Ações contra pirataria em produtos esportivos

Nos ?varais? ao redor do estádio ou na confecção da esquina, compra-se camisas de clubes de futebol por R$ 15 ou R$ 20 – mas de qualidade no mínimo duvidosa. Nas lojas oficiais ou nas ?megastores?, adquire-se produtos de primeira linha, mas que valem salgados R$ 100 (ou mais). E o torcedor que quer vestir suas cores com um bom material e sem desembolsar os olhos da cara fica a ver navios. Os clubes prometem, mas ainda não lançaram no mercado produtos alternativos, numa faixa de preço que flutue entre a pirataria e a linha oficial.

A Nike e a CBF saíram na frente ao lançar uma camisa comemorativa desenvolvida especialmente para o jogo entre Brasil e Paraguai, no dia 5 de junho, em Porto Alegre. Embora de gosto discutível, o produto estará nas lojas a um preço bem mais acessível: R$ 39. ?Queremos proteger o consumidor dos artigos falsificados, oferecendo produtos oficiais mais baratos no estádio?, explica Fábio Espejo, diretor financeiro da Nike do Brasil. A empresa criou produtos parecidos para os jogos contra Bolívia, Colômbia e Peru.

Os clubes paranaenses da Série A, com exceção do Atlético, dizem que a iniciativa da Nike pode inspirar a criação de produtos semelhantes. O Coritiba, por exemplo, procura uma parceira para confeccionar uma segunda linha de produtos. ?A Penalty tem direito de escolha, mas desde que aceite nossas condições. Pagar R$ 100 por uma camisa é um absurdo?, falou Rildo Tristão de Silva, que já passou por Flamengo e Atlético-PR e assumiu a direção de marketing do Coxa há três meses.

Rildo sugere uma camisa que custe entre R$ 40 e R$ 50, com um tecido de menor qualidade, estampas em vez de bordados e outros detalhes para reduzir o custo de fabricação. ?Um pai de três filhos, por exemplo, hoje gastaria R$ 300,00 para presentear todos. Há mercado para este torcedor que deseja qualidade a um preço menor?, afirma.

O Paraná Clube também aprova a idéia, mas reclama da ?falta de interesse? dos grandes fabricantes. ?As empresas só se aliam aos clubes para ter mais espaço na mídia. Não ligam muito para os produtos?, diz o gerente social e de marketing Luiz Carlos Casagrande, o ?Casinha?. O clube já percorreu feiras da cidade, propondo a pequenos artesãos que licenciem seus produtos para melhorar a qualidade – o que também aumentaria o preço. Não deu certo?. E não podemos sair caçando um por um, com um oficial de justiça a tiracolo. Além de tirar o ganha-pão de uma família, no dia seguinte o fabricante volta a agir?, falou o diretor, que negocia uma linha alternativa com a Rhumell.

O Rubro-Negro mostra-se desiludido com a idéia. ?Todas as empresas tentaram lançar réplicas mais baratas. Não funciona?, diz o diretor de marketing Mauro Holzmann. Mesmo reduzindo a qualidade, e conseqüentemente o preço, o produto não compete com o artigo pirata, segundo o dirigente. ?A carga tributária no País é muito grande. A camisa alternativa sairia a R$ 80, o que não muda muito?, afirma.

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