Adap vence nos pênaltis e chega à primeira final

Os garotos fizeram a parte deles, mas logo os experientes Índio e Jackson erraram os pênaltis e o Coritiba está eliminado do Campeonato Paranaense. Em uma partida movimentada, a Adap venceu ontem, no Roberto Brzezinski, por 3×2 e levou a decisão para as penalidades. E, em casa, o time de Campo Mourão marcou 4×2 e entrou para a história, chegando pela primeira vez em uma final de campeonato paranaense.

Campo Mourão vivia uma tarde de festa. Fora decretado ponto facultativo na cidade, e o Roberto Brzezinski estava lotado. Contra os quase cinco mil torcedores da Adap, estavam trezentos coxas, que viram sua equipe com duas novidades: Vágner na vaga de Márcio Egídio e Anderson Gomes ao lado de Eanes no ataque. Do lado dos donos da casa, Gilberto Pereira montou uma equipe muito ofensiva, no esquema 3-4-3.

E a força da Adap foi notada desde o início da partida. Com três zagueiros, a defesa do Cori ficou no ?mano a mano? e sucumbiu. Logo a oito minutos, um cruzamento da direita surpreendeu a zaga alviverde. Índio tentou tirar e acertou Dezinho, que acabou com os louros do primeiro gol dos mandantes. O Cori buscava o acerto tático, mas a péssima tarde dos alas atrapalhava – principalmente na direita, onde Wilton Goiano foi totalmente envolvido por Batista e Ivan.

E foi em outra bobeada coxa que surgiu o segundo gol da Adap. Ivan surgiu livre e tocou na saída de Artur, que nada pôde fazer. Só aí o Coritiba acordou no jogo, pressionando os donos da casa e chegando ao gol de Índio, que saiu depois de uma confusão na área aos 32?. Mas foi pouco o tempo de alívio alviverde (que levaria, àquele momento, a decisão para os pênaltis), pois quatro minutos mais tarde Henrique errou e Warlley recebeu o passe de Ivan para ampliar a vantagem dos mandantes.

Estevam Soares deixou o campo irritado ao final do primeiro tempo e mandou o Coxa de volta ao campo com Peruíbe no lugar de Vágner e Vinícius na vaga de Guaru. Do 3-5-2, o Coritiba passou ao 4-3-3. A resposta foi rápida e positiva – aos 3?, Jackson cobrou falta e Anderson Gomes desviou para diminuir o placar e levar de novo o jogo para as penalidades.

Mas a tática do treinador sofreu dois abalos. Quatro minutos depois do gol, Vinícius saiu com problemas no joelho. E aos 20 Peruíbe foi expulso.

O Coritiba ficou vulnerável e recuou para segurar o ímpeto da Adap, pois Gilberto Pereira seguia reforçando seu ataque (primeiro com Barbieri, depois com Serginho). Na reta final do jogo, os donos da casa sentiam o cansaço do tenso confronto, enquanto os alviverdes sofriam com a exigência da partida. Antes do apito final, Anderson Gomes e Eanes tombaram com cãibras.

Com o 3×2 confirmado, a decisão foi para os pênaltis. E logo os veteranos Índio e Jackson falharam nas cobranças. Por mais que Anderson Gomes e Guilherme marcassem, a Adap converteu com Batista, Leandro, Ivan e Ângelo, autor do gol que levou o time de Campo Mourão à decisão do Paranaense.

Povo feliz. Time quer mais

Campo Mourão – Uma cidade feliz por completo.

O torcedor de Campo Mourão comemorou ontem um dia histórico. Ao bater o Coritiba nos pênaltis, a Adap colocou pela primeira vez a cidade em uma final de Campeonato Paranaense. Alegria geral entre as mais de 5 mil pessoas que aproveitaram o ponto facultativo e bateram o recorde de público do Estádio Roberto Brzezinski.

Desde o começo da tarde, o clima era de euforia entre a população. ?Nunca a cidade esteve tão mobilizada para um jogo. Já acompanhei a Morãoense, o Sport, mas nenhum deles conseguiu fazer o mesmo que a Adap. Vamos ganhar de 3 a 1?, dizia Nivaldo Henrique, de 52 anos.

Mas o maior feito do clube com a campanha deste ano foi conquistar a nova geração. ?Sou Adap de coração. Não tenho outro time. Vamos dar uma surra no Coxa, como fizemos com o Atlético, e vamos ser campeões?, apostava Rodrigo Fernandes, 16 anos, antes do jogo.

A confiança podia ser medida por uma faixa estendida nas arquibancadas. ?Rumo a Tóquio?, exageravam os torcedores, já imaginando o time da casa disputando o Mundial de Clubes.

Em campo, a equipe sentiu a energia transmitida pela galera e pressionou o Coritiba desde o início do jogo. Os dois gols já nos primeiros 20 minutos deixou o clima ainda mais propício para a Adap. Mas o Coxa reagiu e mesmo com um jogador a menos conseguiu levar a decisão para os pênaltis.

