Curitiba

Vale pra todos?

Escrito por Maria Luiza Piccoli

Clientes de bancos de Curitiba reclamam do uso de aparelhos celulares, por parte dos funcionários, no interior das agências.

Começo de mês, época de pagar conta e a fila no caixa do banco só não desanima mais do que os boletos a quitar. Na parede, o aviso é claro e bem visível: “proibida a utilização de telefone celular no interior deste estabelecimento, ficando o infrator sujeito a ocorrência policial”. De olho em quem espera pelo atendimento no caixa, o segurança chama a atenção dos entediados que, vez ou outra, puxam os aparelhos do bolso. Não pode “face”, nem Instagram. Não pode Candy crush e muito menos Whatsapp. Assim é desde 2010, quando entrou em vigor a lei municipal 13.518 (posterior 14.644/2015) que proibiu a utilização dos dispositivos no interior das agências bancárias de Curitiba. Mas será que a regra tem, de fato, sido respeitada por todos.

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Se essa pergunta tivesse sido feita para Dayane Covaleski, 31, na última vez que ela esteve no banco, há algumas semanas, a resposta teria sido não. Na ocasião, a tele-atendente, que descontava um cheque numa agência do Banco do Brasil no bairro Santa Felicidade, em Curitiba ficou perplexa diante do comportamento do funcionário do caixa que com uma mão contava as cédulas e, com a outra, trocava mensagens pelo celular. “Fiquei indignada porque não era só o rapaz que me atendia. Ao lado dele, a outra funcionária também estava mexendo no Whatsapp e o atendente do outro lado também. Todos colados no celular”, relatou.

Aborrecida, Dayane procurou a gerência. “Disseram que os funcionários eram de uma empresa terceirizada e que iriam averiguar. Mas depois, conversando com um dos seguranças do banco, ele me disse que essa prática é bem comum por ali e muita gente já reclamou mas, até agora, nada foi feito”. A indignação tem motivo. Segundo Dayane, o local já foi palco de um homicídio, resultado da famosa e, infelizmente comum, “saidinha de banco”. “Um rapaz foi assassinado por bandidos na porta desse banco não faz muito tempo. Como me sentir segura se vejo os atendentes do caixa mexendo o tempo inteiro no celular? Quem me garante que são confiáveis?”, questiona.

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De fato, vale o questionamento. Segundo publicação recente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região (SindVigilantes), somente em 2018, o Paraná registrou 99 ataques a bancos realizados por quadrilhas especializadas nesse tipo de crime. O Estado, segundo a entidade, ocupa a quinta posição do ranking nacional entre as unidades da federação nas quais essas ocorrências mais acontecem. À nossa frente, os estados campeões de ataques a bancos neste ano  foram São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba. Ao todo, somente no primeiro semestre de 2018, o Brasil contabilizou 1.276 ocorrências do tipo, das quais 38 resultaram em mortes: número quatro vezes maior quando comparado ao mesmo período  do ano passado.

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A Tribuna procurou os cinco maiores bancos do país para entender como, na prática, as agências têm orientado seus funcionários a respeito do uso de aparelhos celulares em serviço, mas apenas duas atenderam à reportagem. Em nota, o Santander informou que os colaboradores são instruídos a não utilizarem o celular durante o atendimento ao público. De acordo com o banco, “esta orientação visa  não só atender a legislação que proíbe o uso dos   equipamentos dentro das agências como também não comprometer a qualidade do atendimento ao cliente”.

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O Banco do Brasil também se manifestou, inclusive posicionando-se em relação às reclamações registradas na agência de Santa Felicidade, onde Dayane flagrou os atendentes usando o celular. Em nota, o banco afirmou que “o atendimento relatado não condiz com as diretrizes da instituição para o atendimento aos clientes” e reiterou que “oferece, constantemente, treinamentos e informações aos funcionários, reforçando as posturas adequadas ao atendimento de excelência”. Em relação ao caso específico, O Banco do Brasil informou que “já  está realizando apuração interna para ter mais informações sobre o ocorrido e tomar  providências” e que os funcionários contratados não são terceirizados.

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