O representante comercial Sandro Ader estava feliz da vida com o título da Sul-Americana pelo Athletico. A certeza da conquista era tanta que no dia do jogo que ele comprou um ingresso pra esposa acompanhá-lo no jogão, por meio do site www.ingressoscap.com.br. Foi aí que a dor de cabeça começou.

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“Faço parte de um grupo de WhatsApp de torcedores e alguns começaram a reclamar de uma suposta clonagem. Fiquei atento e, depois de uma compra de R$ 7,00 no Mercado Pago, tentaram fazer outra de R$ 582,00 na Sky. Na mesma hora liguei para o banco pra cancelar o cartão”, disse. No grupo, ele afirmou que pelo menos 15 pessoas relataram ter tido o mesmo problema e um torcedor relatou ter sido lesado em R$ 3 mil. “No meu caso, será feito o ressarcimento, mas vou passar o Natal sem cartão de crédito”.

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Outro torcedor, que preferiu não se identificar, diz que não sabe o momento em que a fraude ocorreu, pois é sócio há muito tempo e sempre compra produtos do Furacão. “Dentro dos grupos do Athletico, surgiu a informação das clonagens. Durante a semana fui acompanhando pra ver se aparecia algo diferente. Até ontem (quarta-feira) não tinha nada. Pensei que era uma meia dúzia de pessoas. Até que aconteceu comigo”, afirmou. No seu caso, a operadora de cartão registrou um débito de R$ 49,00, também do Mercado Pago. “Depois, tiveram mais seis tentativas de compras. Em uma delas, tentaram até comprar um computador”. Agora, ele está solicitando o ressarcimento do valor debitado.

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O coordenador de planejamento Thiago Javorouski acredita que a clonagem de seu cartão de crédito tenha sido feita no momento da compra de um produto na loja do Rubro-Negro, e não na aquisição do ingresso. “No dia do jogo comprei uma lembrancinha pra minha mulher e estava tudo tranquilo, até eu ficar sabendo por um grupo de torcedores que alguns tinham tido o cartão clonado. Fiquei de olho na fatura e hoje (nesta quinta-feira) houve uma compra de R$ 7,00 do Mercado Pago”, disse. Como já estava sabendo de situação semelhante de outros torcedores, prontamente avisou a operadora do cartão e fez o cancelamento para evitar novas compras fraudulentas.

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O Athletico, por meio da assessoria de imprensa, afirmou que está ciente da situação e que os dados de pagamento não ficam com o clube, mas sim com a Gateway, que cuida dos pagamentos. Ainda de acordo com a assessoria, o clube já pediu para que a Gateway faça uma análise do que pode ter acontecido.

A reportagem buscou contato com a Gateway, mas não conseguiu localizar a empresa citada pelo Furacão.

Treta

Independentemente que seja uma empresa contratada pelo Furacão que tenha cometido o suposto vazamento de dados, o clube pode ter que responder pela situação. É o que garante o advogado de Direito Digital e Segurança da Informação, Guilherme Guimarães.

“Esta situação está prevista no Marco Civil da Internet, que confere à empresa a responsabilidade pelo sigilo de dados dos usuários”, explicou. Além disso, ele reforça que com a sanção da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) pelo presidente Michel Temer, as empresas que permitirem vazamento de dados podem ter de pagar multa de até R$ 50 milhões. Ainda segundo o advogado, mesmo que a lei ainda não esteja em vigência, algumas multas já vêm sendo aplicadas.

Além da punição ao vazamento de dados à empresa, Guimarães lembra que as pessoas lesadas podem entrar com processo de ação indenizatória e danos morais, mesmo porque muitos torcedores podem ter sido prejudicados por ficar sem cartão de crédito às vésperas do Natal e das férias. Mais do que isso, ele lembra que a situação pontual pode ter desdobramentos incômodos.

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“Certamente, essa base de dados que vazou já está rodando o mundo com nomes, CPFs e outros dados que podem ser usados por criminosos, que podem emitir documentos falsos, abrir conta em bancos…”, explicou.

Por isso, o primeiro passo é abrir um Boletim de Ocorrência para registrar a situação. O delegado Demetrius Gonzaga de Oliveira reforça essa orientação e solicita que os torcedores compareçam ao Núcleo de Combate aos Crimes Cibernéticos para registrar a clonagem.

“Esta situação constitui quebra do sigilo e da confiança do cliente. O ideal é que todos façam o B.O. para que o caso possa ser investigado, pois só assim é possível saber o que aconteceu e tomar as medidas cabíveis. Se causou prejuízo, tem que ser apurado. O criminoso continua lá fora e encontrará outros meios de agir. É preciso coibir as ações e garantir a segurança dos dados. Amanhã ou depois surge um comprometimento e com o boletim, a pessoa consegue comprovar que houve vulnerabilidade dos dados. Não tem que fechar a porta e deixar o ladrão fora”, finalizou.

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