Destaques do ano

2016 foi o ano da redenção para Paulo Autuori

Treinador se sentiu em casa no Furacão e foi fundamental para que o time conquistasse os resultados dentro de campo. Foto: Albari Rosa

CRAQUES_20162016 foi o ano em que Paulo Autuori ressurgiu. Depois de trabalhos ruins em outras equipes, parecia que o campeão brasileiro e da Libertadores e do Mundial no passado estava ultrapassado. Tanto que quando foi confirmado como técnico do Atlético para o restante da temporada, em março, a torcida rubro-negra virou o nariz, reclamou e se lamentou. Afinal, o treinador não vinha de bons trabalhos recentes e foi muito mal em Atlético-MG, São Paulo e Vasco. Porém, com o passar do tempo, a impressão que deu é que Furacão e Autuori haviam sido feitos um para o outro, só não haviam sido apresentados antes. Ou melhor, até tinham, mas a vida os levou a seguir caminhos opostos.

O técnico já havia colocado na cabeça que comandar um time brasileiro já não fazia mais parte dos seus planos. Até que veio o convite do Atlético, que lhe ofereceu tudo aquilo que ele sempre desejava em uma equipe. Não tinha como dizer não. E, aos poucos, o trabalho foi surtindo efeito. Deu tão certo que depois de 17 anos o Rubro-Negro, enfim, teve apenas um treinador ao longo do Campeonato Brasileiro. Sinais de novos tempos.

“Por diversas vezes, expressei a felicidade de poder estar aqui. Era uma situação que não passava na minha cabeça, trabalhar como técnico no futebol brasileiro. Somente o Atlético, com seu projeto e suas ideias, fez mudar aquilo que estava programado”, disse ele, em entrevista ao site oficial do clube.

Paulo Autuori criticou nestes nove meses inúmeras vezes o calendário brasileiro. A maratona de jogos desgastava o time, que rodada após rodada, jogo após jogo, era modificado. A escalação titular não tinha como ser repetida. Uma forma de driblar a correria e evitar futuras lesões musculares mais sérias. E o treinador soube lidar com isso muito bem. A reclamação era constante, mas a lamentação por não poder contar com este ou aquele atleta jamais era explícita.

Ao invés disso, ele recorria às categorias de base. Assim foi com Nícolas, com Renan Lodi, Matheus Rossetto, Yago e outros. Um banco de reservas repleto de garotada. Aquilo que ele sempre quis fazer. E o Atlético também. A reestruturação de um time passava pelas mãos de Autuori. Fora e dentro de campo.

Os resultados não vieram apenas por rodar o elenco. Taticamente o time melhorou significativamente. Principalmente o setor defensivo, que se tornou o ponto forte atleticano. Lá na frente, problemas com lesões, como André Lima e Nikão, e saídas de Walter e Vinícius, dificultaram um pouco, mas Autuori sempre achava uma saída. Não tinha medo de apostar. E foi apostando que acabou com o jejum de sete anos sem títulos do Atlético. Uma conquista atropelando o rival Coritiba nos dois jogos e que deu moral para a sequência do ano, que terminou com a vaga na Libertadores.

“Acho que foi um ano bastante satisfatório. Conquistar títulos é sempre importante. Principalmente da maneira que foi conquistado, depois de algum tempo que o Atlético não conseguia e dentro da casa do rival. No Campeonato Brasileiro, nós fizemos uma campanha muito regular, que nos gerou a possibilidade da classificação para a Copa Libertadores”, completou.

Considerado por muitos jogadores como muito à frente do tempo e um profundo conhecedor de futebol, Paulo Autuori conseguiu provar isso no Furacão. Por quanto tempo vai se manter como técnico, nao dá para afirmar, mas certamente provou que quem estava ultrapassado eram os clubes que não o deixaram trabalhar.