Quando Angelo venceu Arthur, convertendo a quinta cobrança da Adap, a comemoração foi como a de um título. ?É uma vitória maravilhosa, de todo o grupo e de toda a cidade. A gente sabia que tinha condições de vencer, como aconteceu?, festejava o autor do gol que deu a classificação à Adap.

Apesar de também participar da comemoração no centro do gramado, o técnico Gilberto Pereira já se mostrava preocupado com a euforia. ?Nós fizemos por merecer. Não foi por acaso que nós chegamos à final. Estamos preparados para ser campeões. Não podemos deixar essa empolgação atrapalhar. Temos a condição de ser um campeão legítimo, de vencer todos os grandes?, garantiu o treinador.

Mesmo sem ainda saber quem será o rival na decisão do título, os jogadores já tinham uma aposta, e até mesmo uma preferência. ?Queremos pôr essa cidade lá em cima no cenário nacional. Não escolhemos adversário, mas se o Paraná vier está de bom tamanho?, diz o meia Gildázio.

Já o meio-campista Elvis preferiu ser mais direto. Questionado se o Paraná era o adversário favorito pelos atletas, ele não teve dúvidas.

?É sim, porque a responsabilidade sempre é da equipe de maior nome?, revelou.

Torcida sem ?fairplay?

Se do lado da Adap a festa era total, no pequeno espaço ocupado pela torcida coxa-branca o clima era de decepção e revolta. Antes do jogo, a galera alviverde parecia animada. Mas a alegria dos cerca de 300 alviverdes durou pouco. Logo a Adap abriu a vantagem que precisava para ficar com a vaga, esfriando os torcedores do Cori. O Coxa ainda reagiu, levando a decisão para os pênaltis, mas a pontaria dos jogadores acabou com a última esperança dos coritibanos.

Terminada a decisão, ninguém estava disposto a falar sobre a eliminação. As únicas palavras eram as ofensas contra o presidente Giovani Gionédis. Sobrou até para a reportagem da Tribuna, que teve pedras arremessadas em sua direção. Mas a frustração era compreensível. Afinal, todos teriam que enfrentar de cabeça quente os mais de 456 km da viagem de volta.

Estevam Soares culpa árbitro pela derrota

Do lado do Coritiba, sobraram lamentações. ?Eu acho que em penalidade não tem como ter tranqüilidade.

O pênalti é loteria e quem bateu foi quem teve o melhor aproveitamento nos treinos?, disse o zagueiro Índio, que desperdiçou a primeira cobrança da equipe alviverde.

Já o técnico Estevam Soares preferiu colocar a culpa na arbitragem. ?Foi o mesmo juiz que anulou três gols do Atlético na Baixada. Eles bateram o jogo inteiro e não receberam cartão. Ele veio pra isso, pra acomodar, e conseguiu pôr a Adap na final?, esbravejou o treinador, reclamando também em uma falta em Arthur no lance do segundo gol da Adap.

Segundo Estevam, a desclassificação vai atrapalhar a preparação do Coxa para a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro. ?Vamos ter que modificar toda a programação, porque a nossa esperança era de se classificar para essa final. Vamos levantar a cabeça e nos preparar?, reagiu o comandante coxa-branca.

Depois do jogo ainda sobrou tempo para o anuncio de reforços. O presidente Giovani Gionédis confirmou a contratação do meia Caíco. Ele deve chegar a Curitiba ainda esta semana.

CAMPEONATO PARANAENSE
Semifinal – jogo de volta
Súmula
Local: Roberto Brzezinski (Campo Mourão)
Árbitro: Antonio Denival de Moraes
Assistentes: José Hamilton Pontarolo e José Carlos Dias Passos
Gols: Dezinho 8, Ivan 21, Índio 32 e Warlley 36 do 1º; Anderson Gomes 3 do 2º
Cartões amarelos: Barbieri, Leandro, Lino (ADAP); Peruíbe (CFC)
Cartões vermelhos: Peruíbe
Renda: R$ 34.099,50
Público: 5.284 (4.898 pagantes)
Pênaltis: Adap 4×2 (Para a Adap, marcaram Batista, Leandro, Ivan e Ângelo e errou Gildásio; para o Coritiba, marcaram Anderson Gomes e Guilherme e erraram Índio e Jackson)

ADAP 3×2 CORITIBA

Adap
Fábio; Dezinho, Lino e Leandro; Ângelo, Batista, Fernandinho (Barbieri, depois Fernando Canhoto), Gildásio e Ivan; Warlley (Serginho) e Marcelo Peabiru. Técnico: Gilberto Pereira

Coritiba
Artur; Wilton Goiano, Henrique, Índio e Fabinho; Vágner (Peruíbe), Rodrigo Mancha, Jackson e Guaru (Vinícius, depois Guilherme); Eanes e Anderson Gomes. Técnico: Estevam Soares

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