Arena da Baixada para Copa de 2014

Uma reviravolta aos 40 do 2.º tempo conduziu a Kyocera Arena ao posto de candidata oficial do Paraná à Copa de 2014. A cúpula do governo estadual e lideranças do PMDB, reunidas em almoço, ontem, no Palácio Iguaçu, descartaram o Pinheirão e indicaram o estádio do Atlético, o Joaquim Américo que agora concorre com outras 18 praças pelas 12 vagas no Mundial.

Até então, o estádio da Federação Paranaense de Futebol era o favorito e chegou a ser pré-indicado pelo governo. A idéia era construir nova estrutura no Tarumã, adequada ao caderno de encargos (pauta de exigências) da Fifa. Coritiba e Paraná Clube entraram na onda como possíveis parceiros.

Desde então, um forte lobby atleticano entrou em ação e costurou forças políticas para reverter a tendência. Mas o peso maior caiu sobre a folha corrida do responsável pelo projeto do ?novo Pinheirão?. O presidente da entidade, Onaireves Moura, foi preso duas vezes por sonegação fiscal, responde a vários processos judiciais, tem dívidas astronômicas com a Prefeitura e a Previdência Social e será julgado amanhã pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva -STJD – por infrações como corrupção, concussão e falsificação de documento. Além disso, não apresentou em tempo hábil o financiador que bancaria a obra, orçada por ele mesmo em R$ 600 milhões.

O governo achou temerário entregar a Moura a organização de um projeto dessa magnitude. Além disso, o Estado teria que servir como uma espécie de fiador da obra e possivelmente empregar recursos públicos para concluí-la.

Embora a versão oficial aponte que a decisão foi de consenso, duas vozes votaram em favor do projeto capitaneado por Moura: o presidente de Paraná Esporte, Ricardo Gomyde, e o secretário estadual de Educação, Maurício Requião. Os demais membros da comissão instituída pelo governador Roberto Requião apoiaram a causa rubro-negra: o governador em exercício Orlando Pessuti, os secretários Celso Caron (Turismo), Júlio de Araújo (Obras Públicas) e Rafael Iatauro (Casa Civil), o presidente da Assembléia Legislativa, Nelson Justus, o líder do governo na Casa, Luiz Claudio Romanelli, e o presidente do PMDB do Paraná, Renato Adur.

Pessuti ligou em seguida para o governador, que de Paris autorizou a oficialização da Arena, e para o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que não mostrou objeção à candidatura da Arena e mostrou-se aliviado com o descarte do Pinheirão.

O projeto recebeu também o aval do prefeito de Curitiba, Beto Richa, e do líder da bancada governista na Câmara Municipal, vereador Mário Celso Cunha, que mostrou ao governo a complicada situação jurídica da área Pinheirão em relação ao município. ?A adequação da Kyocera Arena é um projeto viável, possível, e que não envolve a necessidade de investimento público?, afirmou Pessuti à agência de notícias do governo do Estado.

A candidatura da Arena deverá ser entregue até amanhã à CBF, juntamente com o questionário com as informações sobre a infra-estrutura e condições de Curitiba como cidade-sede.

O secretário de Turismo foi incumbido de preencher os quesitos técnicos e buscar apoio político para que a Copa venha ao Paraná. ?Vamos cuidar do que é obrigação do poder público, como segurança pública e infra-estrutura, para que o Estado seja uma das subsedes da Copa?, disse Pessuti. A CBF define até 31 de julho os 12 locais indicados a abrigar o Mundial.

Mourão descartado, Onaireves elogia Arena

Onaireves Moura fez o que pôde para levar a Copa do Mundo de 2014 ao Pinheirão. Enviou representantes a Portugal, soltou denúncias contra dirigentes do Atlético, contratou empreiteira, empresa para captar recursos e escritório de arquitetura para confecção do projeto do estádio. Acabou com o rabo entre as pernas e agora diz que irá apoiar a Kyocera Arena.

No site da FPF, uma nota oficial destaca que a indicação da Arena foi recebida com ?tranqüilidade?. Moura afirmou que ?fará de tudo? para que o estádio do Atlético seja indicado pela CBF, pois ?preserva acima de tudo o interesse do Estado?.

Curiosamente, um texto assinado pelo engenheiro da FPF, Cirus Itiberê da Cunha, apontava nove itens da Arena supostamente contrários ao caderno de encargos da Fifa, como localização central, existência de pontos cegos na arquibancada, vagas insuficientes no estacionamento, bancos de reservas muito próximos ao campo e nome cedido a uma empresa.

Moura, que havia programado para hoje a apresentação do projeto do Novo Pinheirão, garante que ainda há um investidor interessado em erguer o novo estádio. Mas tudo dependeria do improvável desejo do Coritiba em tocar o projeto. Sem a Copa, o presidente da FPF cogita demolir o estádio e transformar a área num complexo comercial.

Moura pediu afastamento da FPF na última sexta-feira, mas continua no cargo até hoje, quando acontece o arbitral do Campeonato Paranaense de 2008. O vice-presidente indicado por ele para ocupar o cargo, Jorge Dib Sobrinho, teria se recusado a assumi-lo devido a impedimentos particulares. Amanhã, Moura irá ao Rio de Janeiro para defender-se dos processos em que foi denunciado por diversas infrações ao Código Brasileiro de Justiça Desportiva. O cartola corre risco de ser suspenso por mais de 10 anos.

Atlético já tem o projeto da conclusão

Clewerson Bregenski

A primeira fase para a Arena, o Joaquim Américo, se transformar em um dos palcos para a disputa de jogos da Copa do Mundo de 2014 foi concretizada. O estádio foi indicado pelo governo do Paraná como o local que representará o Estado na disputa com outras unidades da Federação para ser uma das subsedes do maior evento do futebol mundial. Agora cabe ao Atlético definir o projeto para a conclusão da Arena, e colocá-lo em prática.

De acordo com o presidente do Conselho Gestor do Atlético, João Augusto Fleury da Rocha, o Atlético recebeu ?com imensa satisfação a indicação da Arena? e disse que é o ?reconhecimento de um trabalho que vem sendo planejado e executado pela diretoria há mais de 10 anos?. ?É um orgulho poder contribuir com a sociedade paranaense e proporcionar que Curitiba possa ser uma das sedes (da Copa). É um evento que interessa a todos, independe de torcida?, afirmou o presidente.

Segundo Fleury, o clube já havia feito um cronograma para a conclusão da Arena, porém, com a indicação, há necessidade de acelerar esse processo. ?Nos próximos dias o projeto deverá ser apresentado à opinião publica?, afirmou.

Conclusão – Entidades governamentais já tiveram acesso ao projeto de conclusão do estádio atleticano, pois era necessário mostrar que a Arena poderia se adequar ao caderno de encargos da Fifa e que as obras poderiam ser viabilizadas. Fleury relatou que o Atlético já dispõe de meios financeiros para a realização das obras necessárias para finalizar a praça esportiva .

?O projeto arquitetônico e de engenharia já está pronto. Estamos na fase do projeto financeiro, cotando custos e recursos que serão investidos?, explicou. O presidente atleticano fez questão de ressaltar que a Arena será terminada com recursos próprios, sem investimento de verbas públicas.

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