Atlético aposta na mística da Arena

Domingo é dia de futebol na Arena da Baixada. É o terceiro jogo do Atlético em seu estádio neste Brasileirão e diante de um time em princípio de crise, o Goiás, que ocupa a antepenúltima colocação na tabela.

A partida também terá como atrativo a presença de Alex Mineiro, comandando o time após jurar amor ao Rubro-Negro e confirmar sua permanência até o final de 2007, prometendo brigar pela artilharia e pelo título nacional. Com todos estes ingredientes, espera-se que o estádio atleticano esteja lotado e com a torcida vibrante a empurrar o Furacão rumo à terceira vitória na competição, afastando assim a má impressão deixada com a derrota para o Santos.

Atuar na Arena sempre foi motivo de orgulho para os anfitriões e temor para o adversário. A pressão da torcida tornou-se, historicamente, a arma atleticana para aniquilar rivais e somar pontos. Entretanto, neste ano, o fator estádio não está sendo tão decisivo para o Rubro-Negro.

Até o momento, foram disputados 17 partidas oficiais (contando jogos do Paranaense, Copa do Brasil e Brasileirão) e o time alcançou 61% de aproveitamento. Foram 9 vitorias, 4 empates e 4 derrotas. Nos momentos decisivos, de maior pressão, no entanto, o time não correspondeu à vibração da torcida. Ocorreram derrotas para o Paraná (3 a 1) e Fluminense (1 a 0), que resultaram na desclassificação do Estadual e da Copa do Brasil, respectivamente.

No Brasileirão, em outro jogo importante – que daria a liderança ao Atlético -aconteceu mais uma derrota: 1 a 0 para o Santos.

Força

A pressão que a torcida atleticana faz na Arena continua a azucrinar o adversário e reverte-se em incentivo para os jogadores que podem contar com o famoso 12.º jogador. Essa é a opinião unânime dos atletas rubro-negros, mas, devido a jovialidade da equipe, alguns deles estão sentindo o peso da responsabilidade e apresentando um rendimento pífio. Jogadores da defesa, como o goleiro Guilherme e o capitão Danilo, já comentaram sobre a afobação que o time tem apresentado na Arena e que essa atitude tem prejudicado o desenvolvimento do conjunto. Para eles a torcida tem que continuar fazendo a sua parte e incentivando, mas em campo, o time tem que saber a hora certa de segurar ou acelerar o jogo. ?Não adianta ir no embalo da torcida e acelerar demais o ritmo. Erramos muito.

Às vezes temos que tocar mais a bola (em vez de ir para cima), mesmo que a torcida não goste?, explicou o meia Evandro.

O técnico Vadão segue a mesma linha de raciocínio e diz que pela baixa média de idade da equipe é comum alguns jogadores ?sentirem a pressão?. Por isso há necessidade de trabalhar a cabeça dos jogadores para uma mudança de postura. Para o treinador, todos têm que ter em mente que a ?Arena é nossa aliada? e que a força da torcida atleticana não pode favorecer o adversário.

Vadão citou jogos decisivos da Copa do Brasil, contra o Vitória e Atlético (GO), como a química (jogadores/torcedores) que deu certo e que deve ser repetida no Brasileirão.

Sem Ferreira, Evandro quer ser polivalente

A nova postura tática com três zagueiros, que comprovou a eficácia de Nei como um jogador polivalente, passou no primeiro teste e deve ser repetida para o jogo contra o Goiás, no domingo. A formação deixou o time com apenas um jogador de criação e isso agradou ao meia Evandro que acredita ter vantagens em atuar nesse sistema. ?Nas categorias de base eu jogava como único meia?, explicou.

Com a saída de Ferreira, que permanecerá com a seleção da Colômbia para a disputa da Copa América, Evandro ganhou a função de chegar um pouco mais ao ataque e auxiliar nas finalizações, tarefa muito bem feita pelo colombiano que é o terceiro artilheiro do Furacão na temporada, com 8 gols, atrás de Alex Mineiro e Denis Marques, com 25 e 13 gols respectivamente. O camisa oito do Atlético disse que se houver necessidade, não terá problemas em atuar mais próximo dos atacantes, pois considera-se um dos jogadores polivalentes do elenco rubro-negro, palavra que ganhou conceito com Vadão.

Apesar de ter entrado como titular em todas as partidas disputadas no Brasileirão, Evandro é constantemente substituído. Já cedeu seu lugar a um companheiro em três dos quatro jogos deste campeonato. Atuou os 90 minutos apenas na vitória em Florianópolis, contra o Figueirense.

Manutenção de Alex Mineiro reanima torcida atleticana

O que era tensão virou motivo de alegria e entusiasmo para a torcida atleticana. Com a decisão de manter Alex Mineiro – o jogador mais experiente do grupo e, atualmente, com características inexistentes em outro atacante em atividade no país: marcação, visão de jogo, passe e finalização – a diretoria do Atlético deu muito mais do que esperanças aos atleticanos. Devolveu a auto-estima para a galera Rubro-Negra que havia se acostumado, nos últimos anos, a ver os grandes destaques da equipe se transferirem para o futebol do eixo Rio-São Paulo.

Foi assim com Aloísio e Dagoberto, que rumaram para o São Paulo, e Marcos Aurélio, para o Santos. Transações nem sempre vantajosas para o Furacão, deixavam dúvida na cabeça do torcedor: ?se o Atlético quer ser um dos principais clubes do país porque não competir com a proposta de outros clubes nacionais??.

A resposta é muito mais complexa e passa por uma política adotada pelo Rubro-Negro de não fazer loucuras – minar e quebrar o caixa – na contratação de atletas e treinadores. Independente disso, o que restava ao atleticano era assimilar um duplo golpe: o Furacão perdia bons jogadores e via um clube rival ser reforçado.

Parece que isso mudou no clube sediado no Água Verde. A permanência do jogador essencial para a equipe – cuja saída desestruturaria o elenco, mas que merecia ter seu passe bem remunerado -revelou que o Atlético, além de ser um clube bem organizado, tem visão de mercado e não deixa à mingua o departamento de futebol, como muitos pensam.

Vencer a ?disputa? contra Palmeiras, Santos e Fluminense, por exemplo, foi um marco importante nessa administração, como disse o presidente do Conselho Gestor, João Fleury, que usou o termo ?rivalizar-se com os grandes clubes do Rio e São Paulo?, como uma vitória épica.

Talvez Fleury tenha razão. O Furacão entrou numa briga e mostrou que é forte, mesmo tendo assumido o compromisso de concluir a Arena da Baixada e com um gasto mensal – cerca de R$ 2,5 milhões com toda a estrutura de que dispõe.

A postura atleticana foi de um clube que almeja ser um dos principais do Brasil, e também das Américas.

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