de países de todas as Américas. A influência do presidente americano George W. Bush a favor de San Antonio, no Texas, terra natal dos Bush, pode ser um obstáculo para a candidatura brasileira.

Caloi aprova desempenho de brasileiros

Até o momento é positiva a avaliação do ciclismo brasileiro nos Jogos Sul-Americanos. Conforme o presidente da Confederação Brasileira de Ciclismo, Bruno Caloi, os dois objetivos previamente traçados estão sendo cumpridos.

O primeiro era mostrar a capacidade do Brasil em organizar um evento esportivo internacional de tamanha importância. Segundo Caloi, os órgãos esportivos, somados ao poder público deram mostras que o País está preparado para receber novas competições internacionais.

Já quanto ao desempenho dos atletas, Caloi avaliou como muito bom. Pois, apesar de ter um desempenho apenas razoável nas provas de pista, no Mountain Bike o País levou cinco das seis medalhas em disputa. “Na pista é um recomeço, pois ficamos muito tempo ser ter um equipe permanente”, ressaltou o presidente.

Até o momento o Brasil faturou nove medalhas no ciclismo dos Jogos Sul-americanos. (LM e GV)

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