Não foi a semana perfeita para Tcheco. Se ele pode se considerar um sujeito ?de sorte? por ter recebido uma tentadora proposta do futebol do exterior, ao mesmo tempo ele enfrenta um dilema: como conciliar sonho e realidade, como encontrar uma forma fácil de resolver um problema que afeta toda a sua vida?
Quando ele pensava que as dúvidas cessariam, o Al-Ittihad, da Arábia Saudita, veio com nova proposta. Tcheco recusara a primeira oferta, feita na segunda, pensando em seu futuro e na possibilidade de defender a seleção brasileira. Mas ontem ele confirmou a existência de nova proposta dos árabes, com novos valores: ele receberia no acerto R$ 1,4 milhão, e oitocentos mil dólares por dois anos de contrato. “São valores bem altos”, confessa o meia alviverde.
Para alguns, a história seria de resolução simples – com tanto dinheiro (para os padrões normais) envolvido, Tcheco deveria aceitar a oferta e seguir para a Arábia Saudita. Mas não é assim. O jogador demonstrou em todos os dias desta semana uma extrema dificuldade em levar a vida no meio de um turbilhão. “Eu fico pensando nisso, e realmente não tive uma semana boa”, diz.
Mesmo sabendo que é uma decisão estritamente pessoal, Tcheco busca apoio em todos os próximos. Ele conversou muito com familiares, companheiros de equipe e até mesmo com quem vive o dia-a-dia do Coritiba. “É difícil conciliar essas coisas. Eu tenho um sonho e não quero fugir dele, mas tenho que ver a realidade. Isso não é fácil, e me atrapalhou bastante nesses dias”, afirma o jogador.
Tcheco, na verdade, gostaria de ter algo palpável, que o comprometesse de vez com o Coritiba – ou, quem sabe, com a seleção brasileira. Do alviverde, ele tem a promessa de melhorias financeiras graduais e, com a concretização da venda de Liédson para o Corinthians, a possibilidade da compra de metade de seus direitos federativos. “Nós estamos buscando todos os nossos recursos para dar fim a essa história. Se ele nos der tempo, vamos conseguir”, garante o secretário coxa Domingos Moro.
E o Coritiba, indiretamente, ganhou esse tempo com o jogo de amanhã, às 18h, contra o Atlético-MG. “Nada vai se resolver agora. Muita coisa vai acontecer na semana que vem”, diz Tcheco. “Quero conversar com ele no final de semana, nesse tempo de parada, e sabendo da honestidade dele, tenho confiança que o Tcheco vai ficar no Coritiba”, acredita Domingos Moro.
Para o meio-campista, o desfecho da história está perto, e ao mesmo tempo longe. “Queria que isso terminasse de uma vez”, resume Tcheco, que nas entrelinhas sempre deixa transparecer a vontade de ficar. Resta saber se o sonho continuará resistindo a tamanho choque de realidade.